Capítulo XII - Até onde você vai pelos seu desejos?

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Um mês e duas semanas, oficialmente. Quanto tempo mais vai levar? haja psicológico para isso, eu assisto de tudo, ouço de tudo, leio de tudo e nas horas vagas converso com o Mikhail ou surto.

— Como é difícil se adaptar às mudanças, não é, Kairós?
— Nem me fale. Eu nunca vou me adaptar à essa lata de sardinha.
— Pois é… mas eu tava pensando, como as pessoas se adaptam as mudanças? tipo, como, por exemplo, como uma pessoa que no princípio não faria determinada coisa nem morta, acaba posteriormente, fazendo a mesma coisa sem incômodos?
— Nossa cada pergunta chata que você faz… Impressionante o que o tédio pode fazer com as pessoas. Ai, sinceramente não faço ideia, mas quando eu vejo que alguma mudança eu simplesmente deixo que ela aconteça, já que eu não posso fazer nada à respeito. Claro, à princípio eu não consigo aceitar com facilidade, mas chega uma hora que cansa tentar mudar o que não dá para mudar.
— Eu particularmente odeio as mudanças. Se eu pudesse acabar com elas eu acabaria, gostaria que tudo corresse do jeito que eu planejei. Mas por um lado é interessante ver os lugares pra onde a vida te leva. Por exemplo, já me aconteceu um fato marcante por conta de uma mudança. Eu sempre quis ser um empresário rico, de sucesso. Principalmente por influência dos meus professores do colégio onde eu estudei, que sempre estavam falando alguma coisa relacionada à sucesso e coisas do tipo. Eu amava o meu professor de matemática e achava que tudo o que eu precisava saber era contar direito e administrar as coisas. até o dia em que aconteceu um terremoto na minha cidadezinha. Minha mãe, apesar de carregar sobrenome nobre, escolheu não participar da elite da família Duskin. Ela optou por levar uma vida normal numa cidadezinha pequena, a cidade de Jynith, Qunado esse terremoto aconteceu tivemos de mudar de cidade temporariamente até reconstruirem tudo o que foi perdido. Não chegávamos a ser pobres, conseguíamos nos manter em outra cidade, arranjar outra casa e etc.
— E pra onde vocês foram? — Disse com os olhos brilhando de curiosidade, já que em meses juntos ele nunca havia dito nada.
— Fomos para uma cidade chamada Ryoth.
— Todas essas cidades ficam no estado de Asenath, certo? pois segundo a religião de lá a terminologia “Th” para as cidades é tradicional, não é?
— Exatamente. É por causa do Pochemuchkanismo. depois eu te falo um pouco sobre essa religião. Mas, voltando à história, Quando tudo mudou, foi extremamente doloroso se adaptar. Meu pai chorava por ter que trocar de emprego, minha mãe surtava com tantas despesas que eles deveriam pagar e eu sofria por ter que mudar completamente de vida e de amigos. Eu odiei com todas as minhas forças toda aquela situação. Quando eu pisei meus pés no novo colégio pela primeira vez eu queria desaperecer. A sensação de estar cercado de pessoas que você nunca viu na sua vida e a impressão de que todas elas estão te observando, justamente por nunca terem te visto na vida é horrível. Mas alguns meses se passaram naquelas escola, e, a princípio eu não conseguia conversar com ninguém sem gaguejar ou tropeçar nas minhas palavras. Eu era uma pessoa bastante tímida. Mas quanto mais tempo passava Menos tímido eu ficava. Fiz amigos que eram fascinados por pintura e desenho. Eles me influenciaram muito e comecei a me interessar por tais coisas. Depois de certo tempo, sem nem ter percebido, eu já havia me adaptado àquele lugar. Eu já amava muita gente que estava lá e elas faziam parte da minha vida. Então eu comecei a correr atrás de tudo o que eu amava ou que me interessava. Corri atrás das artes e me apaixonei por livros, por pintores e por músicos. Mas resolvi que ia trabalha mais com pintura. Foi então que eu fiz meu primeiro quadro, baseado no poema de Edgar Allan Poe, “O Corvo”. Era uma pintura melancólica, de um homem, que não tem rosto, pois se trata do eu-lírico do poeta, sentado de frente para o Corvo que está em seus umbrais, a morte.
—  Meu amigo que coisa profunda! espero que esse quadro esteja guardado em algum lugar de Marte. 
— Se um dia a gente conseguir voltar para lá eu te mostro o quadro, com certeza. Pois se a gente voltar, seremos homens livres.
— Vamos voltar! pode até ser que para eles estejamos mortos, mas mesmo que levem décadas, vamos voltar.
— O tempo dirá.
— Clichêzasso essa frase…
— Ah me deixa em paz!

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