eight

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Dahyun estava cansada

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Dahyun estava cansada.

Treinava e treinava, mas nunca estava perfeito. Os dedos cansados corriam incessantes pelas cordas, o arco indo e voltando, buscando as notas perfeitas, um tempo perfeito. O violoncelo que ganhara de aniversário aos três anos, desde então seus pais lhe diziam que deveria aprender, sempre mais, nunca estava bom o suficiente. O som tão doce tornara-se mais tortuoso que qualquer melodia fúnebre.

Não tinha tempo para mais nada, era pura música, puras notas, puro tempo. Deixara de lado tantas outras coisas que nem lembrava se ainda havia restado um pouco de si perdida entre um acorde e outro.

Talvez sua única diversão estivesse nas palavras deixadas naquele livro azul. Também um presente, de sua avó.

Atrás da capa velha e um tanto desgastada, não cansava de ler a dedicatória marcada com tinta de caneta.
Se perdia por horas entre aquelas palavras tão cravadas em sua mente. Ao mesmo tempo em que se perdia, nunca havia encontrado tanto a si mesma. Releria aquela história por quantas vezes fosse, sem se cansar nunca, como uma daquelas músicas que não dá pra parar de ouvir.
Sentada em sua cama aquela noite, a garota sentia falta de algo sem nem saber o quê.
A janela estava levemente aberta e o ar gélido invadia o cômodo claro.

Impulsionou o corpo para fora, virou o rosto de um lado para o outro procurando alguma coisa. Sentia como se alguém estivesse ali.

Mas não havia ninguém.

Voltou para a cama e se afundou nas cobertas, pegando o livro em sua escrivaninha. Nunca cansaria de olhar a menina que ficava entre as páginas, a protagonista da história, desenhada cuidadosamente na página final.

Havia algo no olhar que Dahyun nunca saberia decifrar.

Era possível se apaixonar por uma personagem? Porque Dahyun sentia-se completamente apaixonada por Minatozaki Sana.

Alguém que nem sequer existia.

Fim.



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