Capítulo Vinte e Seis

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Não havia nada mais desagradável do que despertar com uma intensa dor de cabeça causada pela ressaca no seu próprio quarto e com uma colega de trabalho ao lado.

De repente, o alarme do meu celular começou a tocar. Droga. Eu estava muito atrasado.

— Eliza, acorda! — falei, a cutucando. Elizabeth Paul, ou Eliza como eu costumava chamá-la para irritá-la, tinha sido uma pedra no meu sapato desde que nos conhecemos quando entrei para a empresa que ela trabalhava. Vaidosa, convencida e manipuladora, eu a odiava quando estávamos no escritório. Contudo, depois que percebemos que frequentávamos o mesmo bar, a nossa relação debaixo dos lençóis se tornou bem diferente.

— Cala a boca, Jason, eu estou tentando sonhar com o dia em que você for demitido da empresa. — resmungou ela.

— Você não se livraria de mim assim tão fácil. — pisquei, buscando por roupas limpas e causais no meu guarda-roupa.

— Mas você parece bem ansioso para se livrar de mim. — Eliza retrucou, se levantando para se vestir de uma maneira que eu pudesse ver suas costas nuas. — Eu esperava pelo menos um café.

— Eu pareço um dono de pensão de cama e café da manhã para você? — repliquei. Ela revirou os olhos e passou a arrumar a minha cama. — Ei, já falei para não fazer isso.

— Alguém precisa fazer isso.

— Eu vou arrumar. — falei, segurando sua mão para que parasse.

— Você disse isso da última vez que estive aqui. E ontem estava uma bagunça. Por Deus, eu não sou sua babá, arrume sua cama!

— Se eu fizer isso vou perder o posto de cara mal, sério e misterioso com o pessoal. — brinquei.

— Ninguém acha que você é sério e misterioso. Na verdade, você foi escolhido como palhaço da equipe. — disse Eliza, me empurrando levemente para que eu saísse da frente dela e se dirigiu para fora do quarto até sala.

— Quando foi essa votação? — indaguei, indo atrás dela. — Vocês vão me obrigar a usar uma fantasia de palhaço e colocar uma foto na entrada? E, você foi escolhida para ser o que? O carrasco?

Eliza ignorou meu comentário e começou a juntar seus pertences.

— Para o que você está atrasado? — perguntou ela.

— Não estou atrasado.

— Claro que está atrasado, você sempre está atrasado. Me fala, planos em Nova York?

— Nova York... — balbuciei. — Nunca ouvi falar.

— Eu sei que seu filho mora em Nova York. — respondeu, apontando para de uma das milhares fotos que eu tinha de Tommy, meu filho de dezessete anos.

— Ah, como eu pude esquecer. — fingi lamentar. Eliza abriu a porta para sair, porém, acabou trombando com meu meio-irmão que entrava no apartamento após sua corrida matinal.

— Você está fedendo, Jamie. — queixou-se ela, chamando-o pelo apelido.

— É... é porque eu estou suado. — gaguejou James. Depois de decidir sair dos dormitórios de Yale porque seu colega de quarto era insuportável, ele ainda precisava de um lugar para morar e se recusava a ir para a casa do nosso pai. Como tínhamos o ódio por ele em comum, eu permiti que dividisse o apartamento comigo até se formar. — Ao contrário de você... Você está ótima.

— Eu já acordo perfeita. É um dom. — ela sorriu e saiu.

— Uma mulher e tanto que você arrumou. — disse James. — Será que ela aceitaria se eu a chamasse para sair?

A MÃE DO MEU FILHOOnde histórias criam vida. Descubra agora