Capítulo Dois

44 6 2
                                    

6 anos depois

Observei Emma pegar algumas pedrinhas e vir até mim. O parquinho estava bem movimentado, como sempre ficava aos sábados, mas eu já havia planejado o passeio e não queria voltar atrás por conta do número de pessoas. Odiava mudar o rumo dos meus planos.

— O que está fazendo, filha?— Perguntei à ela, que se posicionou ao meu lado e começou a colocar as benditas pedrinhas cheias de terra em meu cabelo.

— Uma coroa. Você é uma rainha, Maman. igual a rainha Ester. Muito linda.— Ela beijou meu rosto, me fazendo sorrir. Emma gostava muito desse livro da Bíblia, particularmente.

Vi Maddy caminhar até nós, com três sorvetes em mãos, tentando equilibrá-los.

— O que é isso?— Ela perguntou, se referindo às pedras em minha cabeça, enquanto se aproximava.

— Sabe... eu te ajudaria com os sorvetes, se não fosse uma rainha. Mas é você quem deve me servir.— Empinei o queixo e olhei as unhas, fazendo cara de deboche.

— Ah não, Maman... A rainha Ester era bondosa, você está sendo malvada.— Emma fez uma carinha triste.

— Estou brincando, meu amor.— Agarrei-a fazendo cócegas em sua barriguinha redonda. Ela ria.

— Chega, peguem logo os sorvetes antes que derretam.— Maddy riu, balançando a cabeça.

Peguei as casquinhas de sua mão. Ela sentou-se ao meu lado enquanto Emma se lambuzava com o gelado. Ótimo para aquele dia escaldante, só por isso eu deixaria ela tomar o sorvete. Não que eu fosse uma mãe chata, mas quando minha filha comia doce virava um furacão elétrico, dormir se tornava uma tarefa difícil, só eu sabia o que passava.

— Segunda-feira já começam as obrigações novamente.— Maddy suspirou.— Se eu não gostasse tanto do ballet, eu juro que enlouqueceria.— Ela riu.

— Não enlouquece porque gosta de ver o Frank todos os dias. Ou vai dizer que não? — Debochei.

— Engraçada você... Não enche, Louisa. Ele é mais novo que eu. Não gosto disso.

— Que preconceito. Misericórdia, Madeline! São só três anos, e Frank é um homem maravilhoso. 

— Então fica com ele pra você.— Ela balançou a mão, fazendo bico.

— Fico mesmo.— Provoquei.

— O quê?— Quase cuspiu quando eu disse isso.

— Viu? Você gosta sim.— Ri.

— Fala tanto de mim e do Frank. E você? Nunca mais namorou ninguém depois que Vince...— Ela se calou, constrangida, porque afinal, Vincent era meu marido e pai de Emma. E por mais que minha filha não se lembrasse, perguntava sobre ele e eu contava o quanto ele era bom e perfeito para mim. Ela se apaixonou pelo o que eu descrevia do pai, seus olhinhos brilhavam toda vez que ouvia. Mas, por mais que não doesse como antes falar sobre isso, eu sentia saudades. Portanto, preferia evitar o assunto.

— Não tenho esperanças de viver aquele amor outra vez. Era tudo tão perfeito, e uma coisa assim só acontece uma vez na vida.

— Como você sabe que aquilo era o mais longe que poderia chegar? E se não fosse?— Perguntou.— Desculpa... Eu não queria dizer isso. Fui impulsiva.— Ela colocou a mão na boca. 

Minha amiga falava tudo o que vinha à cabeça. Poderia ser bom ou ruim, dependendo da situação.

— Eu só sei...— Sorri, em vez de ficar ofendida.

Ficamos lá por mais algum tempo até decidirmos ir embora. Maddy foi para sua casa, colocar as séries em dia, e eu segui para a minha com Emma.

Depois do acidente, nós nos mudamos. Não daria para arcar com as despesas daquela casa e o aluguel só com o meu salário, ainda mais nos primeiros anos, quando tive que largar o ballet. Recebi o seguro de vida de Vincent e guardei metade em uma conta emergencial, que eu já tinha fazia algum tempo, para quando precisasse —não tinha destino específico—, e a outra metade na conta de Emma, que eu já tinha bem antes de engravidar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 04, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Quando Cristo é o AutorOnde histórias criam vida. Descubra agora