Cap. 7 - Inquilinos Novos

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Naquele dia, o senhor Washington parecia visivelmente excitado. Caminhava mais depressa, tremia um pouco.... Dava sinais. Bem, as crianças também não estranhavam: Washington era um homem um pouco stressado mas nem por isso menos simpático.

Até que chegou a hora do almoço, e George Washington pediu silêncio aos rapazinhos que estavam à mesa com ele, e disse:

- Rapazes, hoje vão chegar três novos inquilinos. Devem chegar depois de comermos. Peço-vos que sejam simpáticos e hospedeiros com eles todos, tal como fizeram com o Alexander. Entendido?

- Com certeza, senhor Wash - concordaram todos, curiosos e felizes com o que acabavam de ouvir. Se a sorte os ajudasse, os tais novos seriam simpáticos!! Infelizmente, a sorte parecia ter tirado férias...

Alguns minutos depois, a campainha tocou. Washingmachine ( não me julguem, eu chamo-lhe isso) foi atender, ouviu-se uma conversa e foi para a sala, para ao pé das crianças, com os novos.

- Bom, soldados! Cá estão os vossos novos amigos! - anunciou o homem, saindo depois da divisão. Todos os rapazinhos se viraram para ver os três  novos. Mas não se entusiasmaram muito, porque o primeiro tinha um ar mimado e arrogante, o segundo, calado e acanhado, e o terceiro, um ar idiota e heróico.

- Olá- cumprimentou o primeiro, enojado. - Eu sou o George, mas quero que me tratem por King George.

- Mas com certeza, "Sua Alteza Real" - ironizou o Thomas, fazendo o Burr e o Madison rirem. Porém, o "rei" ouviu a alfinetada.

- Como ousam tratar-me assim! Samuel, apoia-me! - guinchou o rapazinho, virando-se pomposamente para o mais tímido.

- C-Com certeza, senhor - gaguejou o segundo menino, baixo e loiro. - V-Vocês não deviam ter feito isso. É uma f-falta de respeito para com...

- Espera, Seabury! Eu dou cabo deles! - ordenou o terceiro, avançando para os nossos amigos, todo imponente e de peito erguido. - Fazem o favor de se calarem e prestarem respeito ao King George!

O Laurens, virado para a brincadeira, virou-se para o Laff e disse:

- Bem, este tem a lata do Thomas, o feitio do Burr e parece que fala francês como tu! "Prestar respeito", "Fazem o favor"? É mais francês que tu, Marquis!

Claro que o bom humor do John pôs toda a gente a rir, até mesmo os mencionados na sua piada, excepto os recém-chegados.

- Ugh. Vamos embora, Charles, Samuel! - gritou o George, seguido pelos seus "profetas". - Não quero estar perto da ralé humana! - e com esta, os novos "amigos" saíram da sala.

Mais tarde, o John foi ter com o Tom, para se afastar um pouco dos seus outros amigos. Agora, aquelas conversas eram quase um consolo para o Laurie, pois o outro rapazinho, apesar de estar sempre um pouco sério, era um bom ouvinte, e dava-lhe sempre muito bons conselhos. Era como se o Tom fosse um psicólogo, e ele, o seu cliente. A meio da conversa, John fez esta pergunta:

- Ei, Tom?

- Que foi?

- Posso fazer-te uma pergunta hipotética?

- Com certeza - anuiu o outro. - o que se passa?

- Sabes, antes, o Alex quase não falava nem olhava comigo. Mas agora que passou algum tempo, já me fala mais, mas não muito mais, e de vez em quando me deita uns olhares. Achas que.....?

- Que ele gosta de ti denovo?

O John acenou com a cabeça, envergonhado e corado.

- Oh, Laurie, eu não duvido. Tu és uma pessoa bonita, carinhosa... É impossível não gostar de ti. Mas, ele namora com a Eliza...esse é o contra. Porém, o meu shipp ainda não morreu, eu sinto, o Ham ainda gosta de ti!

- Oh!... Tu... Achas mesmo?

- Sim, porque não? - e aí o Tom foi interrompido por um abraço apertado do Laurens.

- Tu és mesmo boa pessoa, Tommy. Nunca vou deixar de ser teu amigo! - exclamou o Laurie, muito feliz. Até que, alguns segundos depois, olhou para a cara do amigo. E ele.... Sorria, sorria muito!

- Estás a sorrir? - perguntou o Laurens, divertido. - Estás a gostar do abraço, não é?

- Ehmm... Corona Vírus! - disse o rapazinho, dando um empurrãozinho brincalhão em John. - E eu não estava a sorrir!

Mas o John sabia que não era verdade o que Tom dizia, pois o amigo tentava em vão não sorrir mais. Mas, por mais que ele tentasse, não conseguia parar.

- Oh, meu. Tu és mesmo um bom amigo. Eu sei que estás certo! - disse o Laurens.

Quem assistira áquela cena toda, eram tanto o Alexander, na varanda da casa do senhor Washington, como a Eliza, que vira tudo do seu jardim.

- Não está muito longe da verdade, o Tom... - suspirou o Alex, meio triste, meio divertido.

- A ver vamos, o Alexander nunca vai ser teu, nunca, John Laurens! - murmurava e repetia a Eliza, como se estivesse a jurar alguma coisa.

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