Capítulo 26

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Beatrice sentou-se ao piano, tocando uma Sonata de Beethoven. Distraiu-se com a melodia, esqueceu-se dos seus infortúnios.

Voltou a realidade então, com a mão do Maestro sobre a sua. Interrompeu a Sonata, assustada.

-- Mas o que significa isso?-- exclamou, retirando sua mão.

-- Senhora, eu entendo o que a aflige e estou aqui para lhe servir…-- o rosto do Maestro perigosamente próximo de seu rosto, podia sentir seu hálito em seu pescoço.-- Seu marido partiu novamente, mas por favor, não se sinta só.

Beatrice sentiu um tremor pelo seu corpo. Uma repulsa incontrolável, queria levantar e correr, mas os braços do Maestro estavam ao seu redor.

-- Eu não faria isso se fosse o senhor…-- ela conseguiu ameaçar.-- O lorde jamais perdoaria alguém que tocou em sua esposa.

Mesmo com Beatrice tentando se afastar, o Maestro insistia em tocá-la, beijava seu pescoço e segurava seus braços. Beatrice pensou em gritar, mas aquela sala ficava numa ala isolada e não adiantaria nada, além de, possivelmente, provocar a ira do Maestro.

Em meio os afagos repulsivos, Beatrice conseguiu pegar um grande livro de lições e golpeou na face do homem, que se afastou desnorteado. Ela levando-se e conseguiu correr, gritando pelos corredores. Austin apareceu imediatamente, vindo ao seu socorro.

Tudo aconteceu rapidamente, quando Beatrice se deu conta, o Maestro estava sendo levado pelos guardas e os criados murmuravam entre eles. 

Ficou alguns instantes para recobrar o juízo por completo. Uma mistura de nojo e medo se apoderou, mesmo após tudo ter acabado. Queria seu marido, queria um conforto.

Sophie preparou um banho e quando Beatrice submergiu, sentiu todas sensações ruins saírem de seu corpo.

-- Sophie…-- murmurou.

-- Pois não, senhora.-- ela respondeu prontamente.

-- Pegue a tigela pra mim.

No instante em que pegou a tigela, Beatrice vomitou.

-- Oh, meu Deus!-- exclamou Sophie, se aproximando assustada.

-- Me desculpe. Toda vez que eu me lembro, sinto vontade de vomitar…

-- Oh, minha senhora. Por favor, não teve culpa. Eu deveria ter acompanhado suas aulas contigo.

-- Eu estava tão animada com as aulas, queria absorver tudo aquilo sozinha. Nem raciocinei que poderia estar correndo perigo.

-- Não conhecemos ninguém realmente, senhora. Ninguém imaginava que um Maestro renomado teria coragem de se aproveitar de uma Lady.

-- Espero nunca mais encontrar esse sujeito em toda minha vida…-- lamentou-se tristemente.

-- Certamente não irá, mi Lady. Foi enviada uma carta ao Lorde. Caso não chegue em suas mãos, ficará aos cuidados de Dominic. Ele é o homem de confiança do Lorde e saberá como cuidar dessa situação.

Beatrice tomou um longo banho e em seguida, foi dar uma volta pelo jardim. Dispensou a companhia de Sophie. Precisava ficar um tempo só com seus pensamentos.

Sentia falta de suas amigas, todas elas estavam a milhas dali sem ao menos ter notícias. Sentia falta de Molly e Frederika. Por mais improvável que fosse, também sentia falta de seu pai.

As Colinas Violetas era mesmo um lugar deslumbrante, mas seus dias tinham sido muito cinzentos. Nem todo lilás e roxo do mundo poderiam colorir sua vida monótona.

O Lorde longe, o Castelo fechado para visitas, não havia nada que trouxesse entusiasmo para seus dias.

Continuou caminhando até a Colônia dos trabalhadores, uma caminhada razoavelmente longa, felizmente Beatrice não tinha nada melhor para fazer. Quando se aproximava das primeiras casas, algumas crianças veio correndo ao seu encontro. O maior entre elas dizia:

O Grande Amor De Um LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora