Eu me fodo sempre.

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EU ME FODO SEMPRE.

Sempre que resolvo me entregar.
Sempre que assumo a intensidade que sou, porque eu sou assim mesmo, se não for pra transbordar do meu jeito, eu nem vou. Me fodo sempre que abro o meu peito pra alguém conhecer porque eu não enxergo razão pra me trancar pro próximo, mesmo que o peito esteja meio marcado e o corpo bem exausto pelas pessoas que já passaram por mim.

Eu sempre me fodo. Sempre que digo o que eu sinto, sempre que faço de tudo pra deixar as coisas bem claras pro outro.
Sempre que faço valer a pena o momento, sempre que vivo os instantes como precisam ser vividos.

IN-TEN-SA-MEN-TE.

Gosto de perceber que algo faz sentido, ainda que seja passageiro, ainda que não fique pelo tempo que eu esperava que ficasse, ainda que me queira hoje e amanhã já não queira mais.

Eu não toco em ninguém por acaso.

Mas é incrível como eu sempre me fodo.

Sempre que volto pra casa com alguns detalhes sutis do outro em mente.

Me fodo tanto que já comecei a acreditar que a vivência tem a sua consequência, e mesmo que eu não esteja preparado pra aguentar algumas despedidas, eu preciso aprender a lidar com o fato de que toda chegada vem com uma partida de brinde e, no final das contas, ninguém vai ficar. A única pessoa que vai ficar comigo pela eternidade sou eu mesmo.
Sempre tem um jeito de seguir em frente, de se resolver, de se curar, amadurecer, sei lá.

Eu me fodo sempre que me aventuro a mergulhar demais, porque nem sempre o outro tem a profundidade que me cabe, às vezes é imenso demais e, ao mesmo tempo, frio demais. Às vezes é só garoa, como ondas fracas nas pontas dos dedos, sabe? E a minha intensidade às vezes não consegue perceber que às vezes é assim, vai ser assim. Mesmo que eu queira mergulhar e desbravar o mar que o outro é, algumas pessoas são só pra sentir nas pontas dos dedos.

E, sinceramente, não acho que a culpa  seja do outro. Na verdade acho que a culpa não é de ninguém. Nem de quem foi incapaz de sentir por mim o mesmo que senti, nem de mim por ter sentido demais. Por mais que eu me culpe como forma de justificar o fim de alguma coisa, eu sei, a culpa não pode ser de quem sente demais.

Eu me fodo porque percebo o outro não somente como mais um, mas como um ser único que passou por mim e eu preciso senti-lo da melhor maneira.

Mas tudo bem, eu sei que querer sentir o outro não vai ser o suficiente. O outro precisa querer igualmente.

Seja honesto com os seus sentimentos, você não precisa permanecer só porque não consegue dizer "não". Você não deve aceitar posições que não são confortáveis para você só pelo medo de decepcionar alguém.

Você vai precisar partir quando não mais sentir nada.
E tudo bem.

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