1 - O queridinho do momento (Parte I)

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Capítulo postado dia 20 de junho de 2020

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A sala de aula estava aquela zona. Esperávamos para a primeira aula do dia. Eu conversava com a galera no fundo e ríamos muito por conta das zoações. Algumas garotas eram mais bagunceiras que alguns dos garotos, eu por exemplo.

Quando a professora entrou, deu um bom dia que só foi possível perceber por conta da leitura labial. Colocou os livros de História sobre a mesa e fez um gesto com a mão pedindo silêncio. Aos poucos todos se restabeleceram em seus assentos.

— Gente, primeiramente, bom dia de novo, porque eu acho que o primeiro ninguém conseguiu ouvir e eu não sou louca de disputar minha voz com vocês.

Respondemos ao bom dia num coro que precisava de muito ensaio.

— Hoje, antes de começar a aula, — ela olhou para fora da sala e chamou alguém — quero que vocês conheçam o novo colega de classe de vocês.

Neste momento até os cochichos foram cessados para receber o novo aluno.

Ele entrou e tinha um olhar bastante confiante. Não demonstrou nenhum constrangimento por ter toda a atenção voltada para si. O moleque era galã! Pude ouvir os cochichos empolgados de algumas garotas da sala. O rapaz tinha os cabelos pretos e lisos, usava um brinco na orelha direita, sua pele era morena, talvez parda, segundo os critérios do IBGE. Segurava um boné que ele certamente acabara de tirar para entrar na sala de aula. Parou do lado da professora e seus olhos começaram a vagar por todo o ambiente, provavelmente pesquisando por uma carteira vaga.

— Quer se apresentar para a turma? Ou eu te apresento?

— Meu nome é Felipe, tenho dezoito anos e vim do interior para morar com meus avós por um tempo. Vim também para tentar o vestibular aqui na cidade.

Sua voz era bem firme e grossa. Eu estava prestando atenção em todos os detalhes. Estava hipnotizado por ele, mas nunca demonstrava quando um garoto me atraía porque eu morreria de vergonha se alguém descobrisse. Ficava na minha admirando de longe e disfarçando sempre.

— Seja bem-vindo, Felipe! — disse Márcia, a professora — Boa sorte com sua estadia aqui na nova escola, na nova cidade e boa sorte com o vestibular também.

— Obrigado — ele agradeceu e soltou um sorriso que, caralho, me desmontou por dentro! Por fora eu estava mais duro que pedra.

Durante as aulas eu conversava com o pessoal da sala e aproveitava para admirar o novo aluno que estava concentrado nas aulas e bem calado.

Será que ele era tímido? Os caras tímidos sempre me atraíam! Os quietinhos. Esses são os piores. Mas já me senti atraído por alguns moleques bem baderneiros também.

Felipe chamava a atenção não só da nossa sala. Nos corredores era perceptível os olhares para cima dele. Não apenas por conta de sua beleza, mas também por ser um rosto novo pairando pelo entorno.

Durante o intervalo, Jéferson e Álisson, dois meninos assumidamente gays de outras turmas, o observaram passar e nem disfarçaram o encantamento.

Para a minha surpresa, Felipe não era nada tímido. Rapidamente fez amizade com vários estudantes. Parecia que ele sabia que possuía um ímã que atraía os outros e ele sabia fazer bom uso disso. Era bastante receptivo e seu rosto simpático fazia cair por terra qualquer barreira que pudesse o afastar das pessoas.

No outro dia, durante a aula de Educação Física o professor Resende havia dividido a turma entre os que queriam jogar futebol e os que preferiam o vôlei. Eu gostava de vôlei também, mas eu ficava no futebol com todos os garotos da minha sala e porque eu tinha uma queda pelo estagiário que sempre ficava responsável pelo futebol. Seu nome era Gustavo. Ele era famosinho no Instagram.

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