único

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 — Você só está com inveja, TaeTae. – replicou o outro.
   

 Ambos garotinhos estavam sentados no quintal da casa de férias da família Park, localizada num subúrbio calmo do belo Japão. TaeHyung – o "TaeTae" – estava de braços cruzados e emburrado, olhando cobiçoso para a pelúcia de JiMin, que a segurava ainda mais forte só para irritar.
   

 O motivo para a cena era que, mais cedo, suas famílias saíram juntas para o shopping, para comemorar o aniversário de TaeHyung e, ao passar pela loja de brinquedos para comprar um presente, JiMin convencera seus pais a comprar o "seu irmão por raça": um super unicórnio gigante de pelúcia. Seu amigo ganhou um jogo novo que estava pedindo a tempos, mas começou a implicar com o bendito unicórnio.
   

 — Mas o aniversário é meu! Por que você acha justo ganhar um presente também?
 

JiMin revirou os olhos mais uma vez naquela tarde.

 — Eu já disse! Eu não ganhei um presente – falou baixando a voz teatralmente, fazendo-a virar quase um sussurro –, eu salvei um irmão!

  Tae resmungou alguma coisa a ver com mentiras e aniversários, e recostou na árvore gelada, tremendo um pouco. Minie encostou o rosto fofinho na face do unicórnio, observando o garoto a frente, e tentou descobrir se ele estava chateado, constatando o óbvio. Então, sussurrou um "já volto" para sua pelúcia e ficou do lado do aniversariante.

 O mais novo sequer demonstrou ter visto alguma movimentação, ainda de braços cruzados e olhando para o laguinho do parque diante da casa. Estava muito chateado, mas sabia que se olhasse para seu amiguinho, ele ia arranjar algum jeito de ser perdoado. Conhecia JiMin a bastante tempo (8 anos era muito tempo, não era?) para saber que o menino era, no mínimo, um mago. Confessava já ter aproveitado de algumas vezes essa magia, como na vez em que foram ao cinema e ele pediu "só mais um doce"; ou quando sua professora estava chateada com a conversa excessiva dos dois e Minie fez com que, de alguma forma, não ligasse para os pais; ou quando... Muitas outras façanhas do mais velho passaram por sua cabeça, e Tae só se sentiu mais firme na decisão de olhar para frente e evitar contato.

 — O que você 'tá olhando? – perguntou Ji depois de um tempo, com uma voz fofinha. O Kim permaneceu impassível. – É aquele lago? O papai falou que daqui a uma semana ele vai estar completamente congelado, e a gente vai poder pegar nossos patins e brincar lá! Legal, né?

 Ele quase sorriu com a ideia de brincar no gelo. Verdade que adorava patinar, e no lago congelado era três vezes mais legal! Ia responder, mas lembrou do unicórnio e ficou quieto. JiMin não tinha perdido o quase sorriso do amigo, mas sabia que teria de fazer muito mais que só tagarelar para convencê-lo a conversar consigo.
 

— TaeTae... – disse, arrastado. Ao não haver reação, ficou de frente para o aniversariante e fez sua melhor cara de cachorrinho que caiu da mudança – Eu não estava tentando roubar o seu aniversário... Nem seus presentes! Eu só queria um unicórnio para podermos, nós dois, juntinhos, brincar... E também, ele era meu irmão, lembra que eu te falei que eu sou um unicórnio? Você deixaria seu irmão numa loja de brinquedos?
 

TaeHyung fez um bico e cruzou os braços ainda mais forte, desviando o olhar. Não era justo, de todo o jeito, e foi isso que resmungou.
 

— O quê? – perguntou JiMin, sem entender.
 

— Não é justo de toda forma! – disse ele, sem olhar para o amigo. Quando olhou aquela cara, ele suspirou chateado – E também não é justo você usar essa magia de unicórnio só para eu te perdoar, Ji!
 

O pequeno Park deu um sorriso grande e abraçou Tae, que, vencido, retribuiu o abraço.
 

— Estou perdoado! Uhu! – JiMin fez uma dancinha enquanto pegava o unicórnio de volta e levantava. Tae ainda parecia ressentido, então ele ofereceu a pelúcia. O menino franziu as sobrancelhas, e ele explicou – Toma. Pode ficar por enquanto.
 

O sorriso quadrado de Tae resplandeceu tão grande que Ji ficou até um pouco sem graça.
 

— Obrigado Minie! – gritou, e abraçou o unicórnio. O mais velho riu, e com um ar de riso perguntou:

 — Corrida para ver quem chega primeiro em casa?

 — Eu vou ganhar! – disse Tae, correndo desajeitado. JiMin berrou um "coma poeira!", e saiu correndo também.

 Afinal, eram só duas crianças disputando um unicórnio que, até o final do dia, jazia esquecido no sofá da sala de estar.

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olá! acho que essa é minha primeira fanfic do wattpad, mas espero que seja a primeira de muitas.
enfim, espero que você que leu goste, e que seu momento do dia seja muito bom. obrigado por vir até aqui, e se gostar, deixe uma estrelinha :D

até mais!

~gabriel, ou kanato, ou kkoch

Não é justo!Onde histórias criam vida. Descubra agora