Hold Me, Trust Me

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Bae Joo Hyun havia nascido em 1878, na Coréia que, após a Guerra das Coréias na década de cinquenta dos anos 1900, viria a ser um país conhecido como Coréia do Sul. Teve um vida regada de luxo sendo parte de uma das famílias ricas que ali viviam. Mas tudo pareceu mudar com o declínio da Dinastia Joseon e a chegada da constituição em 1899, quando Joo Hyun estava com seus vinte e um anos.

Foi também, nessa época, que o desespero de seus pais para casá-la levou a sua fuga no meio da noite. Irene, nome que viria a usar nos dias atuais, não imaginava que os mitos sobre bestas bebedoras de sangue poderiam ser reais. Mas foi uma dessas bestas quem mudou sua vida drasticamente.

Os dentes afiados dilaceraram a carne de seu pescoço, antes que a boca envolvesse a pele pálida para sorver do líquido vermelho, sem que ao menos ela tivesse a oportunidade de gritar para pedir socorro. Seu corpo jazia no chão, quase sem vida e ela foi recolhida por um jovem rapaz que a acolheu e levou-a para sua casa, dando de seu sangue para que ela pudesse completar a transformação e, assim, renascer.

Joo Hyun começou a ser treinada por Ahn Jae Hyun. O rapaz que a havia salvado. Ele tinha alguns itens de proteção contra os efeitos da luz solar que, não os matava, mas causava queimaduras severas o suficiente para deixá-los em carne viva, indo até seus ossos. Jae Hyun era um rapaz gentil e foi, também, o primeiro amor de Irene. A quem ela amou e quem lhe zelou por quase trinta anos a partir da data de sua transformação.

O ano era 1917 e a ocupação nipônica na Coréia trazia consigo o caos e o desespero. Jae Hyun tentava manter o alto padrão de vida e o conforto de Joo Hyun, mas tudo parecia completamente inútil. Em uma noite que ambos saíram para caçar, encontraram com uma jovem de cabelos compridos e feições únicas que tinha os pés completamente esfolados pela corrida em meio à mata fechada e várias partes de seu vestido de empregada rasgado. Ela tinha uma faca fincada em seu abdômen e parecia completamente assustada.

— Ela vai morrer. — a vampira tinha chegado àquela constatação antes mesmo de Jae Hyun verbalizar o que temia.

— Salve-a. — em um estímulo, Joo Hyun apertou o ombro de seu companheiro que, de pronto, a atendeu.

Joo Hyun removeu a faca da barriga lisa da desconhecida e lambeu sua ferida.vendo o corte fechar pouco a pouco. O farfalhar de folhas e vozes masculinas surgiram ao longe. — Ela foi por ali! — a voz grave ecoou por entre as folhas das árvores enquanto Irene olhava assustada para seu amante.

— Pegue ela e vá para casa! Para casa! Me entendeu? — Bae assentiu com os olhos arregalados e jogou a garota com o rosto sujo de sangue sobre um de seus ombros. Jae Hyun a beijou, colocando o anel que o protegia do sol em sua mão. — Amo você, minha querida.

A contragosto, Joo Hyun afastou-se com a desconhecida, levando-a para a residência onde morava com Jae Hyun. Cuidando dela do mesmo modo que o homem havia cuidado de si.

Os dias passavam, a garota, Kang Seul Gi, continuava com suas tentativas de adaptação. Jae Hyun não voltara e o peso no coração de Irene parecia aumentar gradativamente a medida em que o tempo corria. Ela procurou por seu amado por dias a fio antes de descobrir que ele havia sido morto.

Naquela noite, ela chorou. Consolada pela única amiga que havia tido em toda sua vida. Jae Hyun havia se sacrificado por elas. Talvez tivesse falhado em tentar lidar com todos aqueles soldados que caçavam a pobre ladra de comida que Seul Gi havia se tornado.

Novamente, conseguiram se adaptar. Joo Hyun seduzia os ricos e ocupantes japoneses e os roubava para matá-los. Sua aparência delicada como uma rosa trazia certa excitação aos homens que pensavam que ela era bem mais nova. Bae parecia pura como a neve, característica que despertava a luxúria de muitos homens enquanto fazia Seul Gi temer cruzar qualquer limite possível com a amiga.

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