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Surpreendentemente o dia passou rápido, quando me dei conta o sinal já havia tocado e estávamos indo embora para casa. Sophi e eu pensamos se daria certo sair no domingo, passear um pouco.

Cheguei em casa cerca de uma hora, almocei meu querido e estimado miojo de carne e espremi umas laranjas para um suco. Fui para meu quarto e deitei na cama, entrando num estado de existência alternativo no qual busco paz.

Sem querer, ou nem tanto, acabo dormindo e só acordo quando minha mãe chega em casa. Tomei um banho, coloquei qualquer coisa confortável e fui ler. Romeu e Julieta, o livro da biblioteca. Aqueles olhos, realmente deve ser coisa da minha cabeça. Li até escurecer, e fui jantar.

Me pergunto como a história poderia ser possível, claro, eu sei, é apenas uma história, mas como sentiram tamanha paixão ainda tão jovens? É complicado pensar que possa realmente ser real, assim, difícil acreditar que adolescentes possam realmente amar, verdadeiramente, ao menos nos tempos de hoje.

Quando resolvi parar de ler já estava com a visão meio turva. Fui jantar, e comi carne de panela, um dos pratos que minha mãe faz muito bem, e um dos que mais gosto. Terminei de comer, escovei os dentes e depois de consegui fazer com que Giulia parasse de me abraçar, ela faz isso às vezes, me deitei.

Encaro o teto, minha mente vagueia por lembranças e possibilidades muitas vezes improváveis, em algum momento esbarra naquele olhar, não, não foi coisa da minha cabeça.

Acordo com o despertador, curiosamente meu celular está na sala, do lado do quarto, ou seja, tenho obrigatoriamente, que ir buscar. Levanto e sem querer esbarro no guarda roupa depois de tropeçar. Consigo chegar na sala sem morrer e paro o querido despertador.

Faço tudo que tenho que fazer, saio de casa e vou rumo à escola. Como eu queria faltar, parece que vou cair e dormir a qualquer momento.

Chego na escola, e percebo, que ódio. Hoje é sábado. Tento não me bater, como alguém esquece, e não percebe, que não tem aula? Começo a voltar para casa, como raiva de mim mesma. Por que o despertador tocou? 

Decido, quer saber? Não vou pra casa. Começo a andar rumo à biblioteca. Chego lá e, ainda bem, ela abre de sábado. Sento num sofá qualquer e começo a ler Romeu e Julieta de novo.

Começo a me acalmar, como passei a tarde de ontem lendo o livro está prestes a acabar. Todo mundo sabe como termina, mas mesmo assim. Enfim acabo, congelo no sofá, engraçado como o trágico às vezes parece o certo, como se não pudesse ser de outra maneira, mas nem por isso o torna mais feliz, apenas mais incrível.

Algumas pessoas nunca encontram o amor, encontrá-lo deve ser extasiante e pertubador. Tão ambíguo, mas parece que todos buscam o amor, ainda que neguem. É algo simples e complicado. Não entendo, mas não parece errado.

Fico ali, sentada, até que decido levantar e andar. Devolvo o livro com o senhor bibliotecário.

-Faria uma gentileza a esse senhor?- Diz ele com um sorriso simpático, que deixava seu rosto um pouco mais enrugado.- Poderia devolver esse livro na prateleira? Esse corpo já não é mais o mesmo de antes- Diz agora rindo um pouco.

-Claro! Devolvo sim.- Lhe dou um sorriso e s rumo a estante, mas no meu tempo, por que a pressa?

Chego na estante e o devolvo lá. Analiso os livros das duas estantes à minha volta, e resolvo voltar, não sei por que mas resolvo voltar. Sento num banco próximo ao balcão do bibliotecário, como não tenho nada para fazer  mexo no celular.

Fico observando o senhor no balcão, lendo um livro que não consigo descobrir qual é, parece estar gostando. Então começo a jogar no celular.

Normalmente alguémOnde histórias criam vida. Descubra agora