O conto de fadas do necromante

Capítulo 3

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Lan Wangji acordou em uma cama na tenda de um nobre.

Ele acordou dolorido e fraco. Cada centímetro de suas costas doía como se suas cicatrizes tivessem sido arrancadas, cortadas e abertas, e seladas mais uma vez.  Quando ele respirou, seus pulmões doíam.

Algo havia sido feito com ele. Ele conseguia se lembrar da nota alta da flauta, a sensação da escuridão o dominando, penetrando nele, como frio no osso.

"Ele está acordado!"

Ele ouviu uma enxurrada de vozes. Tentou virar a cabeça. Parecia muito pesado para se mover.

"Príncipe Lan", disse uma voz. "Por favor, não tente se mexer.  Você está gravemente doente. A figura se ajoelhou ao lado dele. Um curandeiro. O curandeiro levou uma concha de algo herbal aos lábios de Lan Wangji. "Por favor", o curandeiro disse urgentemente.  "Você deve beber."

Relutantemente, Lan Wangji engasgou com o líquido, piscando a névoa dos olhos. Rostos vacilaram diante dele. Senhores em roupas pesadas e jóias, coroas presas nos cabelos.  Senhores de Lanling. Um dos homens deu um passo à frente.

E de repente Lan Wangji o reconheceu.

Agora que o homem usava o amarelo de Lanling, agora que usava um chapéu alto e preto na cabeça, Lan Wangji o reconheceu. Aquele homem, andava ao lado do irmão, sob as árvores de Gusu. Aquele homem, sorrindo e curvando-se, sempre tão recatado.

Aquele homem, que havia passado as Guerras da queda do Sol como espião na corte escura de Wen Ruohan.

"Senhor Jin", Lan Wangji começou com voz rouca.

"Shh", Jin Guangyao murmurou. Havia uma escuridão em seus olhos arregalados. Um aviso.  "Não fale, príncipe Lan.  Você não está bem."

"Você..."

"Eu salvei sua vida", disse Jin Guangyao.  "Tirei você do castelo do necromante."  Ele respirou fundo e soltou, um olhar suave e feroz em seu rosto.  "Era perigoso, príncipe Lan, admito.  Mas eu não poderia simplesmente deixar você naquelas mãos.  E meus anos como espião me tornaram bem adequado para a tarefa. "

"Deixe-me ..." Lan Wangji saiu arrastado. Deixe-me ir. Deixe-me voltar para Wei Ying.  Mas ele não podia dizer. Jin Guangyao estava ajoelhado ao lado dele, pressionando a ponta do dedo em sua boca. Para os observadores, aqueles senhores Lanling, deve ter parecido um gesto gentil. Mas Lan Wangji podia sentir a verdadeira pressão disso, a ponta afiada de sua unha.

"Economize sua energia", disse Jin Guangyao.  Não há necessidade de conversar.  Descanse."  Ele levantou a cabeça, olhando para os outros nobres que circulavam pela tenda, que observavam Lan Wangji como se ele fosse uma curiosidade particularmente cara e interessante. "Vou fazer companhia a ele", Jin Guangyao.  "Eu não acho que Jin Zixun apreciaria minha interferência com seus homens. Melhor que eu permaneça aqui."

Um dos homens riu.

"Sem dúvida", ele concordou. "Ah, mas todos estaremos falando de seus atos heróicos quando voltarmos a Lanling, não tenha medo disso."

"Não exijo elogios", disse Jin Guangyao sinceramente.

"Então tente não fazer tantas coisas louváveis", disse outro senhor ironicamente.