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Eu não tive resposta quando vi ele já estava me puxando, apenas o acompanhei, eu não prestava muita atenção no que ele dizia, eu ficava observando os movimentos dele e sorrindo. 

-Por que estava chorando? - perguntei. 

-Eu... ah... isso... 

-Desculpa, acho que não devia ter perguntado!  

-Não, é que você foi direta, e me pegou de surpresa, mas é passado! 

-Humm! 

-Olha, você vai ficar sabendo por outras pessoas mesmo...  

-Acho que não! 

Ele me olhou com um ar de questionamento, então expliquei.  

-Não sou de conversar sabe! 

-Humm, entendi, mas você está conversando comigo! 

-Verdade! 

Ele ficou surpreso e não parava de olhar em meus olhos, aquilo estava começando a me incomodar. 

-Você é tão... 

-Estranha? 

-Não, eu ia dizer que você é linda, você não é comum, mas não me é estranha, você é tão linda e enigmática!

Em meus 786 anos nunca tinha sentindo algo igual, meu rosto ficou como fogo e meu coração acelerou, o que isso significa, passei a mão em minha bochecha, e estava numa temperatura elevada, estou sentindo calor? por quê? 

-Desculpa, eu não queria te deixar sem graça, falei sem pensar! 

Apenas assenti, preciso pesquisar sobre isso mais tarde, por que fiquei desse jeito, o que estava sentindo? 

-Olha eu acabei de terminar um relacionamento, pois a peguei me traindo com outro cara e, era por isso que eu estava meio descontrolado, mas de alguma forma você fez eu esquecer tudo o que eu estava sentindo! 

Uma garota apareceu no corredor a frente e correu chorando em nossa direção. 

-Iago, por favor me escuta! 

-Não quero papo com você, acabou, beleza! 

-Não fala assim... 

-Vem comigo! 

Disse ele pra mim pegando minha mão e de novo senti aquela energia, era um prazer melhor do que comida. 

-Quem é essa dai? É por causa dela que você não quer voltar pra m... 

Iago me puxou sem olhar pra ela e senti sobre minhas costas que ela iria me atacar, girei meu corpo soltando a mão de Iago e segurei a mão dela que estava ainda no ar, dobrei seu braço em suas costas e sussurrei em seu ouvido. 

-Você não é digna de me tocar, e se tentar novamente não sei do que sou capaz ... 

Falei num tom ameaçador e a garota correu sem olhar pra trás, Iago me olhava com olhos espantados até que soltou o ar que prendia. 

-Uau! 

-Então onde estávamos? 

-Na parte em que meu queixo cai?! 

Comecei a rir, como é que o queixo dele iria cair? 

-Você é hilário! 

O sinal tocou e ele me levou até a sala que por sinal era a mesma dele, sentei bem no fundo da sala para não ser notada, ele sentou na fila ao lado, duas classes a frente, quando a professora entrou usei magia para persuadi-la a não me chamar para uma apresentação, durante a aula Iago se virava de tempos em tempo para me olhar, foi tantas as vezes que se virou, que a professora chamou sua atenção. 

-Perdeu alguma coisa ai atrás Iago? 

-Não senhora! 

No intervalo eu ia ficar escondida como sempre depois voltaria, mas não tive chances de me levantar Iago já estava parado na minha frente. 

-Vamos lanchar? 

-É ... eu... 

Como vou me sair dessa. 

-Não vai me dizer que não come! 

-Não é isso, apenas não gosto de ficar perto de hu... pessoas! 

-Sem problemas, eu conheço um lugar perfeito, me espera aqui na porta! 

Ele saiu e voltou rápido com umas coisas na mão, pegou minha mão e me arrastou para o fundo da escola, onde tinha muitas árvores, nos sentamos debaixo delas. 

-Pronto, ainda temos meia hora! 

Falou sorrindo pra mim, ele fica lindo quando sorri, parece que seus olhos sorriem junto, fiquei encarando o rosto dele, até que ele me entregou uma coisa. 

-O que é isso? 

-Sanduíche natural, e aqui suco, espero que goste!? 

-Gosto sim! 

Dei uma mordida, o sabor das comidas me dão prazer, o sabor das coisas me deixa em êxtase, esse era o único sentido que eu conhecia bem. 

-Pode me dizer seu nome, já que a professora não teve a consideração de te apresentar! 

-Nem quero, mas posso dizer pra você, meu nome é Jasmin! 

- Você tem esse cheiro! 

-Que cheiro? 

-Da flor, minha mãe tem um pé de jasmim na frente de casa! 

-Humm, minha mãe me deu este nome porque nasci no dia em que as primeiras flores do ano se abriram! 

-Legal, qual o nome da sua mãe? 

-Diana! 

-Como a Deusa da lua! 

Arregalei os olhos, como ele sabe sobre minha mãe. 

-Como sabe? 

- Minha mãe é devota dela, minha mãe é uma bruxa da luz, mas por que a pergunta? 

-Por nada, também sou devota dela! 

-Humm, você também é bruxa? 

-Humm não sei, talvez! 

Ele abriu um lindo sorriso e no fim pensei em voz alta. 

-Que sorriso lindo! 

O rosto dele ficou vermelho, o que será que aconteceu, fiquei curiosa e encostei minha mão na bochecha dele, ele fechou os olhos e colocou a mão dele sobre a minha, o rosto dele também estava com a temperatura elevada como a minha aquela hora, será que fiquei dessa cor também. 

-Interessante! -mais uma vez pensei alto. 

-O que é interessante? 

-Nada não... 

O sinal tocou e voltamos pra sala, na saída da escola já na rua Iago me olhou saudoso.  

-O que vai fazer hoje a noite? 

-Caçar! 

-Você é engraçada, bom se quiser tomar um sorvete comigo, podemos nos encontrar na praça!?  

-Não vou te prometer nada! 

-Te espero igual! 

Ele deu um beijo em meu rosto, e senti aquela elevação da temperatura de novo, mas desta vez meu rosto ficou como se tivesse formiguinhas caminhando por ele, ele sorriu e foi em direção ao sul e eu fui para oeste, mais tarde, depois de percorrer a cidade toda atrás de sombras, fui para o terraço em frente a praça, de lá avistei Iago caminhando de um lado para o outro com as mãos no bolso, eu não posso ter uma relação afetiva como os humanos, o tempo o levaria de mim e seria doloroso, o tempo é minha maldição eterna. De algum modo não consigo me afastar, depois de algumas horas ele foi indo embora e eu o acompanhei de cima dos telhados, ele entrou em um beco, onde dois homens se aproximavam dele pela suas costas e vi as sombras neles.

Os Descendentes 2 -A Morte não é o Fim.Onde histórias criam vida. Descubra agora