V - capítulo
A descoberta da estranha cor da pena do beija-florzinho pegou o rei e seus conselheiros de surpresa. Depois de acirrada discussão eles resolveram entrar em ação e neutralizar beija-florzinho o mais rápido possível, pois, com certeza, ele sabia de coisas que os amarelos não podiam saber.
O espião concordou, mas, aconselhou ao rei para que isso fosse feito de forma cautelosa, pois o beija-florzinho era muito querido e adorado pelos amarelos, prendê-lo sem uma justificativa, poderia causar uma grande confusão.
Os conselheiros elaboraram um plano. De forma bem orquestrada, começaram a espalhar boatos que levantavam suspeitas quanto à origem do beija-florzinho. Sugeriam que ele viera de um reino tenebroso distante e estava ali para ganhar a confiança de todos e levá-los a perdição etc.
* * *
Pelos quatros canto da aldeia todos comentavam e levantavam suspeitas sobre os dons artísticos e os frequentes discursos que o beija-florzinho fazia contra o rei e os nobres da côrte.
Sua vida começou a se complicar, a cada aparição alguém o acusava de alguma coisa. Ficava cada vez mais difícil desfazer as suspeitas que haviam sobre ele. Muito amarelos passaram a olhá-lo com desconfiança.
Enquanto isso, nos porões do castelo, o bruxo aprimorava um solvente para dissolver vagarosamente a tinta especial das penas do beija-florzinho e pôr em ação o plano de neutraliza-lo. O bruxo trabalhou incansavelmente, dia e noite, até encontrar a fórmula perfeita.
O bruxo apresentou o solvente especial ao rei e seus conselheiros. Eles deram início a segunda parte do plano de incriminar e prender o beija-florzinho. Esperaram o momento favorável e entraram em ação.
O rei decretou que o beija-florzinho fosse preso, acusado de perturbação a ordem e conspiração contra o reino.
O beija-florzinho foi submetido a um exaustivo interrogatório em que não tinha a menor chance de falar em sua defesa.
Passaram os dias. O rei convocou todos os beija-flores para um encontro geral na grande praça do reino para concluir ali o que tinha planejado com seus conselheiros.
O beija-florzinho foi preso, açoitado e arrastado pelas ruas. Seu corpo ferido foi amarrado com as asas abertas no meio da praça para que, servisse de exemplo e todos nao tivessem dúvidas de como o rei tratava os inimigos do reino.
Diante dos olhos de todos o velho bruxo expos o pote de solvente especial, dizendo trata-se de uma fórmula mágica que revelaria a verdadeira cor do beija-florzinho e despejou o solvente sobre suas penas pintadas.
As horas passaram e, para espanto geral, a cor esverdeada brilhante das penas do beija-florzinho foi se revelando. No final da tarde, já sofrendo com o cheiro do solvente, o beija-florzinho parou de respirar.
Muitos amarelos ao verem as cores brilhante das penas do beija-florzinho, começaram a chorar. Alguns entraram em desespero, acreditando que tinham sacrificado o beija-florzinho da lenda que o grande beija-flor tinha prometido enviar para liberta-los da escravidão, Pois, tudo que ensinava, eram exercícios de amor entre os semelhantes, independente das cores das penas.
A beija-florzinha amarela, que ajudou a criar o beija-florzinho, foi ao castelo pedir a autorização aos nobres azuis para retirar o corpo do beija-florzinho do meio da praça.
No caminho encontrou a princesa. Abraçou-a chorando e relatou a ela o acontecido.
Para sua surpresa, a princesinha reagiu tranquila e a consolou pedindo para que se acalmasse, dizendo que tudo tinha ocorrido exatamente como previsto. Seu filho tinha que ser sacrificado para que pudesse liberta-los das mãos dos azuis, e ele faria isso de forma sábia e tranquila, sem conflitos e sem derramamento de sangue.Confusa e sem entender o que a princesa estava falando, a beija-florzinha voltou a aldeia e, junto com os amigos, retirou o corpo do pequeno beija-flor do meio da praça e o levaram para sepultado em uma gruta no alto de uma pequena montanha nos arredores do reino.
O Rei escolheu dois beija-flores amarelos de sua confiança para vigiar a gruta. Não queria que os amigos do beija-florzinho cometessem o sacrilégio de retirar o corpo de lá para sepulta-lo no lugar em que amarelo e azuis tinham como sagrado, pois, como justificava, argumentava que isso desonraria os antepassados dos beija-flores.
Veio à noite, os guardas estavam quase dormindo quando um barulho estranho no céu os despertou. Olharam e viram vultos se movendo. Os vultos flutuaram fazendo diversos movimentos e desceram rapidamente em direção a eles que, apavorados, fugiram em desabalada carreira.
No outro dia, a beija-florzinha amarela e as amigas dirigiram-se a gruta. No caminho perceberam uma grande movimentação. Muitos seguiam apressadamente. Ouviam-se comentários sobre um estranho acontecimento ocorrido na noite anterior, mas ninguém sabia explicar ao certo o que tinha acontecido.
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A LENDA DO REINO DOS BEIJA-FLORES.
WerewolfVoce sabia que os Beija-flores não andam? A Lenda do Reino dos Beija-flores é uma história mágica. Seu primeiro narrador foi e é, o imemorial Rei de Maracá, imperador da lendária aldeia dos contadores de histórias da floresta. Essa lenda revela uma...