Peter foi embora depois do almoço, perguntando sobre tudo e recebendo nada como resposta. Nanna só abriu a boca para dizer tchau, enquanto ele saia de seu quarto. Ouviu a porta de casa bater, e se arrependeu de ter contado sua história com Edward para ele.
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No dia seguinte, 13 de dezembro, Nanna ligou para Peter.
-Alô? – Nanna ouviu a voz do garoto, e ao fundo da ligação. New Dawn Fades tocando baixo.
-Oi, Peter. Queria saber se você gostaria de ver uma chuva de meteoros nessa madrugada.
Ele sorriu assim que ouviu isso.
-Eu adoraria. Que horas eu te pego na sua casa?
-Não precisa, vou com o carro da minha tia, ela vai sair em um encontro hoje e nem vai dormir em casa. Eu levo o Doritos, e você a Coca-Cola batizada – Ele riu ao ouvir a última frase.
-Que horas e onde a gente se encontra?
-Uma hora em ponto no pico da cidade. Você sabe onde é, certo?
-Claro que sei.
-Então nos encontramos lá. E nós precisamos conversar, também.
-Conversar sobre o quê? – Peter perguntou, fingindo desentendimento.
-Você sabe sobre o quê.
Nanna não estava vendo Peter, mas sabia que sua boca estava murcha, parecendo uma linha fina reta, e o óculos na ponta de seu nariz.
-Ok – Ele disse, desconfortável – Até mais tarde, Nanna.
-Até mais, Peter.
Nanna desligou a ligação, e se jogou na sua cama. Seria difícil conversar com ele naquela madrugada.
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A menina saiu de sua casa pouco depois da meia-noite e meia. Trajava uma calça jeans, All Star de cano alto vermelho de couro, camisa de manga longa e gola alta preta, e blusa de lã grossa e verde por cima, mas mesmo assim passava frio. Aquele inverno estava sendo rigoroso.
Nanna parou em um semáforo e ligou em alguma estação de rádio qualquer. Tocava uma música de um cantor teen, e assim que ouviu a voz dele, desligou. O semáforo abriu, e voltou a dirigir. Chegou no pico da cidade 10 minutos antes da uma hora. Estava adiantada, como sempre.
O pico da cidade era um dos lugares favoritos de Nanna. Várias árvores, flores, alguns animais como esquilos e veados. A parte mais requisitada era um lugar parecido com um estacionamento, com vista para a cidade inteira, um lugar onde vários adolescentes iam para dar uns beijos, transar, ou os dois. E lá estava o carro de Nanna.
Peter chegou às 00:57, estacionando seu porsche 911 old school ao lado do humilde prisma 2007 da tia de Nanna. Ele saiu de seu carro e olhou para dentro do de Nanna. Apontou com seu queixo para o carro dele, como se dissesse "vem pra cá", e sorriu. O sorriso dele era tão branco e largo que dava um pouco de medo.
Nanna pegou os dois pacotes de Doritos tamanho família e seu cobertor verde no banco de trás, e saiu do carro.
-Espero que você tenha batizado bem esse refrigerante. – Ela disse, e Peter riu.
-Oi para você também, querida.
Peter pegou duas garrafas de Coca-Cola no banco de trás de seu carro, e deitou no capô. A garota jogou o cobertor e os pacotes de salgadinho para ele, e se deitou ao lado dele.
O menino usava um moletom branco, estampado com a capa de um álbum do Daniel Johnson, uma calça jeans, par de All Star preto. Estava terrivelmente bem vestido, o que deixava Nanna toda mole por ele.
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Little Trouble Girl, Little Trouble Boy
Ficção AdolescenteNanna Mars nunca teve amigos. Nunca. Nem ao menos um. Já teve alguns namorados, mas nunca alguma "melhor amiga para quem pudesse contar tudo e chorar vendo comédia romântica de madrugada". Não tinha realmente reparado em Peter, até que ele começou a...