Capítulo 29

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Beatrice estava cansada de ficar naquele quarto escuro. Comia mal, dormia mal, sentia medo o tempo todo. Sabia que aquilo não estava fazendo bem para seu bebê em formação.

Talvez o Lorde não viria.

Tinha escrito o bilhete do resgate, sabia que o valor era 10.000 libras. Uma fortuna! O Lorde estava meio desinteressado por ela, talvez sua paixão avassaladora tinha passado. Recém casado e o marido passava dias fora, sem ao menos lhe dar explicações.

Tudo na vida tem um preço.

10.000 libras era um valor muito alto. Muito alto mesmo, do tipo que se lucra em um ano inteiro. Dificilmente o Lorde pagaria um fortuna por alguém que não o atraía mais.

Os pensamentos e paranóias de Beatrice subjulgavam toda sua sanidade. Estava desesperada para fugir dali, precisava de manter ocupada para afastar os mais pensamentos!

Começou a montar um plano para escapar de seu cativeiro. Sabia que eles vinham trazer pão e água pela manhã, no almoço (pois podia sentir o cheiro de comida do lado de fora) e no jantar. Depois do jantar, vinham trazer uma troca de roupa.

Já tinha conhecido todos, pois revezavam entre si por seus cuidados. Tinha se afeiçoado a Lucca, o mais novo, pelo jeito arrastado para a confusão contra sua vontade. Com certeza ele poderia ajudá-la.

Esperou até o almoço, seria a próxima vez de Lucca vir trazer seu pão e sua água.

Ele abriu a porta, tímido. Certamente com medo e arrependido de toda aquela loucura.

-- Lady Beatrice, aqui está seu almoço.-- murmurou o rapaz, com o olhar baixo.

-- Lucca, por favor… eu não aguento mais ficar aqui. Estou começando a achar que o lorde não vai vir…

O moço agachou-se ao seu lado, pesaroso.

-- Eu sinto muito, mi lady. Mas eu não posso fazer nada. Eu guardei essa maçã para a senhora.-- ele respondeu, tirando a fruta do bolso e entregando a ela.-- Esconda os restos, para que ninguém saiba.

-- Muito obrigada, Lucca. Eu sei que você é um bom moço. Me ajude.

-- Eu não posso fazer nada. Os outros estão lá fora e…

-- Lucca!-- uma voz grossa berrou, fazendo o moço levantar desesperado.-- por que está demorando tanto? Deixe essa vadia aí e venha já para cá!

Lucca apenas olhou para Beatrice e saiu. Nada precisava ser dito, ela sabia que teria que dar seu jeito sozinha. Ele não poderia fazer nada por ela.

Comeu a maçã e o pão, bebeu a água e continuava faminta. Os sintomas de gravidez estavam cada vez mais fortes e a fome que sentia era irreal. Infelizmente, não tinha nada para comer.

Continuou pensando em como fugiria dali. Não seria nada fácil, pois os delinquentes eram agressivos, vez ou outra podia ouvi-los brigando entre si, com direito a arremesso de móveis. O barulho deles era muito alto.

Não sei como ninguém ouviu e não entregou esses idiotas, pensou, certamente estamos no meio do nada, para que ninguém ouvisse esse escândalo.

Alguns minutos se passaram, Beatrice se sentiu sonolenta e adormeceu. Acordou com Gian Carlo a agarrando pelos braços.

-- Me solte! O que é isso? Me solte!-- berrou, assustada.

O homem era forte e violento, conseguia contê-la facilmente. Pelas expressões e pela porta fechada, Beatrice entendeu o que ele pretendia. Foi jogada num canto cheio de trapos velhos, Gian Carlo começou a desabotoar as calças.

-- Socorro! Alguém me ajude! Socorro! Não!-- ela gritava, esperando que alguém viesse socorrer.

Beatrice sabia o que aconteceria, se não tomasse uma atitude. Aquele cativeiro já era ruim sem algum homem nojento tentando forçá-la. Não iria aceitar isso!

Antes que o indivíduo viesse sobre si, Beatrice mirou bem entre suas pernas e agarrou suas vergonhas com toda força. O grito de horror saiu da boca dele instantaneamente, ele lhe dava tapas e puxava seus cabelos, na intenção de que Beatrice soltaria.

-- Sua vadia imprestável! Eu vou te matar!-- ele berrava, tentando se libertar.

Entretanto, Beatrice cerrou os dedos com todas as suas forças, sentia o corpo do animal perdendo intensidade. Ele segurava seus cabelos praguejando, mas ela não se importava. Enquanto ele não caísse de dor, ela não soltaria.

Logo, o grande Gian Carlo se rendeu. Caiu se contorcendo de dor. Beatrice aproveitou do momento frágil e levantou-se, chutando suas costelas e rosto. Estava furiosa e queria descontar tudo nele.

Chutou até ver sangue saindo do nariz dele. Então, procurou as chaves e saiu, olhando para os lados com cautela. Trancou o homem no quartinho, para se vingar mais um pouco.

Todos saíram e só esse imbecil ficou, por isso tentou fazer isso. Não há ninguém mais aqui, percebeu, enquanto saía pelos fundos.

Não havia nenhum cavalo, o casebre caindo aos pedaços onde estava, ficava no meio de uma floresta. Estava choviscando e Beatrice não sabia bem o que iria fazer para conseguir fugir.

Correu para o meio das árvores, desesperada. Sabia que os outros não tardariam a voltar e logo saberiam de sua fuga. Correu por alguns minutos e parou para descansar, estava com frio e suas roupas já tinham se molhado com a chuva.

Para onde correria? Não sabia nem onde estava. 

O Grande Amor De Um LordeOnde histórias criam vida. Descubra agora