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James não gostava de praias. O lugar dificilmente entraria para opções onde ele passaria as férias. Mas ainda assim, ele se mudara para o litoral da Califórnia. No início, era devido ao seu trabalho. A agência queria abrir uma sede na América e decidira começar pelos Estados Unidos. Aparentemente, James era o mais qualificado, não recusara a proposta. A ideia inicial era de ficar apenas um ano e meio, mas agora já faziam quase quatro que se mudara para lá. Não entendia porquê. A Califórnia não era um lugar que lhe agradava muito. Ele estava em uma das praias menos movimentadas da região, então, devido ao horário, não havia mais que uma ou duas pessoas rodando por ali. Era aquele tipo de solidão que ele desejava no momento. O moreno estava descalço, sentindo a areia entre os dedos dos pés, era uma sensação estranha, mas ele se acostumara com o tempo. Sentia o vento frio que corria da brisa marítima, mesmo com o seu agasalho, e não deixou de pensa nela...

Três meses. Esse era o tempo que fazia desde a última vez que a vira. Havia deixado-a no aeroporto e a vira embarcar no avião em direção a uma nova vida. Mas não se esqueceria do sabor dos lábios dela e nem da sensação de ter as mão dela em seus cabelos. Entretanto, Lily se mudara para a Bélgica, seguindo seus sonhos. James não a culpava. Havia apoiado-a como ninguém quando ela recebeu a proposta, mesmo com todas as incertezas e dúvidas da garota, ele estivera ali sempre que ela pensava em desistir e se questionava se aquilo era o melhor para ela. James convencera a ruiva que ela deveria ao menos tentar, dar uma chance, pois algumas coisas tinham que ser vividas para se terem respostas. Mesmo assim, não imaginou que a garota iria querer terminar o que eles tinham. Estavam ficando sério há quase cinco meses e James pensava em pedi-la em namoro, mas a ruiva dissera que não queria um relacionamento a distância. E James respeitara isso. Mesmo que doesse ficar longe de Lily. A garota estaria longe e, mesmo que ele achasse que poderiam faze aquilo dar certo, não insistira. Sabia que a Evans era decidida e não queria que ela fosse para outro país depois de uma discussão entre eles. 

James e Lily haviam se conhecido em um luau que seus amigos o haviam levado no ano anterior. A ruiva havia acabado de sair de um relacionamento, não esperava nada além de tomar bons drinks e escutar algumas músicas sob a luz da lua. Entretanto, o garoto se aproximou. James só estava ali pelo casal de amigos que comemoravam dois anos de namoro, mas decidira que não iria ficar de vela, por mais que os amassem. Então foi para perto do bar, onde encontrara uma ruiva pensativa e puxara assunto sobre algum filósofo que Remus comentara. Os dois passaram a noite inteira conversando e cantando. No final da noite, quando Lily ia embora, a mesma lhe pedira seu número e James passara, mesmo achando que Lily nunca o ligaria. A garota havia acabado de sair de um relacionamento e não parecia do tipo que tomava atitude — não que James tivesse qualquer coisa contra elas ou ficasse rotulando toda a garota de quem se aproximava — , mas ficara surpreso com o comportamento de Lily, que lhe mandara mensagem três dias depois. Ficara feliz que ela realmente o fizera. Os dois foram conversando e logo desenvolveram uma amizade, que acabou evoluindo para algo a mais. Entre saídas e conversas por telefones, eles acabaram se beijando, depois acabaram acordando um na cama do outro. Estava tudo muito bom, não pensavam em mudar. Eles tinham algo leve e estavam desenvolvendo esse relacionamento antes de pensar em darem mais algum passo. Então, quando James se sentira pronto para fazê-lo, Lily Evans recebera uma incrível proposta de trabalho que a levara para o outro lado do mundo e os dois terminaram.

Ele sentia saudades da risada da ruiva. Do cheiro de chá antes de dormir e do café durante o dia. Ter a ruiva ali do seu lado, rindo de suas piadas idiotas e acordando junto dele de manhã. O corpo dela sobre o dele, os dedos dela... Ela. Como James sentia falta dela. Nos primeiros dias, Remus e Sirius tiveram que obrigá-lo a fazer qualquer coisa senão encarar o teto branco de seu quarto. Sua ruiva estava em outro continente e não era mais sua ruiva. É claro, ele não deixaria de viver por conta disso, mas naquela primeira semana, ele não tivera muita vontade de fazer outra coisa além de ficar em casa deitado. Estava acostumado a receber uma mensagem de Lily todo dia de manhã quando não acordava com ela. Agora, por conta dos fusos, eles se falavam uma ou duas vezes por semana, mensagens não haviam funcionado muito bem entre eles.

Ouvindo o som das ondas quebrando, as imagens dos passeios que eles faziam a noite rondaram a mente de James. Lily sempre usando um shorts de cintura alta que eram cobertos pelos grandes casacos do garoto. O moreno não entendia, ela sempre parecia estar com frio apenas nos braços, mas ele adorava vê-la daquele jeito, ela ficava sexy e fofa com a sua roupa, as mangas que eram maiores que seu braços e ela sempre ficava mexendo nelas. Os dois se sentavam na areia da praia, e ficavam apenas observando o mar. Não falavam muito, não era preciso, apenas a companhia um do outro vazia aquele momento valer a penas. Quando eles se encaravam, James tinha a sensação de que a ruiva sabia o que ele estava pensando, o que ele não duvidava. Ela era uma garota perspicaz. Quando eles voltavam para casa, se beijavam e aproveitavam um ao outro. James adorava o gosto dos lábios de Lily, adorava o gosto dela. Ela levava suas mãos a nuca de James e o garoto levava as dele à nuca dela. Todos aqueles toques e sensações. Droga, James sentia muita falta.

Lily Evans gostava de praias e talvez por isso ele havia ido para uma naquela noite. A garota dizia que gostava de apreciar todos os mínimos detalhes que as pessoas geralmente não davam valor. James nunca entendera aquilo, ainda sim, se sentava ao lado dela e aproveitava a companhia. Então estava sentado na areia, dessa vez sozinho, usando um de seus moletons, o favorito da ruiva. De certa forma, desejava que Evans o tivesse levado consigo, ele viu que ela considerara quando arrumara as coisas dela que ficavam na casa do garoto. Se ela o tivesse feito, James não teria que sentir o cheiro dela toda vez que o usasse. O sabão não parecia tirá-lo como uma forma de punição ao moreno. Ou talvez, ele quisesse tanto ter algo que sempre lembrasse Lily, por isso seu cérebro criava a ilusão de estar sentindo aquele perfume.

Então, ele ficara ali durante toda a noite, sentindo a brisa marítima, o vento frio, ouvindo as ondas que se quebravam na praia e tendo a sensação da areia sob seus pés. Talvez, ele finalmente tivesse entendido tudo o que Lily falara sobre aproveitar as pequenas coisas.

Sweater WeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora