A vida costuma ser injusta as vezes, costuma colocar-nos em momentos extremos onde a dor é maior do que qualquer sopro de esperança que venha a balançar as cortinas de nossas janelas, onde as belas cores do mundo já são opacas ou talvez inexistentes, onde a chuva e o frio não fazem mais diferença, onde a solidão se torna o melhor amigo da alma e consome cada gota frágil dos bons sentimentos, transformando-os em escuras cinzas que se desfazem com o vento.
Nada pode ser pior do que viver em pranto e amargura, provando do fel que a morte é capaz de proporcionar. Nada pode ser pior do que sentir o vazio dentro do peito, sentir que você tentou de tudo, mas mesmo assim não foi o suficiente para segurar as mãos do amor.
O amor...
Aquele que te faz sentir leve, com o peito cheio e quente; te faz sentir como se nada faltasse. O amor que te recebe como abrigo nos dias ruins, te acolhe e cuida; que te guia para a luz, que abre portas e desvenda milhões de horizontes escondidos.
O mesmo amor que, quando se vai sem o seu consentimento, quebra-te em pedaços tão pequenos quanto grãozinhos de areia; que escorre por seus dedos e voa para muito, muito longe; o mesmo amor que te deixa inerte e sem forças para fazer o que antes se julgava tão precioso.
Meu amor, eu lembro de quando corríamos juntos pela praia, sentindo a boa sensação que a brisa nos trazia, sensação da água gélida e cristalina tocando nossos pés descalços, te fazendo ter arrepios e correr para o meu abraço, se encolhendo sob meu peito e me apertando com força.
Lembro do sorriso que me lançavas e de todas as vezes que, olhando em meus olhos, declarava-se dizendo que me amaria por milhões anos, por toda a eternidade e todas as vidas que viesse a ter; que nunca me abandonaria e que estaria comigo até o fim.
Mas, meu amor, onde você está agora?
É como se... Como se tudo estivesse quieto sem a sua presença, sem seus sorrisos capazes de alegrar o mais triste dos seres humanos, sem as cores que você exalava pelo ar, sem sua voz suave e doce cantando aos meus ouvidos quando estavas ao meu lado, todas as noites, antes de dormirmos.
Onde está você agora?
Por dias gritei teu nome ao vento, pedindo aos deuses que te trouxesse de volta para meus braços, para que me dessem mais uma chance de ser tão bom quanto eu era antes, para que me deixassem traçar teus belos lábios e correr meus dígitos por tua face corada e tão alva, mais uma vez.
Me diga, amor, você conseguia ouvir minha voz? Você também buscou por mim? Também chorou por mim?
Por vezes deitava-me no jardim durante as madrugadas mais solitárias, sentindo a grama sob minha pele, ouvindo as ondas do mar quebrarem serenas na costa; e, olhando para o céu, traçava teu rosto nas estrelas, tentando encontrar a mais brilhante para que pudesse voltar a mirá-la vez ou outra, recordando-me de todo o brilho que sua aura era capaz de transmitir ao mundo.
E quando não estava deitado em meio ao sereno recordando-me de ti, estava em frente ao piano que tanto gostavas, dedilhando as teclas, deixando as notas soarem por toda a casa ㅡ que, um dia, pude chamar de nossa ㅡ fazendo-as deslizarem por todos os cômodos e gritarem por você.
Porque aquela, meu amor... Aquela era a sua música, aquela era sua última sinfonia.
...
ㅡ Você acha que poderemos ter filhos um dia, amor? ㅡ Jimin perguntou-me enquanto caminhavamos tranquilamente pela beira da praia, com nossos dedos entrelaçados, apenas aproveitando aquele bom momento de tranquilidade. ㅡ Sabe, nós já somos casados, temos trabalhos que nos proporcionam uma boa vida... Acha que poderíamos adotar um bebê?
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Para Sempre Nós | Jikook
Fanfiction[CONCLUÍDA] A vida costuma ser injusta até com as pessoas mais doces e com a alma mais pura. Tanto que permitiu que o ceifeiro da morte levasse meu amor, meu menino tão adorável e gentil, alguém que poderia facilmente ser confundido com um anjo. Aqu...