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Já na biblioteca, eu e Sophi escolhemos um sofá meio afastado e nos sentamos. Sophi rapidamente pegou o celular e começou a sua "investigação". Antes de conhecê-la achava que aqueles memes da amiga do FBI era só graça, mas agora me identifico com eles.

-Bem vamos primeiro no face da escola, se ele participou de alguma coisa vai estar aqui.

-Ok.- Digo pouco interessada. Onde é que está meu livro?, penso.

-Ahá! Tem uma foto com ele. 

-Ok.- Não acredito que esqueci em casa.

-Não marcaram ele… mas tem outras pessoas, quem sabe não são amigos no face?

-É pode ser. Vou dar uma olhada nos livros e já volto, tá?

-Tá bom. Tô começando a achar que ele não tem Fecebook, vou procurar no Insta.

-Certo.

Saio de onde estava no pequeno sofá de couro e vou na direção das grandes prateleiras e estantes. Após andar aleatoriamente pelos corredores paro em frente a parte com clássicos da literatura inglesa. Um dia espero conhecê-la minimamente. Mas num primeiro momento resolvo começar por um livro de capa dura vermelha com letras douradas em relevo, Romeu e Julieta.

E volto a andar aleatoriamente pela biblioteca, tenho certeza que quando encontrar Sophi ela já vai ter descoberto tudo no limite do possível sobre o garoto. Viro em alguns corredores entretida com o ambiente até que algo prende minha atenção.

Viro subitamente para a direita e vejo um par de olhos incrivelmente castanhos me observando do outro lado da estante através das frestas entre os livros. Pisco surpresa, mas quando olho novamente não há mais nada. Dou a volta na estante mas não vejo ninguém, nem nos corredores próximos. Me recuso a acreditar que foi coisa da minha cabeça. Que loucura…

Resolvo deixar isso para lá, mas aqueles olhos, não saem da minha memória. Que estranho. Caminho de volta para o sofá de couro um pouco atormentada. Não deve ser nada demais.

-Achei que tinha ido embora sem me avisar!- Exclamou Sophi um tanto brava quando me viu, com uma voz mais fina que o normal por conta de não poder falar alto dentro da biblioteca.

-Eu perdi a noção do tempo, desculpe.

-Tudo bem. Agora senta e olha isso aqui!- Diz já completamente entusiasmada apontando a tela do celular.

Suas descobertas foram um amontoado de informações aleatórias que, para Sophi, formavam um indivíduo perfeito. Afinal ele se chama Guilherme, aparentemente curte um role com amigos, toca violino, mas escuta Hip Hop. Como disse, somente um pequeno amontoado de informações, mas se tratando de Sophi sei que será apenas o início.

Fizemos suposições da, talvez, provavel personalidade dele, sobre a escola e coisas aleatórias também, foi bom. Passar um tempo assim com uma amiga é sempre muito bem vindo.

Saímos da biblioteca cerca de duas horas, logo após eu registrar que tinha pego o livro, como saí nesse horário significa que vou chegar pouco depois da minha mãe em casa. Não nos damos mal, só que já posso ouvir seu sermão sobre sair sem avisar, os riscos que corro, etc, etc. 

Na metade do caminho me despeço de Sophi que segue em direção de sua casa enquanto vou para a minha, nem um pouco ansiosa pelo que me espera. Mas ainda com a lembrança do estranho ocorrido na biblioteca, o que me faz franzir as sobrancelhas. Aqueles olhos. Começo a questionar se realmente foi algo da minha cabeça.

Chego em casa e paro em frente ao portão, respiro fundo e começo a abri-lo, rapidamente vejo minha mãe no corredor com sua cara de desaprovação. Fecho o portão e avanço lentamente na direção da porta de casa.

Normalmente alguémOnde histórias criam vida. Descubra agora