O calor parecia algo bem mais vívido quando tocava na pele de Benjamin. Eles cruzaram a avenida principal com as suas bicicletas e foram seguindo a orla da praia, se afastando da cidade.
Benjamin tentava focar na frente, para não cair ou sair da ciclovia, mas estava feliz demais para se limitar a fazer aquilo. Ele ficou tentando olhar para Germano todo o caminho, sorrindo.
O rapaz também sorria, o tempo todo. Algumas vezes, quando a pista tomava um aspecto regular, os seus olhares se cruzavam e os dois riam, como se aprovassem o beijo do outro mas tivessem vergonha demais para dizer isso em voz alta.
A orla da praia, aos poucos, foi sumindo, e árvores e folhas vinham tomando o seu lugar, escondendo a praia da visão de quem passava por aquele trecho da estrada.
Germano guiou-os por uma curva à direita, por uma estrada que adentrava aquela mata vasta, uma estrada que parecia de trilha. Ao longe, por entre os galhos e as folhas, Benjamin avistava o mar, com dificuldade. Se perguntava porque Germano estava levando ele para um lugar da praia possivelmente deserto, ao invés de ficar nos locais populares da cidade, aonde pessoas se bronzeavam e tomavam banho naquele domingo quente. E então a resposta veio a sua mente.
Ele gostou do beijo, Benjamin pensou, sorrindo.
E Benjamin sabia que o garoto queria repetir aquele ato, como ele também queria. Tentou se esforçar para não inserir aquela lembrança em sua mente, na tentativa de não se excitar novamente.
Os dois pedalavam moderadamente, para não correrem o risco de bater o rosto em algum galho ou cair da bicicleta naquela terra irregular. Aos poucos, a visão da areia e do mar ficava mais próxima.
Depois de uns três minutos pedalando, os dois garotos desembocaram na areia da praia. Aquele local estava completamente deserto, sem sinal algum de vida humana; não havia barracas, nem ambulantes, e a praia não parecia ter outro acesso senão o mar ou a estrada da trilha por onde eles vieram. Algumas garrafas plásticas e sacolas se acumulavam na faixa onde a areia e a mata se encontravam, provavelmente trazido pelas correntes marítimas.
Benjamin desmontou de sua bicicleta. Quando tirou as sandálias de seus pés, o garoto sentiu a areia quente passar pelos seus dedos, o cheiro salgado do mar vindo junto à brisa que açoitava o cabelo do garoto. Já passava do meio-dia no momento em que os garotos chegaram na praia. Benjamin largou a sua bicicleta na areia e foi até a margem, molhar os pés; a água estava muito refrescante.
Quando voltou ao local onde deixou a bicicleta, encontrou Germano lutando contra o vento para conseguir colocar a toalha no chão, para que pudessem sentar.
- Deixa eu te ajudar! - Benjamin disse, agarrando duas pontas da toalha e posicionando a mesma no chão, colocando algumas pedras como peso para que ela não voasse.
Depois de colocar a mochila em cima da toalha, os dois garotos se sentaram, lado a lado.
- Então... uma praia deserta? - Ben perguntou.
Germano olhou para ele, sorrindo.
- Eu comprei essa região quando eu ganhei na loteria.
Benjamin olhou perplexo para ele.
- É brincadeira. - Germano riu e se deitou na toalha - Um amigo que me mostrou esse lugar. Ótimo para acender uma fogueira à noite.
Benjamin olhou para ele e depois voltou a observar o horizonte, aquele oceano vasto. Não tão longe dali, no alto mar, uma lancha estava parada paralelamente a eles. Benjamin estreitou mais os olhos, depois de ver o contorno de duas pessoas em cima do barco. Não conseguia ver muito bem, apenas um homem negro e uma mulher branca.
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Benjamin e Germano
RomanceO amor é apenas um sentimento que une duas pessoas emocional e carnalmente? Ou o amor vai muito além do que a mera inocência (e arrogância) humana consegue compreender? Benjamin é um rapaz que sempre teve tudo nas mãos, seu pai é fundador da rede de...