Sasuke Uchiha
Lá estava eu, nervoso, no altar.
Por mais que tenha sido o nosso sonho desde a infância nos casar, tive medo de Sakura desistir em cima da hora, e perceber que não era bom o suficiente para ela. Mebuki e Mikoto sempre foram amigas, estivemos juntos desde o ventre de nossas mães. Sakura nasceu primeiro, e alguns meses depois, eu nasci.
À medida que crescíamos, mais apaixonado estava por ela. Estive ali a protegendo mesmo que não fosse necessário. Na escola, sempre a afastei dos abutres que ela chamava de amigos. Meu melhor amigo dizia ser apaixonado por ela, mas eu sabia que dizia isso para me provocar.
Então, apenas desconsiderava.
No Ensino Médio, Sakura arrumou um namorado, mas eu sabia no fundo que não daria certo. Eles ficaram juntos durante dois anos, e eu estive ali para enxugar suas lágrimas quando aquele a quem ela amava a feria. Recolhi os cacos e os colocava um por um no lugar. Cuidei para ninguém mais a machucasse.
Odiava vê-la triste, mas sabia que tudo não passava de amadurecimento. Porque para crescer precisamos sofrer; é necessário. Estaria sendo idiota se dissesse que esperei por ela durante esses anos. Fiquei com outras pessoas, namorei e terminei esses relacionamentos. Permaneci nesse ciclo durante todo o tempo, até perceber que não adiantava negar o que sentia por ela.
Até que em uma das festas da faculdade nos beijamos pela primeira vez. O sentimento mais magnífico despertou quando estava com seus lábios nos meus, nossas salivas misturadas com bebida, proporcionando um momento singular. Eu senti toda a emoção e a coragem provida pelo álcool, nos levando a assumir o namoro ao qual nos entregamos de corpo e alma. Mesmo em outros relacionamentos, nunca ultrapassamos o limite da intimidade.Nós guardamos nossos corpos um para o outro.
Quando terminamos a graduação, tomei coragem de pedi-la em casamento. Diferente do primeiro beijo, nós estávamos sóbrios, mas também felizes. Na verdade, estávamos em êxtase, mesmo sabendo que já éramos um do outro. A emoção de tê-la como minha esposa, usando meu sobrenome, era indescritível.
Era 17 de novembro.
Eu estava chorando quando a vi entrar de branco, junto de seu padrinho, Kakashi. Eu queria gravar a expressão de seu rosto, seu sorriso brilhante e a cor esmeralda de seus olhos para sempre. Kakashi ergueu sua mão para mim e eu apertei-a, agradecendo por cuidar dela. Beijei a testa de minha noiva, sentindo o cheiro de seu cabelo em minhas narinas. Então, seguramos nossas mãos olhando um para o outro, enquanto o padre conduzia a cerimônia.
— Até que a morte os separe! — O padre nos declarou marido e mulher.
— Nem a morte irá nos separar. — Sakura declarou com firmeza. — Você se lembra de quando tínhamos sete anos, Sasuke? Recorda-se que prometemos um para o outro que nem a morte iria nos separar?
Apenas assenti para que ela prosseguisse.
— Aos sete anos fiquei órfã de pai. Eu vi minha mãe sofrendo e isso me doía muito. Culpava-me pela morte dele todos os dias e noites. Tinha medo de ver as pessoas partindo. Ele morreu em um assalto, quando estava indo me buscar na escola. Hoje vejo que não tenho culpa. Um dia, quando você caiu de bicicleta, eu tive uma crise de pânico por medo de perder você. Então você se levantou do chão, um pouco machucado, e segurou minha mão para me prometer que eu nunca iria te perder. Nada no mundo iria nos distanciar, nem a vida nem a morte.
Sakura terminou seu discurso em lágrimas, então a abracei para consolá-la.
— Que assim seja feito! — Declarou o padre.
Assim vieram as palmas e as lágrimas de nossos amigos e familiares. Nossos padrinhos nos abraçaram em conjunto no altar — Naruto e Hinata, Ino e Sai — uma amizade que permaneceu desde que nos conhecemos, no Ensino Fundamental.
A festa de casamento fluiu como deveria ser. Havia danças, bebidas e cantos. Tudo tornava o dia 17 de novembro o dia mais feliz de nossas vidas. No dia seguinte estávamos em casa, guardando as malas no carro para a viagem. Novembro sempre veio acompanhado por chuva. Mas, dessa vez, acreditávamos que a chuva era as bênçãos de Deus sobre nós.
Lá estávamos na estrada, com a música leve que sempre gostamos de ouvir. Iríamos para uma cidade perto, já que gastamos toda a nossa economia na festa, mas tinha guardado um pouco de dinheiro para lhe fazer uma surpresa. Na noite de casamento, dinheiro nenhum valia o sorriso que ela me deu quando soube que eu preparei nossa lua de mel. Simples, mas especial.
A cada instante a chuva aumentava, e a janela ficava cada vez mais embaçada. Porém, não havia lugar para parar e esperar passar um pouco. Não tinha outra opção que não fosse prosseguir. Olhei rápido para o rosto dela, e vi que sorria... Mas um barulho de um estouro me assustou, e minha visão passou a girar; tudo balançava desgovernadamente.
Ouvi seu grito e tentei chamá-la, mas voz nenhuma saía da minha boca. Os sons de pneus sendo arrastados e da chuva forte eram altos demais para que ela me ouvisse. Eu estava imerso na escuridão, mas me forcei a abrir os olhos, e olhar para Sakura. Observei seus lábios e os vi sussurrar meu nome... Tudo estava vermelho porque nosso sangue se misturava às ferragens e molhava nosso próprio corpo.— Sasuke eu te amo, mas está na hora... — Vi as lágrimas percorrendo o rosto machucado, e misturando-se com o sangue presente na face. Forço-me a olhá-la, não importando a dor que sentia ao tentar abrir as pálpebras. Lutei para selar nossos lábios.
— Eu te amo tanto, como cada gota dessa chuva, mas temos que ir...
Senti o corpo de Sakura apegado ao meu, e a escuridão nos cegar. Iríamos juntos para o lugar que sempre esteve reservado pra nós. Nascemos, vivemos e agora morreríamos nos amando. Como a chuva que sempre esteve presente em nossas vidas, e determinou nosso fim.
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Chuva de Novembro
RomanceSasuke e sakura são amigos desde a infância.Compartilharam juntos suas dores e decepções amorosas.Até que entendem seus sentimentos e decidem ficar juntos.