mesmo que pudesse, não saberia explicar exatamente o que me levou ao encontro de seulgi naquela noite friamente incapaz de me deixar sem fôlego, mas eu claro, aceitei a derrota adornada com detalhes bonitos de coisas que eu não necessariamente precisava saber o que significavam. talvez essa realmente fosse a magia de encontros inesperados dentre pequenas xícaras de chá ou de dois copos frios de café com gelo, mesmo que o tempo fosse congelante e convidativo para uma caneca de chocolate quente.
não sei se a culpa realmente fora das minhas duas marias chiquinhas e da minha boina idiota acompanhada de uma jaqueta cheia de patches sobre coisas admiravelmente sem ligação nenhuma como flores de cerejeira e um táxi, mas isso não precisava significar nada além do quão feliz eu gostaria de ter me sentido antes mesmo de descobrir que o seu sorriso era a coisa mais linda do mundo ou que você realmente era cheirosa do jeito que eu pensava que era, então não me restava muita coisa para acrescentar, porque o seu nariz estava vermelho e eu sei que a má ambientação ao frio congelante do sul acabou nos trazendo para becos sem saída onde a nossa única e fiel escolha era acreditar que o seu cachecol azul da corvinal significava muita coisa além do seu péssimo gosto para vestuário no geral, se resumindo à camisetas listradas de todas as cores possíveis. mas isso era bonito e notável, exatamente pelo fato de que era simples e talvez eu até mesmo conseguiria ser assim se não percebesse por ironia do destino que as minhas botas eram amarelas e chamativas.
me culparia por não ter me lembrado de metade da missa, mas lá pela meia noite nós duas sufocamos com o ar quente da calefação e decidimos que a pele fervente sob o toque não era tão bela para a apreciação quanto a vista dos pequenos guarda-chuvas coloridos sob as nossas cabeças infestadas de abelhas silenciosas ateando fogo em nossas bochechas. era um cenário bonito, desses que você vê em filmes e se pergunta por exatamente qual dos motivos as coisas acontecem em tempo, lugar e hora exatos, mesmo que você se olhe no espelho, ajuste seu chapéu francês bobo sobre os cabelos loiros emaranhados e enrole seu cachecol para que lhe pareça menos infantil ter 23 anos e peças de roupa com estampa florida como se isso tivesse sido roubado da sua avó quando ela repartiu a herança entre os netos antes de morrer. você pode realmente gritar branda e retumbante que não se apega ao destino só porque acha, no profundo do inconsciente, que as coisas acontecem justamente pelo seu livre arbítrio. mas não se preocupe, eu também não acreditava nessas coisas.
sorri para seulgi, pedi mais dois copos de café gelado e tomei 3 goles do que havia restado sobre a mesa.
conotações do destino vão bem mais além do que o rio grande do sul ou o rio de janeiro ou qualquer outro estado brasileiro, então, podemos dizer que nós duas gostamos de andar com copos cheios nas mãos do mesmo jeito que crianças também fazem com ovos em uma colher, jurando que são campeãs só porque chegaram à linha de chegada.
ao tocar a primeira linha do manifesto sobre nossas noites frias, percebo minha boca cheia de palavras não ditas, piadas não contadas, histórias clichês e tudo que há de pior e menos cabível, mas o que diabos eu deveria fazer num tempo tão curto? deveria convidá-la para uma caminhada sob a luz das estrelas enquanto não calo a boca por mais do que três segundos só para tomar fôlego? deveria olhar debaixo da sua epiderme para ver se existem borboletas capazes de suprimirem o desejo que seulgi tem por cortar a cabeça de um liberal e desenhar uma carpa em meu rosto com seu sangue mortal e podre sem nenhum pincel atribuído a conta?
me contento em ficar calada.
seulgi sorri pequeno e eu percebo ter realmente falado em voz alta tudo que se passou pela minha cabeça naquele instante.
"você é louca" disse, colocando as mãos congeladas dentro do casaco felpudo ajeitando o gloss nos lábios para que eles não ficassem ressecados depois de tantos devaneios mirabolantes...
"aaaa" respondi, mais do que depressa.
nós duas rimos até a barriga doer, porque se tudo isso simplesmente não passasse de um delírio, eu não poderia ter dito outra coisa. os casacos sacolejavam ao vento e sua boca não dizia nada de útil, mas gostávamos do silêncio. seus olhos substituiriam pérolas ou esmeraldas, mas o valor equivalente ao fato de que eu não deveria tê-la dirigido a palavra desde a primeira vez em que me senti atraída pela inteligência absurda e mais cinquenta coisa inexplicáveis continua cutucando o profundo do meu inconsciente, e eu saberia quantos garotos ela beijou, quantas palavras bonitas em inglês ela sabe docemente pronunciar e entenderia no fundo (bem no fundo) os reais motivos de tanta risada quando eu me machuco não-propositalmente. eu sou louca, e antes que eu estrague tudo, o silêncio convenientemente tapa aqueles buraquinhos irresponsáveis, gravando as unhas firmemente em meus lábios, sussurrando como uma gaivota ao fundo da praia num fim de tarde.
aaaaaaaaaa.
wjsnchateau o curioso caso da valentina que só escreve oneshot ruim. eai bichona 🗣🗣 te amo
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Fanfiction[레드벨벳] seulgi sorri pequeno e eu percebo ter realmente falado em voz alta tudo que se passou pela minha cabeça naquele instante. [kim yerim (yeri) × kang seulgi ✧ red velvet] para @wjsnchateau: te amo, carioca idiota ﹫EXONOIR, 2020