Era uma tarde chuvosa em um bairro classe média de são Paulo. Patrick aproveitava o dia de folga de seu exaustivo trabalho, em uma microempresa de marketing. O cheiro de terra molhada, os barulhos do trânsito, Patrick podia ouvir tudo do décimo quinto andar de seu prédio, onde ele residia. Após passar boas horas assistindo programas de tv, Patrick decidiu preparar um bom café, na verdade um capuccino, para acompanhar alguns pães de queijo com geleia de framboesa, Patrick adorava isso, - geleias, francesas - Patrick sorriu enquanto lia o rótulo. nunca decepcionam. Enquanto preparava o capuccino, Patrick experimentava alguns dos pães de queijo que com a geleia de consistência macia, deslizava sobre sua boca. Patrick não aguentou e se dirigiu a janela, onde sempre passava um bom tempo observando o congestionamento e as luzes dos carros durante a noite. A chuva havia parado. Uma leve garoa ainda pairava sobre o prédio. As ruas estavam encharcadas, mas nada anormal para uma cidade como são Paulo. Do alto de seu prédio Patrick, conseguia ver o farol dos carros com um reflexo parecido com o de uma mancha vermelha. Patrick vibrava de felicidade ao ouvir o barulho de seus vizinhos conversando do outro lado da parede, parecia uma criança abrindo um presente novo. Patrick acabou se rendendo ao belo céu azul meio acinzentado de um fim de tarde pós chuva. completamente entorpecido pela paisagem sombria mas bela, Patrick retomou a consciência depois de aparentemente ter passado um bom tempo observando. Ao olhar para baixo Patrick não viu carro algum, estranhou pois nunca a avenida ficava sem um carro ou pessoa andando pelas largas pistas. olhou para os prédios ao seu redor e não viu ninguém nas sacadas ou com janelas acesas, e de forma súbita tentou ouvir algum som... Nada. Um silêncio completo e perturbador. Patrick acabou por se sentir sufocado com o silêncio brutal que pairava sobre sua casa e agora... Sua cidade. Ao tentar organizar as ideias e pensar no que estava acontecendo Patrick, pôde ver uma estranha iluminação azul sobre os cômodos de sua residência. Não era uma luz azul mas sim uma iluminação natural azul. Como raios dourados do sol mas nesse caso. Na cor dos oceanos mais profundos. Paralisou por alguns segundos até poder sentir um cheiro maravilhoso de café. Oh sim o café, a única coisa que ainda ligava Patrick com sua realidade oculta. Atraído pelo cheiro Patrick se dirigiu a cozinha. Chegando lá de fato havia uma xícara de café pronto na mesa. Mas Patrick não havia a colocado ali. Patrick acabou por beber o café, e após isso sentiu que algo estava diferente. Ele... Ele se sentia observado. Foi quando colocou a xícara em cima da mesa agora vazia que pôde ver o que estava o observando. Havia algo atrás da porta de seu quarto que ficava de frente para a cozinha. Ali, exatamente ali parado atrás da porta e com a cabeça pra fora da porta encarando Patrick, havia uma criatura. Era aparentemente grande e sua cabeça era um crânio como de um bode, com chifres curvados para trás, ao perceber que tinha sido notado o ser saiu de trás da porta e se pôs a frente de Patrick. O encarando e com uma voz distorcida e grossa disse: - não deve se preocupar, eu sou um anjo, estou aqui para levá-lo. A visão de Patrick escureceu, e escutou pela última vez uma voz feminina dizendo. - doutor, pode desligar os aparelhos.
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