Capítulo 4

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Belle sentiu um frissonpelo corpo e soube que ele iria beijá-la. Não podia deixar acontecer, mas por que não conseguia se mexer?

A pressão do corpo masculino sobre o seu causava um reboliço dentro dela, a respiração em sua face esquentava sua pele. E quando os olhares se encontraram ela soube que estava perdida.

Então fechou os olhos, numa doce rendição.

Will fitou aquele rosto adorável, a respiração ofegante fazia os seios subirem e descerem. Era mais do que um homem podia aguentar, mas ele não podia sucumbir.

Aquela moça era uma bandoleira, que usava seus atributos femininos para seduzir e depois roubar os homens. Este pensamento o encheu de desprezo e ele finalmente conseguiu voltar à realidade. De um pulo, saiu de cima dela.

Belle levou um tempo para registrar a realidade. Abriu os olhos e viu o estranho duque parado ao seu lado. Ele a encarava com frio desprezo e Belle se perguntou se tinha imaginado o olhar de desejo que flagrara momentos antes.

— Levante-se, moça!

Humilhada como nunca antes, Belle sentiu o rosto esquentar de vergonha e fúria. Com toda dignidade que conseguiu reunir, levantou-se ajeitando o vestido. E dando meia-volta, desatou a correr.

Infelizmente o duque era rápido e alcançou facilmente, a segurando pelo braço.

— Solte-me!

— Não adianta, não vou soltá-la. Terá que me ajudar a achar minha irmã. E só então pensarei no que farei com você.

****

Juliet encarou o rosto de Logan sem poder acreditar. Quase um ano tinha se passado desde que pusera os olhos nele pela última vez. E quem poderia dizer que se encontrariam de novo? E o que ele estava fazendo naquele lugar? Da última vez que o vira no convento de Noterfield, ele era um frade que passava por lá com outros religiosos.

— Irmão Logan? O que faz aqui? — perguntou estupefata.

Ele a libertou e soltou uma imprecação.

— Acho que deveria perguntar a mesma coisa a você, Lady Juliet.

— Eu estou indo para Londres com o meu irmão, o Duque de Buckingham e fomos assaltados e... — Ela franziu o rosto e a realidade a atingiu como um raio. — Você é um dos assaltantes! Por isso a máscara!

Touché!

— Mas... como... você é um religioso!

— Não mais.

Juliet sacudiu a cabeça tentando ordenar os pensamentos e o encarou novamente.

— Quer dizer que largou a ordem? Não posso acreditar! Espero que... — Ela se calou, os pensamentos invadidos por lembranças que pareciam esquecidas.

Alguns meses antes Juliet chegara ao convento totalmente desolada. Sua fuga com o cocheiro da família fora frustrada. No meio do caminho para a Escócia, seu irmão a achara e a levara de volta para casa. Apenas para ser castigada pelo pai e para ser mandada para aquele convento no fim do mundo.

Os dias naquele lugar eram horríveis. E ela percebeu em pouco tempo que não tinha vocação para a vida religiosa. Mas como convencer o pai que não podia ficar naquele lugar? Só de pensar em sua juventude perdida, se desolava.

Nunca mais iria a bailes, nunca mais dançaria com rapazes. Nunca mais compraria vestidos novos. Sua vida acabara.

Aguentara os dias naquele mausoléu na esperança de que seu pai se arrependesse de mantê-la ali e mandasse buscá-la, mas os dias se transformaram em semanas e nada aconteceu. Até que uma ordem de religiosos franciscanos chegara ao convento. E dentre eles estava Logan.

Entre o crime e a nobrezaOnde histórias criam vida. Descubra agora