Microconto - Boulevard 18k

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22h00 – O despertador toca insistentemente ao lado de minha cama, me viro e percebo que já está na hora de labutar mais um dia de trabalho. O problema é que quando se trabalha a noite, os riscos são muitos, no entanto, é necessário botar comida na mesa.

00h00 – Chego na guarita onde trabalho e fico observando todos os que entram e saem daquele edifício, observo como se vestem, cheios de joias e adereços caros, mas me limito a analisar qualquer movimento suspeito, pois uma distração poderia ser fatal.

3h00 – E quase não se vê movimento algum, o Grampeador, posto em cima da minha mesa, me convida à pegá-lo para brincar com algumas folhas de papel, até que em um dado momento, imagino que não seria nada mal tomar umas daquelas joias, penduradas no pescoço das madames.

5h00 – E já estou acreditando piamente que se eu me tornar um Assassino, todo esse ódio e raiva que venho alimentando ao longo desses anos, poderão ser finalmente descartados, bem como, a vida miserável que levo, poderá se tornar um pouco melhor, à medida em que também roubaria todo esse ouro que ostentam.

8h00 – O meu despertador toca, o colega que irá assumir o próximo turno chega na cabine, e vou embora para casa descansar, frustrado por não conseguir, por mais um turno, realizar os devaneios de uma noite fria e solitária na guarita do Boulevard 18k.

Copa dos Contos 2020 - AOnde histórias criam vida. Descubra agora