Sana se sentia extremamente desconfortável naquela jaqueta de couro preta e naquele vestido tubinho da mesma cor, usava uma coturno de cano médio e suas madeixas castanhas soltas e lisas arrumadas de lado.
Baladas, redes de strip, motéis eram os lugares que Minatozaki como controladora do amor mais odiava.
Se dizia controladora, mas era uma opressora. Via a falta do amor nas pessoas, e era induzida a restaura-los, mesmo que isso talvez fizessem as pessoas sofrerem. Ela gerava sofrimento, e sabia disso.
Veio de um universo muito distante da Terra, e já viajou o mundo (como chamamos o planeta Terra) restaurando o amor das pessoas.
Restaurava o amor raiz, que durava anos. Era a geradora da obsessão, da possessividade, do caos sentimental. Bastava Minatozaki olhar com aqueles olhos cor de rosa em sua direção e você estaria direcionado a amar, seja um amor saudável ou tóxico, legalizado ou ilegal.
Minatozaki nasceu dessa forma, e assim viveria até o fim da humanidade.
Sana possuía 26 anos de idade (numa idade humana) porém nunca envelheceria, não tinha documentos pela sua alta permuta entre países.
O barulho da bota batendo contra o chão de madeira daquela boate fazia qualquer pessoa que estivesse perto a encarar. E como de costume, os olhos rosa fluorescentes de Minatozaki Sana atingiam dezenas de pessoas.
Odiava o cheiro dos canhões de fumaça que vinham de dentro da pista de dança, ela era considerada o demônio do amor, mas não havia tempo para o próprio. Era desprovida de tal.
Se moveu por aquela multidão de pessoas suadas e mal vestidas, a cara de nojo era tão notável.
Logo quando havia feito seu trabalho, uma grande pontada em seu coração a fez se contorcer. Buscando por tal dor, olhou diretamente para o camarote mais alto, ali possuía uma figura de uma mulher alta, com certeza mais alta que Minatozaki. Seus olhos brilhavam um roxo quase negro, e assim, quando seus olhares se tocaram, ambas se contorceram pela dor.
Era Chou Tzuyu, o demônio do ódio.
Tzuyu foi mandada a Terra antes de Minatozaki, anos depois, guerras aconteceram e um colapso de ódio invadiu quase uma grade parcela dos humanos, foi-se necessário o envio de Sana.
O ódio era o egoísmo, a inconformação, em alguns pontos até a justiça. Tzuyu fazia muitas pessoas se libertarem de seu eu adormecido e lutarem pelos seus ideais, Tzuyu fazia muitas pessoas encontrarem o rumo de suas vidas movidas pelo ódio, e a Chou sabia que o ódio, assim como o amor, era uma incógnita.
Nunca haviam se encontrado anteriormente, e os superiores tinham medo dessa hipótese, que foi inevitável, elas estavam agora, ambas com as pupilas brilhantes se encarando intensamente, consumindo-se uma da outra.
Foi quando os olhares se quebraram, Chou saiu em passos rápidos para fora do camarote.
Sana apertou o passo e saiu correndo, empurrando qualquer corpo vivo que estivesse em sua frente, adentrou o interior da balada após mostrar uma identidade falsa que havia guardada.
O barulho do coturno de Sana nunca fez-se tão alto como naquele momento, seus passos eram mais duros e certeiros do que em qualquer instante de sua existência.
E subiu as escadas, seu coração se apertou novamente e seus olhos brilharam muito forte, mais forte do que nunca. Era uma sensação satisfatória, como se tivessem tirado uma dor de dentro da Minatozaki que nunca ninguém havia feito anteriormente.
Seus ouvidos ignoraram os barulhos vindos das pessoas sem amor daquele corredor, ela os ouvia, mas não conseguia atendê-los.
Foi aí que seu instinto a levou para uma grande porta de madeira escura, num instante a abriu, e lá estava ela, sentada na poltrona daquele quatro da parte "divertida" da balada.
—Quem é você? —Viu os olhos de Tzuyu tomarem aquela coloração de antes, e o mesmo aconteceu com a mais baixa.
—Falta ódio em você, muito ódio. —Tzuyu se levantou e chegou perto passo a passo da Minatozaki, sentindo ambos os peitos pulsarem.
—É claro que me falta ódio, não vê meus olhos? —Chou Tzuyu chegou o mais próximo da Minatozaki que pode, a pressionando contra a porta, agora fechada, daquele quarto escuro, iluminado apenas por uma led branca na cabeceira da cama.
—Você é muito amargurada para o demônio do amor. — Apertou a bunda da Minatozaki, a fazendo arfar.
—Mas é isso que o amor faz com as pessoas.
Sana buscou com ambas as mãos o rosto da mais alta, a beijando com voracidade, ambas viam aquele ato como a única forma de se interligarem, precisavam daquela troca de energia urgentemente.
Tzuyu passeava suas mãos firmes por todo o corpo de Minatozaki, os corpos quentes em conjunto, a êxtase do som que vinha do andar inferior do lugar.
—Seu nome? —Sana arfou quando Tzuyu desceu seus lábios por todo seu plano superior, deixando lambidas e chupadas pelo maxilar, pescoço, clavícula. —Qual é seu nome?
—Tzuyu.
—Sana.
Minatozaki enfiou suas mãos que até esse momento estavam livres para dentro dos cabelos escuros de Tzuyu, puxando alguns fios e fazendo a mais alta suspirar.
Chou novamente agarrou a bunda de Sana, dessa vez a levantando, em passos rápidos a colocou contra o lençol barato daquela balada e subiu por cima de Minatozaki.
Retirou sua blusa e logo a jaqueta de Sana, novamente atacou os lábios da garota, que arqueou a coluna após sentir uma mordida suave e sedutora no inferior. Sana rodeou a cintura de Tzuyu com suas pernas, fazendo seu vestido rubinho subir e sua calcinha de renda cor de rosa ficar visível.
Sem quebrar aquele ósculo, Tzuyu levou sua mão para dentro da calcinha da mulher, circulando seus dedos rapidamente, sem aviso prévio. Sana, despreparada, gemeu alto e o inaudível suficiente para Tzuyu notar aquela parte pesada da alma da mais baixa se desvinculando aos poucos de seu corpo delicado.
Não quebrou contato até ver que Sana estava realmente em êxtase, subia seu quadril e rebolava contra os dedos de Tzuyu, que a estimulavam para sua libertação. Logo foram penetrados dois dedos na intimidade de Minatozaki, que naquele momento conhecera seu novo vício.
Tzuyu penetrava fundo e lentamente, as vezes acelerava, o que fazia Sana morder os próprios lábios em desespero.
Foi quando ambos olhares se encontraram novamente, uma onda de choque tão grande percorreu o corpo de ambas que Minatozaki se desfez nos dedos de Chou.
Seus olhos não brilhavam tão forte como antes.
Sana se sentou de frente para Tzuyu, retirando seu tubinho e todo resto de roupa que lhe faltava, Chou fez o mesmo em desespero, vendo que em poucos minutos tinha a Minatozaki rebolando em seu colo, com ambas intimidades em atrito.
Tzuyu tomou a bunda de Sana para si novamente naquela noite, tomando rédea dos movimentos de seu quadril.
Sana possuía sua cabeça enterrada no pescoço de Tzuyu, ali deixando as marcas daquela noite que traçaria um novo destino na vida de ambas.
Gemidos altos percorriam pelo quarto, Sana buscava por mais contato em quanto Tzuyu percorria intensamente suas mãos por todo o corpo de outra garota.
Ambas suspiraram e se manterem petrificadas quando seus ápices se chocaram. Tzuyu segurava a cintura de Sana, e Sana se mantinha com os braços entrelaçados num abraço.
Foi quando aquela sensação passou.
Sana não sentia mais a falta de amor em Tzuyu, e o mesmo acontecia com a outra garota.
Era muito mais que uma simples ligação humana, muito mais do que uma troca íntima, elas estavam livres.
Livres do destino que havia sido entregue a elas.
Então, quando ambos olhares se encontraram, se viram em paz. Os olhos de ambas estavam mesclados, um pouco do rosa, do amor, e o roxo do ódio.
Uma única alma, um único sentimento.

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demons | satzu
Short StoryTzuyu foi condenada pelo universo a restaurar o ódio por onde passava, já Sana, restaurar o amor onde era necessário um pouco dele. Ambas possuíam demônios terríveis dentro de si, e o que aconteceria se eles se atraíssem? ↳ oneshot . twice . sana +...