sabor banana;

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Jeon Jeongguk iniciou seu dia como sempre fez em toda sua rotina: acordou, levantou-se, tomou seu bendito café da manhã, um banho demorado e escovou os dentes. Penteou os cabelos levemente, já que gostava de seus fios escuros na forma natural, e começou a colocar o uniforme, o qual consistia em, basicamente, suas calças jeans escuras, uma blusa azul marinho e um avental branco como a neve — ele fazia questão desse detalhe —, além de seu boné branco com a aba para trás.

É de se imaginar que esteja se questionando: em que Jeongguk trabalha? É, inclusive, uma história interessante...

O rapaz, quem contava já seus vinte anos, desde criança sempre teve um gosto assíduo pela culinária, já que achava o ramo super belo e atrativo. Fala sério: mexer com comida! Então, os anos foram passando e, quando adolescente, dedicara-se a aprender pequenas receitas com sua mãe e pai — visto que ambos eram excelentes cozinheiros, havia até disputa nos almoços de domingo. Talvez por isso não ocorreu demasiada resistência por parte deles ao que o Jeon, logo aos quinze anos, negara a ideia de faculdade e firmara sua presença em diversos cursos gastronômicos.

Com alguns certificados em mãos, o rapaz passara a pensar em como aplicar seus conhecimentos. A primeira ideia que tivera fora fazer uma pequena banca perto de sua casa, na qual vendia alguns sanduíches e limonada — algo que aprendera com filmes e seriados estadunidenses — para as crianças da creche, após o fim das aulas. Obviamente, não dera muito certo; acabou desistindo.

Passou dois anos desesperançoso, juntando dinheiro para uma faculdade na qual não estava interessado, já sentindo a frustração acompanhá-lo por toda a vida.

Foi, então, aconselhado por um amigo a mudar de estratégia. Segundo ele, o Jeon podia fazer algo móvel, de forma que buscasse novas clientelas sempre que o movimento caísse. Outra coisa que ouviu — e seria uma ótima ideia de fato — foi: precisa vender alimentos mais famosos naquela cidade. Ora, Busan era uma cidade praiana! Precisava vender coisas mais refrescantes.

Lógico: um carrinho de mão com sucos tropicais. Aprendera a misturar sabores, combinando-os perfeitamente. Assim, com o tempo, logo estava Jeon de volta às ruas e praias de sua cidade natal, detendo um carrinho pequeno de cores quentes e chamativas, só não mais do que as garrafinhas de material resistente contendo seus sucos naturais.

Passara quase três meses no ramo, dando tudo de si ao divulgar seu trabalho manualmente pelas mais diversas praias da cidade litorânea. Havia dado certo no início e nada poderia ser mais animador. Turistas interessavam-se pelas colorações atípicas dos refrescos, sendo enfim conquistados pelos sabores que agradavam o paladar. Elogios eram soltos ao vento o tempo todo e o Jeon não poderia estar mais orgulhoso de si mesmo.

Isso até a temporada praiana chegar ao fim e, assim como o fluxo de turismo, suas vendas caírem tão rápido quanto suas lágrimas ao constatar que, sim, havia falhado. De novo.

Meses de investimento para nada.

Contudo, após mais um conselho e um filme de comédia romântica estadunidense muito clichê, Jeongguk finalmente entendeu o que estava faltando e em que estava errando. Ele sentiu uma animação grandiosa domá-lo ao perceber em que tipo de alimento deveria investir: sorvete e picolé.

Sim, sorvete!

Amava sorvete e precisava aprender a fazer! Era o que faria.

E foi exatamente isso que o motivou ao longo de um ano. Primeiro, fez outro curso para aprender a preparar tal alimento. Depois, ainda com o carrinho de mão, começou a vender os picolés que ele mesmo fabricava — com certa ajuda da mãe — e, em pequenos potes, sorvetinhos caseiros. Estes últimos começaram a fazer um sucesso absurdo nas praias quentes de Busan, evidentemente; entretanto, quando passou a adentrar a cidade, seu lucro ainda se mantinha razoavelmente. Pudera, uma vez que eram mesmo uma delícia.

Duas bolas, por favorOnde histórias criam vida. Descubra agora