Casa de campo

411 50 33
                                    


Temari

Quando ele abriu a porta, eu acabei ficando surpresa, ele está tão diferente de como é no colégio, digo, continua com esses óculos fundo de garrafa e o sapato de velho, mas no geral, está lindo.

-Oi... Respondi suspirando.

-Entre, logo iremos sair. Está com fome? Perguntou, fechando a porta atrás de mim.

-Sua casa é a sua cara. Comentei olhando os detalhes, tudo neutro e bem organizado, um tanto quanto sem graça, monótono, nada feio nem bonito.

-É um elogio ou uma ofensa? Sempre tive a impressão de você me achar horrível. Disse rindo, indo até outro cômodo, sem me exigir uma resposta.

Como ele sabe? Me perguntei. Talvez eu deva controlar melhor as minhas expressões. Logo ele voltou com uma mochila nas costas e a carteira de couro preta na mão, junto com a chave do carro.

-O que acha de comermos em algum lugar no caminho? Perguntou-me, recebendo uma mensagem no celular e sorrindo enquanto negava com a cabeça, me deixando curiosa. Ele olhou para mim em questionamento, abrindo a porta da casa, então me lembrei da pergunta que ele havia feito.

-Pode ser. Respondi, direta e percebi o seu desanimo com a minha resposta. Ele colocou as coisas no carro e disse pra mim ir entrando pois ele havia esquecido algo dentro da casa, mas com a demora e a minha impaciência, acabei indo atrás e ouvindo uma parte da conversa dele no celular.

-Ela me odeia Ino, da pra ver nos olhos dela que ela preferia tudo a estar comigo. Ouvi ele dizer, junto com uma fungada, ele estava chorando, e de certa forma, aquilo fez eu sentir uma pontada de dor em mim.

-Eu não deveria ter aceitado... Meu coração gelou, se ele desistisse? Como eu ficaria? Espero que a Ino o convença a tentar... não.... eu não estou sendo justa com ele, só estou pensando em mim, eu voltei para o carro, me perdendo em pensamentos e logo ele apareceu, com os olhos um pouco vermelhos pelo choro, tive vontade de tocar o seu rosto ou lhe dar um abraço, mas a culpa disso era minha, das minhas atitudes, dos meus olhares de nojo que eu sei que dei a ele várias vezes.

Parando para olhar para tudo, agora eu me sinto uma pessoa horrível e cruel.

-Chegamos. Olhei para os lados e vi uma linda doceria, e eu como amante de doces, me animei. Saímos do carro e eu vi que ele olhou rapidamente para a minha mão e desviou o olhar. Antes que a lógica se fizesse presente, segurei a sua mão, entrando no lugar.

Com um lindo prato de bolo de chocolate em minha frente, nós começamos a conversar e ele não é tão chato como é no colégio, parece que me surpreendeu novamente, eu estava gostando da conversa, e muito.

-Nossa, você é mais novo do que eu imaginei. Ele arqueou a sobrancelha.

-Você achava que eu fosse um velho? Eu ri.

-Me desculpe, mas você se veste e age como um, o que eu poderia pensar? Falei despreocupada.

-Você é bem sincera. Falou me olhando nos olhos, me deixando levemente constrangida pelo comentário que havia feito, mas antes que eu lhe pedisse desculpas, ele continuou. -Eu amo isto em você.

E lá veio ele com mais um daqueles sorrisos de tirar o fôlego, me deixando sem reação alguma.

Terminamos de comer, o que por sinal, estava uma delícia, e entramos no carro outra vez, conversamos um pouco de tudo e uma parte de mim estava curiosa em saber o que ele havia visto em mim, as e se ele me perguntasse o que eu acho dele? Eu sou uma péssima mentirosa. Confesso que estou mudando um pouco o meu jeito de vê-lo, mas ainda assim, é pouco. Digo, mal nos conhecemos, então é claro que tudo o que eu tinha dele eram os estereótipos que agora, não só quero como preciso quebrar ou este resto de ano vai ser terrível, se é que tem como piorar...

Jogo para dois - shikatemaOnde histórias criam vida. Descubra agora