Ela sonhava com passarelas e liberdade. Ele vivia entre cordas, lutas e cicatrizes. Ariel transformava tecidos em poesia. Andrew fazia do boxe sua forma de sobreviver ao mundo - e a si mesmo.
Quando seus caminhos se cruzam, não é um encontro. É noca...
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4. VOCÊ NÃO SABE O QUANTO EU ESPEREI POR ISSO
Olhei para mim pela décima vez no espelho do quarto. Havia algo de definitivo na forma como aquele reflexo me encarava. O rabo de cavalo puxado, o short jeans de cintura alta que moldava meu corpo com precisão e a camiseta translúcida, com uma faixa opaca protegendo o que devia ser mantido velado, me lembravam de quem eu podia ser quando decidia não fugir. O batom vermelho era minha armadura. Sempre foi.
Margot mandou mensagem avisando que estava me esperando. Desci as escadas com pressa, lançando um beijo distraído na bochecha da minha mãe, que parecia absorta em um filme antigo — provavelmente um daqueles que só ela conhecia.
— Hoje eu vou beber até esquecer o próprio nome! — Margot gritou assim que entrei no carro.
Aumentei o som. Era isso. Uma noite para esquecer — ou para lembrar tudo de uma forma que doesse menos.
A casa de James parecia um set de filme adolescente mal dirigido: luzes vibrantes, copos vermelhos por todo canto, e um jardim tomado por gente dançando ou rindo alto demais. Cassie, Lola e Morgan já estavam lá, nos esperando com sorrisos fáceis e comentários ácidos.
— Eu já transei com metade desses caras. O outro quarto parece estar tentando ser sensual em cima da mesa de sinuca. — Lola apontou, entediada.
— Eu só queria o Vince. Mas ele só tem olhos pra Ariel. — Morgan reclamou, cruzando os braços.
— Talvez hoje eu retribua o olhar. — brinquei, erguendo a sobrancelha.
Morgan riu, cúmplice. Era o tipo de noite em que a leveza era uma escolha consciente, uma camada por cima da dor mal curada.
A música mudou para Earned It e fomos para a pista de dança. Mesmo com o copo na mão, meu corpo se movia com precisão. Cada passo, um lembrete de controle. Mas, por dentro, nada estava sob controle há dias.
Senti uma mão firme na minha cintura. Não precisei olhar para saber. Vince. Girei lentamente e o encarei. Ele sorriu. Coloquei meus braços em volta do seu pescoço e aproximei os lábios do seu ouvido, usando a velha tática da pontinha do pé. Mordi de leve a pele perto do brinco e senti seu corpo responder.
Beijei o canto da sua boca e ele me puxou de vez. O gosto era álcool e menta. Desejo e distração.
— Quer subir? — murmurou entre um selinho e outro.
Assenti. As meninas nos viram passar e comemoraram como se estivessem torcendo por um gol. Fingi não ver.
Entramos no quarto escuro, onde só a luz do corredor marcava contornos. Vince tirou a jaqueta devagar, os olhos carregando urgência. Soltei os cabelos e tirei sua camiseta. Ele sorriu ao sentir minhas mãos em seu abdômen.
Me pegou no colo e me jogou na cama com facilidade. As roupas foram saindo sem cerimônia. O desejo dele era nítido — talvez até genuíno. Quando percebeu que eu não usava sutiã, prendeu a respiração até que eu o puxasse para um novo beijo.