Estagiando

383 30 1
                                    


Quando eu cheguei na sala onde Maxon parou, percebi que eu não era a única inciante naquele dia.

Pelos meus cálculos haviam mais umas nove pessoas ali. Nenhuma muito perto da outra, imaginei terem se conhecido agora também. Algumas voltaram o olhar para mim, inclusive o homem que falava na frente. Por isso sentei na cadeira mais perto de onde eu estava, e fiz questão de ficar calada.

Maxon simplesmente sumiu, em um momento ele estava do meu lado, e no outro eu não fazia a menor ideia para onde ele havia ido. Não que isso seja uma coisa tão ruim, porque digamos que nosso encontro não resultou em uma das melhores conversas da minha vida.

Mas olhando pra frente, tentei prestar atenção no que o homem com semblante amigável falava. Ele estava de pé e gesticulava com a mão toda vez que se referia aos andares do prédio. O mesmo também não estava vestido socialmente e respondia as perguntas que alguns dos estagiários faziam.

E isso me lembrou algo.

Quando eu vi Maxon, pensei que ele era um estagiário, mas se ele não estava aqui, obviamente seu cargo era outro. Deus, não permita que ele seja meu superior.

Enfim, depois de alguns minutos de explicações, homem que agora eu sabia chamar-se Carter, nos levou para o hall da empresa.

Para fazermos uma pequena "tour", dividimos o grupo em dois. Fiquei no que havia uma garota de cabelos loiros, uma garota asiática que parecia querer sair daquele elevador o mais rápido possível, e dois rapazes que pareciam estar mais interessados em seus celulares, e eu é claro.

Fomos apresentados a todos os escritórios e salas, inclusive as nossas, até o final do dia eu deveria escolher alguém para dividir a sala comigo.

E isso seria uma tarefa difícil, percebendo que todo mundo ali não tinha ido muito com a cara do outro.

O passeio havia sido longo, então a partir do momento que íamos finalizando, Sr.Woodwork nos liberou para almoçarmos no restaurante que havia dentro da empresa. Os estagiários se deslocaram pelo local, pedindo suas refeições, mas ninguém se sentou em conjunto.

Comprei uma coca diet e um sanduíche de queijo, dando uma olhada pelo ambiente que já começava a se encher de outros funcionários. Achei uma mesa encostada perto da janela e caminhei até lá colocando minha refeição em cima do vidro circular. Os bancos eram bem altos comparado a mesa.

Quando mordi meu lanche surpreendi a mim mesma ao perceber que não era tão ruim como pensei. Porém quando estava prestes a tomar um gole da coca, levei um susto ao ver a garota de cabelos loiros que estava no meu grupo aparecer na minha frente.

— Posso me sentar aqui? — Ela perguntou apontando para a cadeira em frente a minha.

Apenas assenti tentando sorrir minimamente.

Ela tinha comprado um suco de caixinha e um prato de salada com queijo por cima. Quase desejei ter pedido aquilo também.

— Quer um pouco? — Ela perguntou quando reparou que eu olhava a comida. Dei risada e balancei a cabeça.

— Não obrigada, eu só não sabia que também tinham outras coisas além de sanduíche — Apontei para o meu pão e ela deu uma risadinha colocando molho em cima de sua salada.

— Você me pareceu a pessoa mais razoável de conversar desse grupo, os outros me olham como se eu fosse uma onça malvada. Qual é, eu sou quase uma hippie em um terninho de secretária.

Eu ri porque era engraçado, e o terninho caia muito bem nela. Se fosse mesmo uma hippie estava muito bem disfarçada de secretária certinha com seu traje. Dei mais algumas mordiscadas no meu sanduíche.

— A propósito meu nome é Marlee. — Ela limpou a mão no guardanapo de papel e me estendeu logo em seguida. Apertei-a na mesma hora.

— America Singer, mas pode me chamar Meri.— respondi — Eu sei que ainda é cedo, mas você quer dividir o escritório comigo?

— Não tem problema, eu iria pedir isso pra você mesmo. Não consigo me imaginar conversando com as outras pessoas, elas me dão medo — Marlee falou e concordei com a cabeça rindo.

Eu peguei um pouco da salada dela para ajudá-la terminar, e logo depois subimos o elevador para nossas primeiras tarefas.

É claro que foram coisas do tipo: ''Leve esses documentos no segundo andar '', ''imprima aqueles arquivos '', ''preencha tal coisa '', ''limpe o coco do passarinho que cagou agora pouco ''. Pois é, bem-vindo a vida de um estagiário, pessoal.

Por mais que fossem tarefas curtas, preencheram todo nosso dia. Eram 18:55 quando eu e Marlee dessemos o elevador para a recepção que estava praticamente vazia. A maioria do pessoal já tinha ido embora.

— Minhas pernas doem e minha cabeça parece que vai explodir — Marlee reclamou.

— Isso que é só o primeiro dia. Eles ainda estão mandando a gente limpar as patentes, imagina quando nos mandarem lavar o banheiro inteiro. — murmurei também sentindo meus ossos do pé arderem.

Já do lado de fora, Marlee foi para a direita e meu ponto de ônibus era para a esquerda. No entanto, eu não estava com a menor cabeça para enfrentar aquele amontoado de pessoas se espremendo, e murmurando como seu dia havia sido cansativo. Sendo assim, liguei para um táxi e esperei.

Passei um tempo sentada nos degraus da empresa, sentindo o ar ficar mais frio a cada segundo. Procurei meu casaco na bolsa e quando estava prestes a colocá-lo, a porta atrás de mim range.

Era Maxon, ele ajeitou sua jaqueta de couro, e olhou para frente alcançando seu olhar até o meu. Prendi o ar.

— Você precisa parar de estar sempre sentada no chão quando eu te vejo. Vout teruma impressão ruim de você, Singer — Ele pegou duas luvas em seu bolso e colocou nas mãos. Meus ossos congelaram e eu não tive reação.

Meu Deus, eu não dou uma dentro.

Ele apenas fez sinal com a cabeça dando meia volta em seguida. Maxon caminhou até uma moto prata estacionada bem em frente ao prédio da empresa. Se sentou e segurou o capacete com menção de colocá-lo, mas antes se virou para mim novamente, e disse:

— A propósito, não chegue atrasada de novo amanhã. Estarei de olho. — E então, ele prendeu o capacete e ligou a moto. O barulho do motor me fez estremecer mais ainda.

Maxon manobrou a moto para a direita e seguiu em linha reta até o fim da Rua Finkler.

Fiquei nervosa, confesso. Ele provavelmente não tinha gostado nada de mim mas será que isso influenciaria em algo? Bem, se ele tivesse um cargo importante na empresa, sim. E nesse caso minha imagem com Schreave deveria ser mudada logo.

Era o que eu realmente esperava.

Minutos depois meu táxi chegou, e fui para casa.

Sr. Maxon SchreaveOnde histórias criam vida. Descubra agora