Capítulo 08 - Buraco Azul

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Acordo com o som do despertador, esfrego os olhos lentamente e sorrio ao lembrar da noite passada. Me levanto e faço minhas higienes matinais, visto um short e uma blusa xadrez, descendo as escadas em seguida. Deixei um beijo na bochecha da minha mãe e, como ainda estava com tempo, me sentei para tomar café.

- Você tá feliz hoje! - minha mãe sorriu - viu um passarinho verde, é?
- Nada demais! - dei de ombros.

- Sei...

Ela se levantou e começou a lavar a louça, mas olhou para a janela e franziu a testa.

- Tem um carro parado aí na frente - disse e franzi a testa.

- Carro? - caminhei até ela, olhando pela janela e vendo o carro de Billy em frente a casa, sorri.

- Eu tenho que ir! - sorri deixando um beijo na testa dela, que parecia não entender nada.

Fechei a porta e caminhei até o carro, entrando em seguida.

- E aí, Markey? - Billy disse sorrindo.

- O que você tá fazendo aqui? - perguntei.

- Bom, como eu praticamente te sequestrei ontem, você acabou deixando a sua bicicleta lá no clube e achei que iria precisar de carona hoje!

Ri e balancei a cabeça. Tinha até esquecido da bicicleta. Ele deu partida no carro e fomos em direção ao trabalho, mas ele desviou e continuou dirigindo à caminho da entrada da cidade.

- O que você tá fazendo?! - olhei para trás - o chefe vai matar a gente!

- Eu liguei pra ele e falei que ainda estava com dores de cabeça e que você ia cuidar de mim porque meus pais estão viajando!

- O que?! Não! - esbravejei - a gente precisa voltar, não podemos simplesmente sumir sem dar satisfação!

- Relaxa Markey! Apenas curta o momento, viva um pouco! - tirou os olhos da estrada e olhou para mim - garanto que não vai se arrepender.

- Pra onde nós vamos? - perguntei me convencendo a participar dessa loucura.

- Para o lugar mais lindo de Indiana

¤¤¤

Billy Hargrove

Depois de duas horas, chegamos em Prairieton, no Buraco Azul, um lago de mais de um hectare que fica numa propriedade privada.
O ar está tão quente que nem precisamos de casacos, só suéteres, e depois do inverno que passamos parece quase tropical. Estendo a mão e a ajudo a subir a ribanceira e descer até uma piscina redonda e ampla de água azul, rodeada por árvores. É tão particular e silencioso que finjo que somos as duas únicas pessoas no mundo, o que queria que fosse verdade.

- Tudo bem - ela diz, suspirando como se estivesse segurando o ar por muito tempo - que lugar é esse?!

- É o Buraco Azul. Dizem que não tem fundo, ou que o fundo é de areia movediça. Dizem que existe uma força no meio do lago que nos puxa pra baixo, pra dentro de um rio subterrâneo que corre direto pra Wabash. Dizem que leva pra outro mundo. Que é um esconderijo onde os piratas enterram tesouros e onde os contrabandistas de Chicago despejam corpos e carros roubados. Que nos anos 50 um grupo de adolescentes veio nadar aqui e desapareceu. Em 1969, dois assistentes do delegado iniciaram uma expedição para explorar a área, mas não encontraram carros nem tesouros nem corpos. Também não encontraram o fundo. O que encontraram foi um redemoinho que quase os engoliu.

Tirei a blusa e me sentei, tirando os sapatos, estava quente e hoje, eu quero nadar. Olivia me olhava intrigada, a olhei e vi um sorriso brotar em seus lábios rosados. Hoje, ela estava mais linda do que nos outros dias, se é que isso é possível.

- Buracos azuis sem fundo existem no mundo inteiro, e todos têm lendas relacionadas.
Foram formados como cavernas, há milhares de anos, durante a última era do gelo. São como buracos negros na terra, lugares de onde nada escapa e onde o tempo e o espaço terminam.
Não é absolutamente incrível termos o nosso?

Ela olha pra trás em direção à casa e ao carro e à estrada, então sorri pra mim.

- É incrível.

Tira os sapatos e a blusa e a calça e, em segundos, está parada ali só de sutiã e calcinha, que são de um rosa meio pálido mas as coisas mais atraentes que já vi. Sua pele era bronzeada e seu corpo, absolutamente incrível aos meus olhos.
Fico absolutamente sem palavras e ela começa a rir.

- Bom, vamos lá. Sei que você não é tímido, então tira a calça e vamos nessa. Imagino que você queira ver se o que dizem é verdade. - Me dá um branco total e ela joga o quadril pro lado e coloca uma das mãos na cintura. - Sobre não ter fundo?

- Ah, sim. Certo. Claro. - Tiro a calça e fico de cueca e pego a mão dela. Andamos até a pedra que circunda parte do Buraco Azul e subimos. - Do que você mais tem medo? - pergunto antes de pularmos. Já sinto minha pele queimar com o sol.

- De morrer. De perder minha mãe. De ficar aqui pro resto da vida. De nunca saber o que deveria fazer. De ser comum. De perder todos que amo. - Me pergunto se faço parte deste grupo. Ela pula nas pontas dos pés, como se estivesse com frio. Tento não ficar olhando pro seu peito enquanto isso porque, acima de tudo hoje, Billy Hargrove não vai dar uma de tarado.

- E você? - ela pergunta. - Do que você mais tem medo?

Penso: Tenho mais medo do Só tenha cuidado. Tenho mais medo da queda longa. Tenho mais medo do Apagão e da morte iminente, mas leve. Tenho mais medo de mim.

- De nada - respondo por fim.

Pulamos juntos, dando gritos e jogando água um no outro. Proponho que vejamos se tem fundo e ela aceita, nadamos até onde dá e submergimos rápido quando ficamos sem ar. Depois de um tempo, saímos da água e sentamos na pedra.

A observo atentamente enquanto ela olha para as árvores.

- Qual é a das cicatrizes? - pergunto a vendo ficar tensa.

- Quando tinha uns 14 anos, sofri um acidente de carro com meu pai - começou a falar - ele morreu na hora, mas eu sobrevivi, mesmo sem motivo algum!

- Eu sinto muito - disse sincero.

- Tudo bem - suspirou - já faz tanto tempo que a dor acabou diminuindo um pouco, acho que ela nunca vai ir embora completamente.

- Eu sei como é - falei mais para mim do que para ela.

Olivia me olhou, como se quisesse saber o que se passava em minha mente. Eu queria contar, mas tinha medo de que, ao me revelar, mostrar para ela quem é o verdadeiro Billy, ela fuja.

- Vou procurar o fundo - mudei de assunto e pulei na água.

Nadei mais e mais. Queria saber se, lá em baixo, encontraria a paz que tanto procuro, queria me encontrar.
Meus pulmões já pediam por ar, mas continuei nadando.

♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡

Olá amores!!!
Só passando para avisar que esse capítulo vai ter continuação, eu ia escrever tudo só em um, mas ficou muito longo então...

Não desistam de mim!!! Eu tô amando muito escrever isso pra vcs e quero muito saber a opinião de vcs, então comentem, ok? (Aceito críticas)

Por enquanto é só, bjs e até qualquer hora♡

BROKEN, billy hargroveOnde histórias criam vida. Descubra agora