Prólogo

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Apesar do frio, o dia em Varenna estava ensolarado. As nuvens de chuva haviam se desfeito, restando somente os raios de sol e a brisa gelada da cidade italiana. 

Sua mãe já ajeitara seu casaco três vezes, alegando ter achado pelos de gato. A garota riu com o comentário da mãe, afinal, nem sequer tinha um bichinho para chamar de seu. Sabia que ela só estava tentando a deixar apresentável, por mais que aquilo fosse obviamente impossível. A jovem não ligava muito para aparência, na verdade, há muito tempo ela já não ligava para muitas coisas.

Um carro se aproxima da casa, passando pela longa pista pavimentada em meio a plantação. A lataria negra se destaca entre as folhas verdes do milharal. Sua mãe solta um suspiro de alegria. Pela janela do primeiro andar, conseguia ver seu pai no jardim, dando as boas vindas ao visitante que chegara. 

“Vamos descer, por favor, seja simpática querida” disse, se encaminhando para a escadaria. Sabia que aquilo não era um pedido de mãe, e sim, uma ordem. Tinha prometido na noite anterior ser educada e carismática, apesar de não ver sentido nenhum em abrigar um estranho na própria casa. 

Quando chegaram ao térreo, seu pai e o convidado já estavam sentados no sofá da sala, conversando como se fossem amigos de longa data. Os dois rapidamente se levantam ao notar a chegada da presença feminina.

 “Este é o Henry” seu pai fala, apontando para o homem ao seu lado. Henry tinha pele cor de oliva, não muito bronzeado, nem muito pálido. Seus olhos eram de um verde escuro, quase negros. Os traços de seu rosto eram delicados, em contraste com a altura e corpulência. Tinha leves olheiras, como as de alguém que tinha dificuldade para dormir. 

Usava um blazer preto, camisa branca e jeans. Sentiu-se mal de estar com aquele casaco velho, mas lembrou a si mesma que não se importava. Tentava adivinhar quantos anos o homem teria, deveria estar na casa dos 30...

Ele estende a mão primeiro para a sua mãe. “Muito prazer Sra. Sloan” ele diz, a voz um pouco rouca. 

“Ora pare com isso, me chame só de Isabel” diz com um brilhante sorriso no rosto. A garota, desde pequena desejava se parecer mais com a sua mãe. Se tivesse metade da beleza dela, seria a mulher mais feliz do mundo. Isabel tinha a pele cor de oliva, dourada como o sol, os cabelos negros caíam como cascatas até o quadril, os olhos eram escuros e a feição era suave e bondosa.

 A mãe era espanhola, conhecera seu pai ainda jovem durante uma viagem, se apaixonara e se mudara para a Itália. 

Vendo ela ali, com um sorriso escancarado, sentia como se estivesse voltado no tempo, na época em que era criança e tudo não passava de alegria e risadas. 

Henry estende a mão, a desviando de seus pensamentos. 

“Prazer em conhecê-la. Qual o seu nome?" pergunta, a mão gelada se aquecendo ao receber o toque firme do rapaz. 

Mãos lisas, pensou, nunca deve ter trabalhado duro nessa vida. 

Ficou com raiva, só de cogitar que ele era um metido. 

Respirou mais uma vez, afinal... quem era ela para julgar?

Puxou o ar mais uma vez, forçando o seu melhor sorriso. 

"Meu nome é Blue." 

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⏰ Última atualização: Apr 29, 2020 ⏰

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