A História do Cangaço, principalmente a de Virgulino Ferreira, o Lampião, chegou aos meus ouvidos e dos que conviveram comigo, naquele interior do sertão nordestino, através de contos, muitos deles carregados de fantasias que o transformavam em mitos. Refiro-me a Lampião e seus cangaceiros, pois tudo se passou tão remotamente, tanto em relação à distância, como em tempo, época em que se passaram os fatos. Para melhor entender, meu pai, mais velho dos bisnetos do meu avô paterno, nasceu em 1928, época em que estava no auge de seu acontecimento, o Cangaço por assim chamado. Portanto, tinha apenas 10 anos, quando Lampião foi morto e consequentemente, dois anos após, dava-se fim, pelo que contam, com a morte do único cangaceiro sobrevivente, a não se entregar: Corisco. Porém, isso é outro capítulo a ser contado. Em relação à distância demográfica, apesar de sermos todos nordestinos, não existem relatos reais da passagem de Lampião ou de algum outro cangaceiro por essa região. Até existem algumas pessoas quer relataram a passagem de Lampião e seus comparsas pela estrada de ferro, há uns 20 quilômetros de onde morávamos. Não existem provas que ele tenha passado por lá, nem mesmo a época da construção da velha estrada já extinta, bate com as datas respectivas. Isso tudo nos remete a compreender o porquê de tantas notícias falsas, inventadas, fantasiadas, sobre os eventos. Aquilo tudo nos deixavam curiosos, abismados e, ao mesmo tempo, assustados. Era uma realidade nua e crua, mas distante e incompreensível para as nossas mentes juvenis.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Influências do Cangaço
Non-FictionO modo como a história do Cangaço chegou aos nossos ouvidos, contados pela visão dos nossos parentes e antepassados.