Pergunto-me se a vida é cruel com todos. Se a vida prega assim tantas partidas a toda a gente. Ou será só a mim?
Isto de chorar sempre que vou para a cama, isto de andar de cabeça baixada para ninguém me olhar nos olhos, tudo isto, num certo ponto, cansa. Eu cansei, os meus olhos cansaram, até o meu corpo já está com falta de água por ter chorado rios.
Mas mesmo assim, com todos estes sacrifícios as pessoas ainda insistem em fazer-nos mal. Tudo bem, eu estava na sala, eu estava a rabiscar o meu caderno. Ele apenas chegou à minha beira e disse que gostava de mim. Eu tinha namorado na altura, mas ele estava noutro país e namorar à distância não é propriamente fácil. Passado umas semanas ele veio-me dizer que se ia embora... Acho que naquele momento o meu coração se partiu nuns quantos bocadinhos... Eu só lhe disse:
-Engraçado como as pessoas só se vão embora quando nos conseguem roubar alguma coisa.
Ele ficou tão surpreendido com a parte do ''roubar'' que desatou a perguntar aos berros o que me tinha roubado. Disse-lhe que me tinha roubado o coração, mas, não sei como, quando reparei ele já tinha ido a correr contar a toda a turma que eu gostava dele. Tudo bem, isso não foi problema nenhum. O pior é quando, depois de um mês sempre a me mandar espécies de ''bocas'' nas aulas, tipo, sei lá, ''Ai Carlitaaa!'' e coisas do género, pediu-me em namoro da forma mais estranha e inesperada do mundo (Quase nem ouvi o pedido...) e eu disse-lhe que era cedo de mais ainda. Mas ora... ele nem perdeu tempo! No dia seguinte já namorava com uma, que nem sabia que ela já tinha namorado, em tempos, com outra rapariga. Deve ser bi ou assim, e ele nem imagina. Também não sou eu que lhe vou contar. Mesmo assim, como devem imaginar, eu fiquei magoada, porque tinha também acabado com o meu namorado que eu amava imenso por causa de um ''come-come'' que come todas. Agora a moça mudou-se para a minha turma e vou ter de levar com os dois praticamente todos os dias.
Menos mal que eu e o meu amor, que, infelizmente, tá na Suíça, voltamos. Mesmo assim, também não tenho amigas lá na escola, visto que elas me ''expulsaram'' do grupinho porque eu sou ''fechada'' de mais e não falo muito. Claro que não falo, eu apenas me limitava a ouvir quando elas falavam mal das outras. ''Esta é feita, esta é interesseira, esta é uma besta. Aquela tem um cu! Aquele ali é muito giro. Aquela só namora com ele porque ele é rico! Elas são umas vacas.'' Pois é, eu apenas me limitava a ouvir para não me intrometer nas ''mal falanças'' delas. Falar mal gerou problemas para elas, mas, pelos vistos, não falar mal gerou problemas para mim.
Portanto, significa que agora eu estou completamente sozinha num canto qualquer. E não é aqui que os meus amigos virtuais me vão safar, porque, no final de contas, era um sonho que eles estivessem aqui. Quanto mais boas pessoas elas são, mais distantes estão. É um facto.
Então, agora não sei o que hei de fazer da minha vida, estou tão confusa e perdida! Estar propriamente fechada no teu mundo não é nada fácil, mas eu acho que é o melhor, já que anda por aí uma maré de maldade profunda.
Ás vezes eu só gostava de saber como seria a vida se se pudesse voltar atrás para mudar aquilo que eu quisesse. Eu acho que iria mudar toda a minha vida...
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Histórias de uma depressiva pouco ou nada feliz
Non-FictionUma história verídica de uma rapariga que teve a vida estragada devido à sua má sorte no amor, na família e nas doenças. Quem será que a vai ajudar a superar esta fase da sua vida?