Princesa de Gelo: O Legado da Aurora [Vol 1]

Capítulo XXV - Como um riacho

Rosamund Georys foi a última a chegar no salão na manhã do dia seguinte para tomar o café. Ela era a melhor amiga de Griffith, com quem vivia andando junto, mas foi obrigada a ficar com a irmã Maryen e suas amigas, Juliet e Aliv após o incidente. Ouviu-a comunicar a eles assim que se sentou ao lado que a amiga estava descansando e a enfermeira havia dito que ela muito possivelmente não assistiria às aulas das próximas semanas.

Selena, no entanto, mal trocou palavras com os amigos, mas Dalienne deu um fim ao assunto com um 'eu também não sou meu pai' antes de comer a salada de frutas ao se sentar, o que de sobremodo a aliviou. Detestava qualquer tipo de desentendimento e faria o possível para não discutir novamente qualquer coisa que remetesse ao passado de Polus.

Apesar disso, passou as últimas horas do dia anterior lendo o livro e tomou ciência do renomado posto que o pai havia conquistado naquele mundo. Diferente dos demais cavaleiros que são consagrados ao dever com vinte e um anos, aos dezenove foi determinado como um pelo próprio rei e com a idade que deveria ter terminado sua formação, foi consagrado à Guarda Real e segundo suas palavras foi o dia mais incrível já vivenciado até então. A última carta que leu antes de dormir foi sobre uma linda jovem que conheceu no Porto do Vento Polar, capital de Ambre.

"Querida mãe,

Quantas saudades sinto da senhora! Lamento que não possa mandar alguma de volta, mas tenho recebido as notícias da fada, inclusive a que Fábio teve um filho. Artur. Nome de rei! A notícia é que ele é a cópia do meu irmãozão, não é? Estou ansioso para conhecê-lo; eu prometo que retorno, mãe.

Posso lhe informar que se for da vontade de Orion a senhora terá uma nora não tão breve! Eu a conheci durante a visita do Rei Rhoan, o Áugure, a seus filhos aqui em Ambre. Mandei-lhe o mapa, recorda-se? Estou um pouco distante de casa, mas afirmo que Ambre é tão semelhante quanto a Santa Catarina, cheia de campos e muito mais fresca que Polus. Mas voltando ao assunto, ainda não descobri o seu nome, porém o momento em que nossos olhares se encontraram foi algo que jamais experimentei. Eu estava gerenciando a exportação dos malotes vindo da capital opaalense quando a vi do outro lado do cais. Não foi difícil encontrar aquele olhar sonhador, tão azul quanto um cristal! Sua pele era rósea e suas bochechas coravam sob o vento. Estava usando um belo vestido da cor dos olhos, com o cabelo preso debaixo do chapéu, mas reparei numa mecha que havia escapado cujo brilho era da cor da neve. Assim que souber seu nome eu a cortejarei, mãe, e contarei à senhora. Ela com certeza é a mulher que quero para mim!

A senhora deve estar se perguntando sobre o voto de castidade a qual lhe disse de antemão que deveria cumprir ao entrar para Guarda Real, mas estou pensando em voltar atrás. Quero dar-lhe netos e que os conheça.

Com todo o amor,
Do seu filho, André."

Em nenhum momento havia lhe dito que havia sido adotado como constava em sua biografia no livro pelo Lorde Beorren Cavaerley. E um estranho sentimento indicou-lhe que em quase nenhuma das cartas, perguntava sobre o vovô. O que havia acontecido, ela não sabia. Acreditava que papai era tão apegado ao vovô quanto o tio era da vovó, foi ela quem lhe disse. O cansaço, entretanto, abateu-lha ao término da quinta carta, caindo do sono sem nem mesmo perceber.

A próxima aula era a de dança e canto, e aparentemente ninguém estava animado para a aula. Assim que alcançaram a porta de entrada aberta do Salão de Danças, puderam ver os septanistas ensaiando uma apresentação, na qual chegaram bem no fim. Um dos alunos sinalizou a chegada deles fazendo o professor aparecer de forma pomposa na porta e tirando a atenção dos alunos na recente apresentação.