Vinte&Dois

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Em todos os seus muitos anos de trabalho como Medibruxa em Hogwarts e alguns no St. Mungus cuidando de todos os alunos e presenciando os problemas com as Heranças de Criatura de cada um, Pomfrey havia adquirido uma certa experiência que era invejável. Logo que chegara no corredor, recebeu de James Snape a permissão para entrar, correndo para o quarto e se separando com o corpo daquele alfa quase sem respirar. Ela expulsou Sirius Black do cômodo e junto com um de seus assistentes, começou a trabalhar rapidamente agradecendo pela inteligência daquele Grifinório por ter colocado a toalha fria na nuca do seu paciente. Foi difícil, mas ela já havia visto outros casos como aquele e sabia o que fazer. Na verdade foram só dois casos envolvendo vampiros, mas por sorte Snape não era um Sangue-Puro e o veneno não era tão tóxico como os deles, embora claramente fosse mais perigoso se a coloração púrpura lhe indicasse algo.

Ela usou um bisturi para cortar sua garganta logo abaixo do queixo e recolheu o veneno que se acumulara entre as glândulas salivares do jovem. Foi um processo demorado e difícil, ela não queria tocar no veneno por não saber se ele era tão tóxico quanto estava acostumada. Severus era um mestiço, então tecnicamente, não deveria ser. Contudo, mais uma vez, aquele era o Escolhido da Deusa Lua e ninguém poderia afirmar com 100% de certeza qualquer coisa sobre ele.

Já passava das dez da noite quando o corte foi curado e o corpo voltara a respirar normalmente. Cansada Pomfrey suspirou e dispensou Smith, que se despediu dela e se foi, provavelmente indo dormir para trabalhar no dia seguinte. Ela higienizou tudo o que usou e deixou algumas poções que tinha com ela em cima da mesa de cabeceira.

Saindo do cômodo ela encontrou Potter... Ops, Snape, no colo de Black parecendo tranquilo, Malfoy, Riddle, Lupin, Pettigrew, o diretor e Slughorn também estavam ali, todos prestando atenção nela quando ela saiu.

— Ele tinha um grande acúmulo de VP-ON nas glândulas salivares e um pouco desceu pela faringe, impossibilitando parcialmente sua respiração. Possivelmente seu lado vampiro foi estimulado demais e ele resistiu a sede de sangue sem se livrar da substância depois. — explicou.

Pettigrew franziu o cenho. — O que é VP... VP...

— Vampire Poison. — explicou Riddle. — Veneno de Vampiro.

— A pergunta é: como ele poderia ter sido tão tentado assim? — Dumbledore apontou o fato olhando para James com os olhos azuis faiscando em conhecimento.

James corou, coçando a nuca sem jeito. — Ah... Isso pode ter sido culpa minha... Acho... Eu... Bom, eu me cortei quando acordei e ele entrou no quarto quando eu estava sangrando. Eu jurava... Por um momento eu achei que ele iria...

— Se alimentar de você. — Malfoy murmurou, completando o que o outro ômega não era capaz de dizer. Os dois se encararam por alguns minutos com o conhecimento mudo passando entre seus olhares.

— Bom, de qualquer forma, eu removi o veneno e agora ele está dormindo. Acordará somente amanhã e deve tomar as poções que deixei. — ela entregou um utensílios de vidro parecido com um pote de geleia para o professor Slughorn cheio de um líquido roxo. — O veneno.

— Deu tudo isso? — Remus exclamou assustado. — Você deve ter sangrado muito James.

— Na verdade não. — o ômega retirou seu sapato e meia. — O corte só dava definitivamente uns dois dedos. Não era tão fundo também, foi quase de raspão.

Os adultos trocaram um olhar chocado que não fora perdido pelos adolescentes. Madame Pomfrey pigarreou e depois de lhes desejar boa noite ela saiu apressada pela porta. Slughorn fez o mesmo enquanto o diretor tinha o cenho franzido. — Bom, vejo vocês amanhã na minha sala, garotos. — e também se foi.

Lentamente se despediram e os Grifinórios e Sonserinos retornaram para suas respectivas casas. Se vendo só, James ainda não tinha coragem para voltar para o quarto. A lembrança do pescoço começando a ficar roxo do outro e de sua pele pálida como se estivesse morto assombrava sua mente a cada vez que fechava os olhos. Seu coração acelerado doía e sua cabeça ameaçava explodir de dor. Encolhido no sofá sentindo o frio da sala começar a invadir seus ossos, ele fechou os olhos e adormeceu de cansaço.




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Quando James abriu seus olhos ele se sentou, assustado, olhando ao redor e se perguntando como havia voltado ao quarto se sabia que dormira no sofá. Estava usando uma das camisolas que comprara no Egito que ele tinha certeza que não estava usando na noite anterior, coberto e devidamente quente na cama ao lado do maior. Ele saltou de susto quando ouviu sua voz.

— Volta a dormir.

— Severus! — exclamou abraçando desajeitadamente o corpo agora quente, enterrando o rosto em seu peito e fechando os olhos em alívio ao ouvir sua respiração normal e o coração batendo acelerado. — Céus, achei... Quando eu te olhei daquele jeito... Eu nunca...

Ele não conseguia formar uma frase que fizesse sentido devido ao seu imenso alívio e sentimentos misturados. Se assustou quando sentiu um selinho inocente lhe calando e os braços do outro ao redor de si. — Certo, agora se controle porque seu desespero passa pra mim através da marca e eu ainda quero dormir. É sábado, afinal.

Se acalmando finalmente o ômega se permitiu sentir o cheiro do outro sentindo sua cintura ser acariciada. Fechou os olhos e apenas ficou ali, sem dormir, tranquilo e se sentindo profundamente protegido como não se sentia desde seus sete anos, quando parou de dormir com os pais quando tinha pesadelos. Os braços que o rodeavam deixava seu ômega interior, seu instinto mais profundo, calmo e sonolento. Sentia que podia confiar no alfa e que ele confiava em si igualmente.

Acariciou distraidamente círculos delicados nas costas largas do maior e deu um suave beijo em seu ombro, o abraçando mais forte. Ainda era madrugada e eles poderiam ficar ali por mais um tempo e simplesmente dormir, mas algo o incomodava. — Severus? — chamou. — Quero que faça algo pra mim.

— O quê? — ouviu a voz rouca em seu ouvido e se arrepiou.

— Olhe pra mim.

Quando as ônix o fitaram o ômega mordeu o lábio inferior farto, mas se levantou e pegou sua varinha na mesa de cabeceira. — Pomfrey me disse que você... Passou mal... Por causa do acúmulo de veneno quando você não se alimentou de mim. Isso me fez pensar... E se... Se... Você se alimentasse?

O maior se sentou na cama de olhos arregalados fitando o menor em puro choque, o sono esquecido. — É sério?

James mordeu o lábio e assentiu, sendo pego desprevenido quando foi subitamente jogado de volta na cama e tendo o corpo do alfa acima de si. Os olhos negros o fitaram com uma mistura de sentimentos gritante, entretanto o ômega não conseguiu identificar nenhum. Se sentia seguro, e embora a perspectiva de ter seu sangue alimentando um vampiro o assustasse, ele não pôde evitar confiar em Severus.

O maior se aproximou e James sentiu a respiração dele cada vez mais próxima de sua marca. Um beijo foi depositado ali o fazendo estremecer. — Você tem certeza? Vou ficar extremamente super-protetor com você a partir do momento em que sentir seu sangue. Mais do que qualquer outro alfa. E possessivo também. Não vou conseguir me controlar se eu te sentir agora, James.

O Le Fay apertou os lábios, porém assentiu. Estava nervoso, mas queria saciar a sede do maior. Em um ato de coragem, entrelaçou seu pescoço com os braços e enfiou seus dedos nos cabelos longos. — Vá em frente, lobo. — brincou.

No segundo seguinte sentiu as presas afiadas perfurarem a pele de seu pescoço.

A Rosa Dourada - SnamesOnde histórias criam vida. Descubra agora