― Me espera, Kie. Você está muito rápido! Me espera! ― eu gritava e corria ao mesmo tempo, tentando alcançar o garoto à minha frente, que corria olhando para trás, para mim, enquanto ria de minha lentidão.
― Você é muito lerda, Ruby. Nunca vai me pegar.
Eu já estava bastante ofegante, mas não deixaria ele me chamar de lerda. Não sem antes conseguir encurtar nossa distância e tocá-lo. Foi aí que parei, respirei fundo e corri o máximo que pude, encontrando ele já de pé e encostado numa enorme árvore que ficava no centro do meu jardim.
― Eu falei que você não me alcançaria ― Ele se vangloriou, já se aproximando.
Eu me encontrava com ambas as mãos no joelho, ao mesmo tempo que eu tentava controlar minha respiração, que já se misturava ao cansaço de minha corrida.
― Você não me esperou. ― Reclamei já emburrada e indo sentar-me debaixo da mesma árvore. Meu bico estava enorme no rosto, além de estar com os braços cruzados e uma cara de brava.
Foi quando ele começou a rir de mim, se aproximando e sentando-se ao meu lado.
― Não fica assim, lentinha. Quem sabe quando crescer mais um pouco você consiga, não é? Você ainda é muito nanica. ― caçoou de mim.
― Nem vem, Kie, você é só três anos mais velho que eu.
― Mas já sou bem maior que você...
Acordei de mais um sonho com o mesmo garotinho de sorriso engraçado e tão familiar pra mim. Já era o terceiro sonho com ele só essa semana. E sinceramente, não fazia idéia de quem seja.
Assim que completei 12 anos, fui jogada num colégio interno por meus pais, que só os via uma vez por ano. Geralmente nas festas de final de ano, quando vinham me trazendo presentes, como se me compensasse pela ausência deles em minha vida por todo esse tempo.
No começo, eu não entendia e nem aceitava ser abandonada por eles. Sim, eu me sentia abandonada mesmo estando em um lugar confortável e rodeada de pessoas. Mas depois fui me acostumando em estar sozinha. Em contar com pessoas estranhas ao invés da minha própria família. Agora não ligava mais se os via ou não. Pra mim tanto importava.
Mas depois de mais de 6 anos estando naquele lugar, finalmente estou de volta. O avião tinha acabado de pousar no meu país e estava à espera do motorista de meus pais, que segundo eles me falaram por telefone, estaria á minha esperava aqui no aeroporto. Mas até agora nem sinal dele.
Olhei de relance no meu relógio de pulso, que marcava 11:15. Já faziam exatos dez minutos que meu avião havia pousado e a pessoa que deveria me levar estava atrasada.
Bufo pela minha impaciência. Nunca fui uma pessoa muito paciente e mesmo estando sentada em uma poltrona confortável e acolchoada do aeroporto, a irritação já estava tomando conta de mim. Foi quando me levantei e peguei minhas malas. Não o esperaria mais, pegaria um táxi e eu mesma me levaria para casa. Não precisava de motoristas para isso.
Quando estava prestes a sair do aeroporto, ouço uma voz masculina e rouca chamando meu nome de longe. Me viro, e olho para a pessoa que vinha correndo em minha direção.
Ele estava todo trajado de um uniforme preto, com uma boina na cabeça. Parecia bastante familiar à primeira vista. Não que eu conseguisse me lembrar dele de algum lugar, já que tinha passado longos anos longe daqui.
― Você é a senhorita Ruby? ― Ele me perguntou assim que ficou em minha frente. Eu apenas balancei a cabeça em afirmativa tentando olhar melhor seus traços de perto. Ele realmente me lembrava alguém. Mas quem?
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Amor impossível
Short StoryComo toda história, tudo começa do início. Com Ruby e Kieran, não poderia ser diferente. Depois de um longo tempo afastados, ambos se reencontram, mas agora, o sentimento é outro. Mas por causa de suas classes sociais, eles se vêem impossibilitados...