Capítulo 28

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Beatrice abriu os olhos, mas não conseguia ver muita coisa, estava muito escuro. Sabia que suas roupas estavam molhadas, por isso sentia muito frio. Tentou se lembrar do que tinha acontecido.

Eu estava embaixo de umas árvores, chovia demais. Eu não conseguiria voltar para casa com tanta chuva. Ouvi um barulho estranho e… Nada.

Não se lembrava.

Tentou se levantar, mas a cabeça doía. Tocou o lugar dolorido e sentiu que havia um ferimento. Olhou ao redor e conseguiu perceber que estava trancada em um quartinho, podia ver um pouco de claridade pelas frestas da porta. Engatinhou até lá, olhou por entre as festas, mas não pode ver nada.

De repente, ouviu que alguém conversava em italiano. Pelo tom da conversa, estavam bravos.

São italianos, pensou enquanto tentava entender algo. Lembrou-se da ameaça emitente que sofria desde que tinha se casado. Julgava ser apenas excesso de cautela por parte do lorde, mas vendo a situação em que estava, Beatrice entendeu que ele estava certo.

Em seguida, começaram a destrancar a porta e Beatrice tentou se afastar. Em vão, pois logo a porta se abriu. A claridade forte quase a cegou. Cobriu o rosto com as mãos, quando ouviu uma voz forte gritar:

-- buongiorno! Espero que nossas instalações sejam do seu agrado, lady Castello Verde!

Ela continuou em silêncio, tremendo de frio e de medo.

-- Oh, mi lady é muito tímida. Venha para a luz, queremos ver a adorada esposa do Lorde.

Beatrice tentou se esconder, mas o desconhecido a agarrou pelos braços e arrastou para fora do quartinho. No cômodo ao lado, haviam oito homens jogando cartas. Pararam Imediatamente quando a viram, começaram a aplaudir e dizer coisas asquerosas, indignas de ser ditas na frente de uma Lady.

Suas roupas estavam molhadas e sujas, sua cabeça doía e não estava conseguindo entender o que estava acontecendo.

Então, Magnus veio ao seu encontro. Quis correr até ele, mas o indivíduo que a segurava pelos braços, simplesmente a jogou aos pés dele.

-- Magnus!-- gritou, suplicando.-- me ajude, por favor…

-- Beatrice, minha irmã. Eu sinto muito.-- Magnus se abaixou, ajudando-a levantar.-- Não posso fazer nada.

-- Como você pode? Sou sua irmã!

-- não foi nada pessoal. Você é uma irmã querida. O problema é que eu preciso de dinheiro, muito dinheiro. Seu querido marido vai pagar o que for preciso para ter você de volta.

-- eu nunca imaginei que fosse capaz de fazer isso comigo.-- Beatrice dizia, entre lágrimas.-- Eu sou sua irmã!

-- eu já disse que não é nada pessoal. Ei, Gian Carlo! Pegue roupas limpas e secas para ela. Não queremos que o troféu fique doente.

Magnus dava gargalhadas maldosas, Beatrice não podia acreditar no que estava acontecendo. Um dos italianos lhe trouxe uma troca de roupa seca e logo a trancaram novamente.

Perdeu a noção do tempo, chorava muito e de vez em quando, a jogavam um pedaço de pão e uma caneca de água.

Onde está o lorde? Ele vai vir me encontrar.

A cavalaria do lorde estava vasculhando a região pela segunda vez, quando encontraram a fita de cabelo de Beatrice. Algumas pegadas meio destruídas pela chuva e um galho de árvore, possivelmente usado para causar um desmaio com uma pancada na cabeça.

Cada hora que se passava, o lorde ficava mais furioso. Temia pela vida de Beatrice.

Foi a semana mais pesarosa de sua existência.

Então, o pedido do resgate chegou, uma carta escrita por Beatrice:

Meu amado Lorde,

Sou eu. Não se preocupe, pois eu estou bem. No momento, me encontro sob tutela de meu irmão Magnus Stamford.

Preciso retornar para casa. Para isso, preciso que traga um baú de madeira com 10.000 libras, até a fazenda do velho Charleston. Lá, irá encontrar uma pessoa que lhe informará os próximos passos.

Aguardo ansiosamente nosso reencontro.

O Lorde quis rasgar o papel.

Respirou fundo e socou a parede, cheio de ira.

-- Dominic!-- berrou, enraivecido.

-- É o pedido de resgate, senhor?-- Dominic perguntou, imaginando o que se tratava o ódio do Lorde.

-- 10.000 libras. Em um baú. Fazenda do velho Charleston. Eu sabia que deveria ter matado aquele desgraçado. Eu sabia que tinha algo com isso!

-- Meu senhor, esse valor é um absurdo!

-- Eu pagaria o dobro, para ter minha adorada de volta.

-- Eu sei, senhor. Não teme ser apenas um golpe?

-- o que eles poderiam fazer de pior? Já estão com Beatrice!-- ele exclamava, andando pelos corredores.

Chloe se aproximou.

-- mi Lorde…-- ela disse, baixinho.

-- agora não, Chloe!

-- é importante, senhor.

-- isso pode esperar.

-- sobre Lady Beatrice.

O lorde a chamou para o escritório.

-- diga, então. O que é tão importante, Chloe?

-- meu Senhor. No dia em que desapareceu, lady Beatrice me fez uma visita. Eu até me surpreendi muito. Tomamos um chá com bolinhos, então lady Beatrice passou mal. Conversamos sobre assuntos de mulher, meu senhor e…

-- Vá direto ao ponto, Chloe!

-- Lady Beatrice está grávida, meu senhor.

-- Como é?

-- Eu trabalho com o doutor na Colônia e a coisa mais comum que vejo é mulher grávida. Conversando com Lady Beatrice, descobrimos que está esperando um filho.

O lorde ficou perplexo. Não tinha resposta para aquilo.

-- Ela me pediu segredo. Mas dada as circunstâncias, me vejo na obrigação de lhe informar, meu senhor.

O lorde ainda continuava sem resposta. Sua adorava esposa estava esperando um filho. E estava em algum buraco escondida, cercada por delinquentes violentos! Só Deus sabe o que poderiam estar fazendo com ela!

-- Meu senhor?-- questionou Chloe, ao ver que o lorde estava aéreo. -- Está tudo bem?

-- Chloe, eu não quero que diga a ninguém o que me disse. A ninguém mesmo.

Antes de uma resposta, o Lorde correu até Dominic. Eles iriam naquele instante mesmo, pagar o que Magnus tinha exigido. Nada mais importava no mundo.

Poderia até dar as Colinas Violetas nas mãos dos Delinquentes, não iria deixar sua adorada esposa e seu filho nas mãos de nenhum monstro. Nem que custasse toda sua fortuna, traria Beatrice para junto de si.

O Grande Amor De Um LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora