Time.

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Eu retornaria a Hogwarts amanhã.

Amanhã.

Meu irmão morreu. Há exatos quatro meses, sete dias e oito horas. Esse era o tempo que meu irmão havia morrido. Fred. Esse era o tempo que nós havíamos derrotado você-sabe...

Voldemort. Diga o nome dele Ginny, ele está morto. Para sempre.

Sento-me na cama no último quarto do Largo Grimmauld. A Toca ainda estava fora de questão, mas iriamos voltar para lá. Um dia. E eu teria que retornar a Hogwarts e terminar meus estudos. Iriam recomeçar o ano. Teria mais dois pela frente.

Era injusto que Rony não tivesse que voltar por enquanto. Pois havia ajudado o menino que sobreviveu a ganhar, agora estava ganhando a gloria e os parabéns de todos. Não éramos mais os traidores do sangue.

Levanto-me de minha cama, vendo que tudo está em silêncio pela casa. Os Weasleys não eram conhecidos pelo silêncio, mas agora tudo estava quieto e calmo. Abro a porta devagar e ando pela ponta dos pés.

Eu sabia para onde iria.

Abro a porta do quarto dele devagar e o vejo deitado. Harry está sem camiseta, os cabelos bagunçados, e seu rosto está franzido como quem está tendo um pesadelo. Ele tinha vários deles, desde que tudo acabou. A única luz do quarto é da janela, já que sua cama é quase encostada nela.

Harry.

Aproximo-me dele, sentando-me na ponta da cama, o observando. Era injusto ter que dormimos em quartos separados após todos os acontecimentos, mas a verdade é que eu não sabia como eu e ele estávamos.

Após o fim da guerra, as coisas aconteceram tão rápido que não tivemos tempo para conversar. Ás vezes eu o pegara olhando para mim em momentos em que estávamos todos juntos. Eu sorria e ele sorria de volta.

Mas não tínhamos conversado. E agora iria para a Hogwarts amanhã e somente Hermione iria comigo. Para ela, terminar os estudos era extremamente importante. Para Harry e Rony, nem tanto. Eles estavam mais interessados em caçar o restante dos comensais da morte foragidos.

Aproximo-me dele, passando a mão em seu rosto e rapidamente sua expressão muda, como se o pesadelo tivesse cessado e um sonho bom tivesse começado.

Como era possível minha paixonite de infância ter se tornado um sentimento tão forte após todos esses anos? Conseguia me lembrar da época que Harry só me via como a irmãzinha sem graça de Rony e no momento que ele me beijou no sexto ano após a vitória da Grifinória.

— Vai ficar me encarando mesmo? — Harry diz com sua voz rouca, sem abrir os olhos, sua mão segura a minha que está em seu rosto e respira fundo — Ou estou sonhando?

— Acredita que te escutei reclamando lá do meu quarto? — Digo em tom de brincadeira, ele sorri e finalmente abre os olhos. O sorriso dele é o mesmo que me dá pela a casa, tentando me confortar. Os olhos verdes brilhantes sob a luz lá de fora, da lua, me fazem querer suspirar como a garotinha de 11 anos que já o amava.

— Tenho um sono silencioso.

— É, tem. — Dou uma risadinha. Um silêncio confortável se instala entre nós. Harry continua me encarando, um olhar calmo, reconfortante. Me lembrando dos tempos da escola, principalmente o sexto ano, dos poucos momentos que tivemos juntos. — Acho melhor voltar para o meu quarto. Está tudo bem?

— Estava tendo um sonho estranho. — Ele começa, sem a intenção de me deixar ir para o quarto. Dificilmente Harry se abria para alguém, e estava escolhendo se abrir para mim. — Quer ouvir?

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