Capítulo 4 - Perigo

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A adrenalina inflamava nossas veias enquanto disparávamos pela floresta densa, o medo parecia uma sombra que nos alcançava a cada passo que dávamos. O estrondo sinistro das árvores cedendo e se estilhaçando atrás de nós tocava como uma sinfonia do terror, enquanto um rugido gutural e ameaçador reverberava pelo ar, colocando os pássaros em uma fuga frenética e caótica.

Meu coração martelava com tal força em meu peito que parecia prestes a se libertar pela minha boca. Se aquela coisa, que tínhamos tido a infelicidade de encontrar, conseguisse nos alcançar, estaríamos completamente fodidas.

— Violet, corra mais rápido! — Amber gritava, o desespero tingindo suas palavras enquanto corríamos sem rumo pela floresta.

Nossa orientação se perdia em meio à escuridão quase tangível, estávamos correndo praticamente as cegas. A luz fraca e trêmula do celular oferecia pouca ajuda, mal iluminando o caminho à nossa frente. O único pensamento que consegui formular era a necessidade de continuar correndo, nos distanciando o máximo possível daquela... coisa.

O terror absoluto de soltar a mão de Amber, de imaginá-la engolida pela escuridão, dominava cada célula do meu ser. A ideia de nos separarmos neste lugar infernal era inconcebível. A mera possibilidade acendia uma fagulha de determinação em mim, apertando nossas mãos ainda mais forte.

Amber estava tão desesperada quanto eu. Nenhuma de nós ousou olhar para trás para verificar a proximidade da criatura grotesca. Corremos, apenas corremos, sem olhar para trás. Em meio ao pânico, eu tinha perdido minhas chinelas Havaianas em algum lugar no caminho, mas no momento, isso era a menor das minhas preocupações. Nosso único objetivo era chegar à mansão o mais rápido que nossas pernas nos permitissem.

No meio de nossa corrida, Amber tropeça em uma raiz exposta, e sem conseguir recuperar o equilíbrio, faz com que caiamos juntas no chão úmido e lamacento da floresta. Gritos de dor e surpresa escaparam de nossos lábios antes que pudéssemos nos conter.

— Porra, Amber, v-você está bem? — Eu gaguejei, minhas palavras tingidas de preocupação, enquanto tentava me levantar sem jeito, os joelhos doendo pela queda.

Ela assentiu, fazendo uma careta de dor ao tentar mover a perna. Sua queda havia sido mais bruta do que a minha, e eu podia ver as marcas dos arranhões e a terra grudada em sua pele  pálida.

— Estou bem, Violet. Só um pouco dolorida, mas consigo continuar. — Ela respondeu com uma determinação que contrariava a dor evidente em sua voz.

Mantendo nossas mãos ainda firmemente entrelaçadas, começamos a correr, porém agora com um ritmo mais lento que o anterior. Ainda conseguíamos ouvir os passos pesados da criatura em nossa trilha, o som ressoando pelo bosque, intensificando nosso medo e ansiedade.

Lançando um olhar ao redor, a floresta parecia ter adquirido um aspecto distorcido, um tanto desconhecido, embora eu não conseguisse identificar exatamente o que havia se alterado.

Finalmente, após uma eternidade, avistei algo à frente que trouxe um vislumbre de esperança ao nosso desespero. Uma clareira aparecia entre as árvores, e a luz prateada da lua banhava uma vasta superfície de água.

O Lago Azul!

— Amber! O lago! — exclamei, apontando adiante.

A criatura ainda nos seguia, mas parecia ter diminuído o ritmo. Alcançamos a margem do lago e paramos, ofegantes, para recuperar o fôlego. Olhei para trás e avistei aquela Coisa parada na borda da floresta, nos encarando com seus olhos vermelhos brilhantes.

Ah, meu doce Jesus Cristinho! Precisávamos encontrar o caminho de volta para casa e não fazíamos ideia do que era aquela aberração. Pelo menos, tínhamos encontrado o Lago Azul, um ponto de referência para poder chegar em casa. Se seguíssemos o curso do rio, deveríamos encontrar a mansão ou, ao menos, alguma estrada conhecida.

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