Sofia tentou passar seus braços em volta de mim, mas não permiti. Afastei-me de seu corpo, colocando minhas mãos como empecilho para que ela não me alcançasse, e me escorei na parede. Olhei para o chão, pensando na certeza de que não estava mais sozinha e nunca mais estaria e deixei as lágrimas rolarem. Fui escorregando pela parede e só parei de descer quando atingi o chão. Sofia passava a mão pelos cabelos e me olhava com pena, com a testa franzida, decerto pensando o que seria de nós agora. A grande verdade é que não existia um "nós"; um beijo nos dias atuais não significava mais nada, e mesmo que naquele momento eu tivesse certeza de que abrigava alguém dentro de mim, nunca me senti tão sozinha.
- Vem aqui, levanta do chão - disse ela, ao me estender a mão. Isso era tudo o que ela poderia fazer por mim agora: estender novamente a mão. Quando ela viu que eu não aceitaria porque abracei a mim mesma para tentar preencher o vazio que me dominava, ela se abaixou diante de mim e tirou meu cabelo do rosto.
- Eu não vou abandonar você - disse enquanto segurava meu rosto e me obrigava a encará-la. - Eu nunca mais vou abandonar você.
Ela nunca havia me abandonado antes, então não entendi sua promessa, mas entendi que ela falava sério. Seus olhos estavam cravados nos meus para que eu não tivesse mais para onde fugir. E aonde eu iria dessa vez?
- Você não entende! - gritei. - Isso é grande, é muito maior do que nós duas.
- Não precisa ser. - Ela enxugou minhas lágrimas e me levantou do chão, me puxando de encontro aos seus braços.
Eu poderia acreditar nisso? Poderia acreditar que ainda teria alguma chance disso não nos engolir? Eu não sabia e não queria descobrir. Deixei que ela me pegasse no colo e envolvi minhas pernas em sua cintura. Ela se sentou em uma poltrona ao lado da cama, ainda me segurando no colo.
- O que eu faço agora, Sofia? - Era uma pergunta retórica, não tinha mais nada a se fazer a não ser enfrentar as consequências. Mesmo que houvesse uma saída, ela jamais seria considerada e eu rezei para que Sofia não a mencionasse, porque caso contrário meu encanto por ela pularia de um prédio.
- Você assume a responsabilidade e vive um dia de cada vez - disse tentando sorrir. - Vamos viver um dia de cada vez, amor. - Até o dia em que isso se tornará pesado demais para você carregar em seus ombros, pensei.
Sofia retirou o celular do bolso e passou alguns segundos procurando por um contato em sua agenda telefônica, depois apertou o botão para chamar e colocou a ligação no viva-voz.
- Dra. Lauren, é a Sofia - disse. - Desculpe ligar num sábado.
- Sofia, minha garota, como vai?
- Eu estou bem, mas preciso lhe pedir um favor. - E fez uma pausa. - Preciso que você faca uma ultrassonografia de emergência na segunda, você acha que consegue?
- Claro, não vejo problemas, quem é a moça?
Era a hora, o momento do meu coração ser partido mais uma vez...
- Minha namorada - respondeu Sofia, sorrindo para mim. Meu coração afundou. Pensei que ficaria arrasada se ela dissesse que eu era uma amiga, ou apenas a irmã de seus colegas de apartamento, mas eu não fazia ideia de que vê-la se expor dessa maneira também me machucaria.
- Garota de sorte. Te vejo na segunda, umas 6h da tarde no meu consultório, tudo bem?
- Perfeito - respondeu, encerrando a ligação e voltando sua atenção novamente para mim. - O quanto antes você descobrir em qual estágio está a gestação, antes você poderá tomar todas as precauções necessárias. - A maneira com a qual ela falou não me deu margem para recusa.
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The Girl With Red Hair
RomanceLaura Buitrago é uma linda advogada bem-sucedida. Desde que assistiu a uma cerimônia de casamento pela primeira vez, ainda criança, seu sonho é apenas um: percorrer o tapete vermelho da igreja, vestida de noiva. Porém, contrariando todas as suas exp...