Depois de muita fofoca, e muito espumante, Henry pediu para que fôssemos pra casa. Mamãe não aguentava mais os sapatos apertados, Aisha já tinha dormido no sofá e papai estava lavando a louça. Assim como em todo o ano, éramos os primeiros a ir embora, geralmente pela motivação errada: assistir filmes natalinos na Netflix (porque filmes natalinos são os melhores que existem) ou nos entupir de panetone, falando sobre todos os defeitos da família.
Porém, como aquele era um ano atípico, com surpresas atípicas e brigas resolvidas, fomos embora pelos motivos certos. Como era noite de Natal, Henry pôde dormir com a gente, e isso o deixou muito melhor. Mas na manhã seguinte, ele sabia que teria que enfrentar a realidade, e estava com um péssimo humor.
- Tenho péssimas experiências com avós. - Henry reclamou, papai estava tentando aconselhá-lo.
- Eu não sei muito bem o que a sua mãe tá querendo com isso, mas pensa que pode ser bom se vocês dois se derem bem. Quer dizer, você vai ganhar outra avó. - ele disse, Henry não se animou.
As olheiras dele estavam muito marcadas, com bolsas roxas enormes, e mesmo com o pequeno ganho de massa muscular, seu rosto parecia magro, exausto. Eu o conhecia, ele não suportava a ideia de que a avó dele não quis nem ao menos conhecê-lo... e agora, sem mais nem menos, depois de ele quase ter superado, ela resolve dar uma de "vó do ano"? Me poupe!
- Bom, se ela não gostar de mim, não vai ser como uma decepção, já que eu não criei expectativa nenhuma sobre isso.
- Com isso você não precisa se preocupar. - interrompi - É praticamente impossível odiar você. - afirmei.
Estranhamente, depois da minha fala (que tinha sido apenas um incentivo) os dois se entreolharam. As bochechas de Henry ficaram vermelhas como um pimentão e papai deu um sorriso bobo. Qual é? Garotos eram tão esquisitos...
- Eu falei alguma coisa errada? - perguntei, vendo aquelas reações esquisitas.
- Não, querida. - papai levantou, depositando um beijo no topo de minha cabeça - A gente só não tá acostumado com seus elogios para o Henry. Vocês dois vivem brigando igual cão e gato.
- Isso é porque o seu afilhado me estressa. - falei, indo bagunçar o cabelo dele.
- Como se você fosse um poço de qualidades, não é? - ele beliscou minha barriga.
- Sim, é o que os garotos dizem. - brinquei. Foi uma péssima ideia, aliás.
Papai e Henry pararam de rir e olharam de forma séria para mim. Não sabia se ficava com medo ou irritada.
- Magoei a masculinidade de vocês? - fingi estar comovida.
- Desculpa, querida, eu não quis soar antiquado. - papai disse, massageando as têmporas - Ninguém me avisou que minha filha ia namorar um dia. - ele resmungou, se retirando segundos depois.
- Eu não pretendo namorar, pai. Mas pode sofrer a vontade. - brinquei, ele pareceu mais tenso ainda.
O que havia de errado com os homens daquela casa????
Fiquei alguns segundos encarando Henry, até que ele acordasse e me desse uma explicação sobre sus mudança brusca de humor com meu comentário sobre garotos.
- Não seja anormal, é óbvio que vai namorar. - ele disse, como quem não quer nada.
- É mesmo? Com quem?
- Deve ter uma lista enorme de pretendentes. - ele deu de ombros.
- Ah, é verdade. Inclusive, eu tenho até que marcar hora pra cada um deles, de tantos que são. Você poderia me ajudar a administrar melhor os meus pretendentes, não é? - estava sendo irônica.
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O Irmão Da Minha Melhor Amiga 3
DiversosContinuação do livro O irmão da minha melhor amiga. Assim como nos contos de fadas, Kate e Alissom haviam se apaixonado. Fruto desse amor, mas não dá maneira tradicional, surgiu sua filha mais velha: Duda. Uma menina doce, gentil e muito focada... f...