O Beco Diagonal

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Era fim de verão e ao final da tarde, uma brisa leve passou pelas minhas longas pernas nuas, fazendo com que eu me arrepiasse, apesar do clima quente. Senti cócegas no meu braço que tocava o chão e o ergui para ver que uma joaninha estava subindo por ele.
- Davina! - chamei, sorrindo ao ver o adorável inseto trilhando meu corpo. Davina, minha irmã mais nova de onze anos que estava sentada no balanço, se aproximou animada - Veja. - apontei meu braço a ela, que se ajoelhou ao meu lado, tentando fazer com que a joaninha fosse para o seu braço, sem sucesso - Tome. - com cuidado, coloquei a joaninha sob sua mão e ela voltou ao balanço.
Deitei na grama verde novamente, respirando profundamente e sentindo o aroma das frutas nas árvores que o vento trazia. Filiph Wood, filho do ex-jogador e atual treinador de quadribol Olivo Wood e da ex-jogadora de quadribol e atual apresentadora do programa esportivo QuadriQuebra, Katie Bell, também comumente conhecido como meu melhor amigo desde que eu era praticamente um bebê, estava deitado na grama ao meu lado, suspirando.
- Eu realmente não vou sentir falta do calor. - ele disse sorrindo.
Revirei os olhos em reprovação, pois esse era o clima ideal para jogar quadribol e apesar dele não gostar tanto do esporte, eu amava. Me tornei capitã do time da Grifinória, na posição de artilheira, no quinto ano e desde então, modestamente falando, nunca perdemos uma partida. Por outro lado, apesar de todos os esforços da família Wood e dos colegas da Corvinal (a Casa dele), Filiph nunca aceitou entrar para o time.
Houve um estalo e logo depois minha irmã vinha tropeçando em minha direção, segurando a cabeça de uma boneca velha na mão direita e o corpo na mão esquerda. Era a boneca favorita da nossa falecida tia Ninfadora Tonks, na infância.
- Andrômeda, você pode concertar? -
Perguntou ela, estendendo os braços para que eu pudesse ver as peças. - Usa aquele... - ela pensou por um momento - aquele feitiço que você usou para arrumar a gaiola da Solis!
Era motivo de orgulho ver minha irmã crescendo e aprendendo aos poucos sobre a magia, mas ela ingressará em Hogwarts em breve, precisará estar pelo menos minimamente preparada. Tirei minha varinha do bolso da bermuda e sentei-me diante dela. Mostrei o movimento simples e firme que deve ser usada neste feitiço e por fim, o fiz:
- Reparo. - a boneca ficou inteira novamente e o rosto da minha irmã se iluminou. Ela voltou feliz para o balanço e me deixou admirando-a.
- Bom, eu já vou indo. Vejo você amanhã lá? - Filiph se levantou, sacudindo a grama das vestes e juntando a varinha marrom com detalhes em formato de anéis, do chão.
- Sim e vê se não esquece sua lista de materiais - lembrei-o e me levantei também, segurando minha varinha, preta com detalhes de ramos. Acenamos um para o outro e ele saiu pelo portão, indo em direção à rua onde ele morava, apenas três quadras de distância. Chamei minha irmã e entramos em casa, pois já estava escurecendo e logo nossos pais chegariam.
Olhei para cima do balcão, onde um feitiço de culinária que minha mãe me ensinou estava fazendo biscoitos com pedacinhos de chocolate. Depois de checar se tudo estava em ordem, subi para o meu quarto arrumar meu malão, pois estava perto de retornar à Hogwarts e só faltava comprar um uniforme novo, devido ao meu crescimento e materiais do sexto ano.
Quando eu estava quase acabando de ajudar minha irmã a arrumar as coisas dela também, a porta da casa bateu e eu corri escada a baixo com Davina para receber nossos pais com os biscoitos, o qual eu esperava muito que ficassem bons. Quando cheguei na sala, encontrei somente minha mãe, Lígia Black McLaggen, filha mais nova de Andrômeda Black, minha vó. Ela colocou a bolsa no sofá e tirou de dentro um bolo no formato de uma esfera, colocou na mesa, animada, já pegando sua varinha curta e apontando para o bolo:
- Bomba misteriosa, nosso preferido! - disse ela, enquanto eu e Davina nos sentávamos a mesa ao redor dela. Nossa mãe, então, parou e olhou em volta, confusa. - Onde está seu pai? - ela estava olhando para mim, mas eu não esperava pela pergunta.
- Achei que ele viria com você! - respondi, esganiçada, enquanto o bolo inchava, prestes a explodir. Minha mãe foi até a janela da cozinha e olhou para o céu, na mesma hora em que uma coruja marrom e grande pousou na persiana, entregando uma carta para minha mãe, que começou a ler. O bolo explodiu e com a própria magia dos ingredientes, a explosão era contida por uma esfera invisível ao redor do bolo e assim era possível comer com o recheio.
- Chocolate, caramelo e morango! - exclamou minha irmã, metendo o garfo no bolo e enchendo a boca, mas minha mãe parecia séria demais e isso estava me impedindo de passar qualquer pedaço de comida pela boca.
- Fiquem aí, não saiam! - minha mãe pegou a bolsa novamente e nos olhou - Córmaco sofreu um acidente no trabalho, estou indo até o St. Mungus. - ela parecia tentar abafar a aflição que fazia seus olhos saltarem - Comportem-se. - ela piscou para mim e aparatou.
Eu e Davina ficamos paradas, em silêncio, até ela terminar de mastigar e sair correndo para o quarto. Fui atrás dela e a encontrei chorando embaixo de uns passarinhos gordinhos e coloridos que ela provavelmente havia conjurado. Sentei ao lado dela e a acalmei, abraçando-a.
- Papai é forte, ficará bem. - tentei nos convencer com essas palavras que saíram trêmulas. Meu pai não foi um jovem muito agradável na época de escola, onde tentara se tornar um jogador bem sucedido, mas depois que conheceu minha mãe, ele mudou muito e até abandonou a fixação pelo quadribol, mantendo somente um amor irreparável. Amor esse que eu entendo bem.
Já era tarde quando minha irmã pegou no sono e eu fiquei deitada na minha cama, olhando para as estrelas com o telhado aberto e o vento frio da noite me fazendo tremer. Eu não voltaria a escola se meu pai estivesse muito machucado, eu ficaria por ele! Teria de implorar para a Diretora McGonagall me deixar retornar outro dia e eu não poderia ajudar minha irmã no primeiro ano dela... em meio aos meus pensamentos, a mesma coruja de antes entrou pelo telhado aberto e ofereceu a carta. Peguei-a, ansiosa, e vi que fora escrita por minha mãe:

Meus amores, não se preocupem pois seu pai já passa bem, mas terei de ficar com ele no hospital por precaução.
Eu falei com os Wood e pedi que as levassem ao Beco Diagonal com eles amanhã para comprarem os materiais e os uniformes. Domi, pegue o dinheiro no Mordedor e use com bom senso; cuide de sua irmã e fiquem com os Wood até o regresso a Hogwarts!
Amamos vocês, aproveitem os estudos. Mamãe.

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⏰ Última atualização: May 05, 2020 ⏰

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Andrômeda Black McLaggenOnde histórias criam vida. Descubra agora