Capítulo 28 (Revisado)

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Na mesma noite eu e Ísis saímos para jantar. Coisas estranhas costumam acontecer quando estou com ela. É como se eu estivesse voltando ao passado. Constantemente. Em um lupping infinito. Todos os sentimentos que eu sentia por Helena voltaram.

Eu não sei explicar o que aconteceu comigo desde sua aparição, porém, eu não tenho a mínima dúvida que Ísis vai ferrar com a minha vida.

***

—Ué, você não ia para o Rio Grande do Sul? –Tito pergunta entrando no meu "escritório ".

—Ia sim.

—E porque não foi? –Se senta a minha frente e eu suspiro.

—Eu não posso ver a Alexia sendo que eu não sei mais o que eu sinto. Ela também está cada vez mais próxima do cantorzinho lá.–Dou um soco na mesa. —Eu odeio a forma como as coisas acabaram acontecendo. É tudo culpa de...

—Opa! –Tito me corta. —Você vai mesmo jogar a culpa na Alexia por você ter se apaixonado pelo reflexo da sua finada esposa? Qual é Daniel? Perdeu o juízo?  –Se aproxima mais de mim e eu reviro os olhos. —Alexia não fez absolutamente nada pra que isso tudo acontecesse!

—Ela foi embora! –Digo mais alto. —Me abandonou, abandonou o filho.

—Ela está construindo a vida dela Daniel! Assim como a Débora está! E ao contrário de você eu não me encantei pelo primeiro rabo de saia que apareceu, isso é questão de caráter irmão, não de quanto tempo se pode passar sem sexo. –Bufo.

—Também não é culpa minha eu.

—É culpa sua sim! –Diz autoritário. —Durante mais de um ano você usou a Alexia para tampar o buraco que Helena deixou!

—Isso não é verdade.

—É verdade sim! Você nunca esqueceu Helena, –Aponta o dedo pra mim.— Você usou uma menina para concertar o estrago que a morte de Helena deixou.

—Você está louco. ---Digo ofendido.

—Eu sou um louco com razão! Você não se apaixonou por Ísis, você está querendo viver com ela o que não viveu com a Helena, só que você está esquecendo que Ísis e Helena não são a mesma pessoa! —Se levanta.

—Eu não sou um idiota Thiago. Eu sou grande o suficiente para fazer minhas escolhas e me responsabilizar pelas consequências. —Levanto também, dou a volta na mesa e fico cara a cara com ele.

—Você não pode brincar com os sentimentos da Alexia dessa forma.

—E você não pode se meter na minha vida como se fosse alguma coisa minha, eu não sou nada seu, para de agir como se fosse meu pai!

Os olhos do Tito se enchem de lágrimas e por um segundo acho que o mesmo vai chorar. Porém ele engole em seco. E com voz rancorosa fala:

—Eu cuidei de você durante toda minha vida. Cuidei como se fosse meu irmão mais novo. Porém pra você é mais importante correr atrás de um rabo de saia do que aceitar a realidade.

—Você não fez mais que a sua obrigação durante esse tempo todo, você teria que fazer mais que isso para agradecer por meu pai ter te criado! Você era apenas o filho dos empregados, ele não tinha a mínima obrigação de cuidar de você depois deles morrerem!

—Eu não reconheço você.

—Estou apenas falando a realidade, tanto você quanto Fernando tinham que me agradecer pelo o resto da vida! Foi por minha causa que os dois não foram parar no olho da rua quando o acidente aconteceu! –Soco a mesa. —Mais olha a forma que vocês me agradecem... Fernando atira em mim, e você Thiago, você me apunhala pelas costas, prefere defender alguém que você mal conhece ao invés de defender quem passou a vida sendo seu irmão!

—Olha só, eu admito que o Fernando nos últimos anos tem sido um pé no saco, porém nada justifica você ter jogado na minha cara essas coisas. Eu não tive culpa do que aconteceu, Fernando também não tem. —Diz e segura meu braço. — Nós três somos irmãos... Henrique e Laura nos criaram dessa forma.

—Sou filho único. Não tenho irmãos. –Puxo meu braço de volta.

Thiago começa a revirar seus bolsos e jogar tudo em cima da mesa. Comunicador, chaves, munição e sua arma.

—O que você está fazendo? –Seguro sua mão. 

—Estou fazendo o que eu deveria ter feito a meses atrás quando essa palhaçada começou! Durante esse tempo todo fiz papel de trouxa, protegendo como irmão um cara que me vê como inimigo. –Ele me olha com os olhos fulminantes. —Vou para o Rio Grande do Sul e depois para a Itália, vamos ver até onde a máscara de bom moço vai aguentar, Daniel.

***

O Príncipe Do TráficoOnde histórias criam vida. Descubra agora