O INÍCIO DE UM NOVO CONFRONTO

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 Caio, continuou a olhar para ela, durante mais alguns longos minutos. Era como se estivesse, buscando bem no âmago do seu ser; toda a energia, que seria necessária, para ter á possibilidade, de pôr em palavras, o que lhe estava na alma, neste preciso instante.

Olhar para Marina, era como se estivesse olhando, para uma parte de si mesmo. Uma parte muito preciosa e vital, se diga de passagem.

Uma enorme parcela dele, estava contida nela. Por isto, fora tão complexo, conseguir superar a perda dela e seguir em frente.

Na realidade, nunca o fizera de modo completo. Pois, sem a mesma, sempre estava faltando, um lado dele; que julgava, que nunca mais, iria ser recuperado.

Daí então, como se fosse Um Milagre De Deus, ela, retornara para a sua vida. E foi como se todo o tempo, que houvessem passado separados, jamais tivesse existido.

Se sentira, pois, inteiro outra vez. E foi como se o sol, finalmente, voltasse a brilhar, com todo o seu esplendor e intensidade; impregnando de luz, a existência dele; a tornando, uma vida, com todo o sentido de novo.

Marina, era assim!... O seu sol!... A sua luz!... A essência de sua vida!

Tudo do que necessitava, para poder se manter a respirar, era ela!... E...sempre...iria...ser!

Por esta razão, que era tão difícil e penoso, tentar organizar, os próprios pensamentos e sentimentos; antes de finalmente, os colocar para fora. Como poderia, vir a lhe dispensar; se o seu coração e a sua alma, clamavam, para a ter de volta, em sua vida e em sua cama!?

Como ir de encontro, aos seus próprios sentidos emocionais e usar á razão!? Era uma missão muito dolorida.

Precisava ser feita, entrementes. Tentou se recompor um pouco.

Para tanto, decidiu olhar, para algum ponto, em meio ao infinito, através da janela do quarto. Até que depois deste tempo, que apesar de curto, pareceu longo demais para os dois; ele, resolveu enfim, falar algo.

Ainda que não fosse propriamente, o que estava sentindo e desejando realmente. Mas, no momento, teria que servir e era o mais honesto, que podia ser. E honestidade para o mesmo, sempre fora e seria essencial.

Quando o fez, foi de modo pausado e calmo. Quem o visse ou ouvisse, não teria á capacidade de decifrar, o quanto por dentro, estava fervendo; em uma mistura de frustração, saudade, desespero e desejo de se render e se jogar no abismo, sem olhar pra trás, nem medir ás consequências, que deste ato, poderiam advir.

Não podia, nem se permitiria porém, fazer isto. Pois, não era o certo. Pelo menos, não agora.

Apesar de que á tentação, gritava por ele. E tinha o nome e o rosto, da mulher, que ali se achava, á espera de uma palavra dele; como se fosse uma ré, que aguardava o veredito do juiz; que a culparia ou absorveria, pelo crime, cujo cometera.

- As coisas...não são...tão simples assim, Marina!...Como você...parece achar...ou quer...fazer...parecer!... A vida...infelizmente...não possui um botão...de ligar e desligar...ou então...pausar...para que possamos retornar...do ponto...onde havíamos...parado!... Ela...sempre continua!... A gente...querendo ou não!...Portanto, mesmo com a tua ausência...ela...seguiu adiante!... E muitas coisas...se modificaram...com o...passar do tempo!

-Inclusive...o teu amor...por mim, Caio!?... Você...deixou de me amar...com o tempo...que passou!?...O que você...quer dizer exatamente...com isto, Caio!?... Isto...é...um...não!?... A tua resposta... a minha pergunta...é que não vamos mais...ficar juntos!?... Que não há mais...a menor chance...pra nós dois!?... É isto!?... É o final de tudo!?... Acabou!?... Simples assim!?

A vontade dele, foi a de responder que não. Que ainda havia sim, uma chance. Que queria, viver e morrer ao lado dela. E que sobretudo, ainda a amava. 

Muito mais do que tudo e qualquer coisa, que já havia amado. Até mesmo, do que á própria filha deles ou á vida dele.

Ainda mais quando viu, que á despeito do tremendo esforço que ela fez; a sua voz, tremulou. Tal qual, todo o seu corpo.

Não o falou, porém. Ao invés disto, disse outra coisa.

- Sinceramente!? - ele indagou.

- É claro!... Senão...eu...não teria te feito esta pergunta, não é mesmo!?

- Eu...não sei!... Simplesmente...não sei, Marina!

- Como assim "não sabe"!?... Eu...não estou...te entendendo!... Que tipo de resposta, é esta!?

- É á única resposta, que eu...posso te dar, neste momento!... Pois, eu...estou muito confuso, com tudo o que aconteceu!... E ainda me encontro...bastante impactado...com todas ás coisas, que você fez e me contou!... Afinal de contas, não são todos os dias, que alguém, ressuscita dos mortos, não é verdade!?

Ele, não pôde se impedir, de colocar uma certa dose de sardonismo, em sua última indagação. E este fato, foi bem perceptível para á mulher; que apesar de ter á plena consciência, de que o mesmo, tinha todo o direito, de ser irônico o quanto quisesse, pois, ela merecia; se sentiu deveras magoada, com tal atitude, que julgou totalmente desnecessária e porque não dizer, bastante infantil.

Preferiu no entanto, não lhe dar nenhuma réplica. E se limitou, a o olhar, sem nem sequer, tentar esconder, a sua expressão machucada.

O sujeito, entrementes, se recusou terminantemente, a se sentir culpado, pelo que acabara de proferir. Afinal, era á realidade, não era!?

Por mais que fizesse um esforço sobre-humano, pelo menos por enquanto, não conseguia esquecer, nem muito menos perdoar, esta perfídia, executada pela mesma. E nem sabia, se um dia, iria enfim, conseguir.

Para acabar portanto, logo de uma vez, com toda esta tortura, que estava enfrentando; ela, decidiu, que pelo menos, por enquanto, era melhor, ir embora da casa dele. E assim, o iria fazer.

Quando se dirigia, para fora do quarto, porém, Caio, a chamou. Marina, no entanto, não se deteve.

Desceu ás escadas e foi rumo, á porta de saída. Antes que conseguisse a alcançar, todavia, o homem, chegou antes e a puxou pelo braço, a fazendo o mirar.

Viu nos olhos dela, ás lágrimas teimosas, que á mesma, tentava impedir á todo o custo, que descessem. Ele, sentiu pena.

Não se deixou porém, pensar muito sobre isto. E antes que ela, pudesse dizer algo, que o impedisse, proferiu:

- Você...tem que procurar o Paulo!!!!!!!!!!!... Ele...tem o direito...de saber...que você está viva!!!!!!!!!!!

A mudança de assunto, fora brusca,dolorosa e muito abrupta. E surpreendera a ambos.

Sem se dar ao trabalho de lhe responder nada; á mulher, se desvencilhou dele, com violência. Depois, abriu á porta e partiu.

Caio, suspirou forte. Fora uma longa batalha. Que estava certo, de estar bem longe do seu final.

Ao sair dali, Marina, pegou um táxi. E deu um endereço ao taxista.

Chegando ao local indicado, pagou á corrida e desceu do carro. Tocou á campainha, pela segunda vez neste dia.

Quando foi atendida e á pessoa, viu quem ela era; ficou branca como cera. Mais parecia um fantasma, de tão pálida. E só não desmaiou, Deus Sabe o porquê.

- Olá!!!!!!!!!!!... Quanto tempo!!!!!!!!!!!... Não vai...me convidar... pra entrar!!!!!!!!!!!???????????... Afinal de contas...temos...muitas coisas...para conversar!!!!!!!!!!!...E...não vai dar...para fazermos isto...aqui na porta!!!!!!!!!!!!... Não é mesmo...Paulo!!!!!!!!!!!!!????????????

O sujeito, perdera totalmente á fala e á ação. E tudo o que conseguira fazer, fora ficar parado em pé, em frente á porta, completamente estático.

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