POV Renesmee

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Acordei completamente sozinha. Aparentemente, ao contrário do que era de se esperar, é assim que você acorda quando é seu aniversário de sete anos, mas já faz algum tempo que parece que você tem dezesseis. Bom, pelo menos foi assim comigo.Eu esperava gritos, balões, glitter, tecidos, um bolo da minha altura ou qualquer coisado tipo. Minha tia era especialista em festas, afinal de contas, era natural que eu achasse estranho o fato de ninguém ter me acordado gritando "surpresa!". Ainda um pouco confusa – principalmente por causa do sono – estiquei o braço até minha mesa de cabeceira, onde alcancei meu telefone e o puxei até onde eu conseguia enxerga-lo. Duas chamadas perdidas e doze mensagens. Minha mãe tinhame ligado, e meu namorado também. Era ótimo finalmente poder chama-lo assimdepois de tanto tempo de confusão. As mensagens variavam de destinatários. Claire,Zafrina, Vovô Charlie – que provavelmente havia pedido que Leah ou Seth o ajudassemcom a tecnologia -, algumas pessoas do colégio... Todas diziam basicamente a mesmacoisa: Feliz aniversário, eu me lembrei de você logo cedo, mas vou te ligar mais tardeporque imagino que você ainda esteja dormindo. Não que não fosse verdade, mas euachava totalmente injusto esse pré-julgamento das pessoas. A última mensagem, noentanto, era diferente. Respondi a cada uma delas agradecendo, e então o aparelhovibrou, anunciando a chegada de mais um torpedo."Está sol aí? Queria saber se você vai brilhar literalmente ou só no sentidofigurado. Feliz aniversário, amo você. J."Franzi o cenho, ainda sonolenta. Bocejei e fui até a janela checar o tempo.Estava nublado, como sempre. Estranhei que Jake tivesse até mesmo perguntado, nãoera comum ele não saber desse tipo de assunto. Coisa de lobo, ele dizia. Mas então euentendi. Quando olhei para o lado, um enorme buquê de orquídeas (que eu achava queeram muito mais bonitas que rosas) cobria completamente a silhueta de meunamorado. Eu conseguia apenas enxergar o topo de seu cabelo.- Bom dia. – Ele disse por trás das flores. – Feliz aniversário. Amo você.- Jacob! – Eu ri, revirando um pouco os olhos. Em alguns segundos já estavadestrancando a porta e tentando, sem sucesso, me jogar em seus braços.- Quando eu comprei as flores – ele tentou se ajeitar – não imaginei que elas meatrapalhariam a tentar chegar perto de você.- São lindas. – Eu tirei o buquê dos braços dele e apoiei cuidadosamente namesa. – Muito obrigada.- De nada. – Ele me beijou, envolvendo todo o meu corpo com seus braçosfortes. Só pensava que não queria sair dali nunca, mas então ele se afastou um pouco esussurrou ainda em meus lábios. – Feliz aniversário.Essa era uma mania do Jacob. Durante seis anos seguidos, todos os dias onze desetembro, ele dizia "feliz aniversário" quase o tempo todo. Minha família –principalmente a tia Rose – achava estranho, mas eu achava fofo.- Eu também amo você. – Mordi seu lábio, relutando em me afastar. Não eracomum termos tempo sozinhos. Mas então me lembrei que era muito, muito estranhoestarmos sozinhos assim. – Você por acaso sabe onde está minha família?Ele apenas levantou a sobrancelha. Entendi seu gesto, como costumavaacontecer sempre. Ele tirou do bolso de trás de sua bermuda o aparelho de celular eapertou um botão fazendo com que o visor se acendesse.- São uma e trinta e quatro da tarde, Ness. – Ele riu de leve. – Seus paisesperaram até mais ou menos meio dia, mas eles foram requisitados em uma missãoespecial.É claro que eu sabia que Alice estava planejando alguma coisa para o meuaniversário, isso era óbvio todos os anos. A coisa incrível é que, mesmo a festa nãosendo uma novidade, ela conseguia se superar a cada ano, fazendo com que realmentehouvesse uma grande surpresa.- Você está aqui fora desde que horas?- Hn... – Ele pareceu pensar. – Meia noite e cinco, acho.- Mas Jake. – Eu arregalei os olhos. – Você saiu daqui de casa meia noite ecinco!Era fato que eu tinha o melhor namorado do mundo. Ele tinha ficado assistindouma maratona de filmes de terror comigo – uma das minhas atividades preferidas – atéexatamente meia noite, quando me deu parabéns e disse que tinha que ir embora.- Eu dei uma saída entre sete e oito. – Ele acenou com a cabeça para as flores. –Queria que fossem frescas. Mas fiquei aqui fora com medo de, por algum motivo, vocêacordar e eu não estar. Isso simplesmente não podia acontecer. Eu tinha tudo muitobem planejado, sabe? Não fiquei desconfortável nem nada, sua mãe até ofereceu oquarto de hóspedes, mas eu preferi ficar aqui, transformado, ouvindo sua respiraçãoaté saber que você estava acordada.- Você é inacreditável. – Eu o beijei de novo. – E eu posso saber qualexatamente foi o seu planejamento?- Eu pensei em fazer café-da-manhã pra você, mas aí lembrei que não seicozinhar. Então nós vamos caçar.- Ótimo! – Eu pulei de alegria. – Então já podemos ir.- Hn. – Ele fez uma careta. – Acho que você não vai querer estragar essa roupalutando com pumas, Ness.Só então eu olhei para baixo e percebi que ainda estava vestindo o pijama deseda que vovó Esme tinha me dado na última vez que fomos ao shopping. Tenhocerteza que corei, porque vi o olhar familiar no rosto do Jake, mas corri para o quarto afim de trocar de roupa. Rapidamente vesti alguma das roupas de caça e voltei para asala, prendendo o cabelo.- Vou pegar o maior puma. – Eu o encarei com um olhar desafiador e, em algunssegundos, já estávamos correndo floresta adentro.Caçar com Jake era algo natural para mim. A atividade se tornara um de meushábitos desde criança. Mas nunca perdeu a magia. Cada caça era magnífica de um jeitodiferente. Com o tempo, passamos a sincronizar nossos movimentos, sabendoexatamente a hora de atacar em conjunto para pegar as melhores presas. Eu me sentialivre e, acima de tudo, muito feliz. Quando voltamos ao chalé (papai insistira em ter umtodas as vezes que nos mudamos), algumas horas já haviam se passado, já que além decaçar, nós também passamos um tempo apenas correndo por diversão, e eu estavacompletamente saciada depois de engolir o sangue de um cervo e um puma.- Acho muito bom você ainda ter muita energia. – Ele me abraçou. – Ou estareiem sérios problemas.- Energia é meu nome do meio. – Eu beijei seus lábios levemente. – Mas sódepois de um banho gelado. Pra nós dois. – Quase pude ouvir meu pai rosnando, eprecisei acrescentar, mesmo que tivesse certeza que Jake já soubesse. – Separados.Você sabe onde tem toalha, o banheiro de hóspedes está limpinho, e Alice deixouroupas para você no armário de lá essa semana.- Feliz aniversário. – Ele sorriu enquanto se afastava.Tomei um banho extremamente refrescante, e quando saí do banheiro e entreino meu quarto para me vestir, o sol já estava começando a se pôr. Apreciei o crepúsculopor alguns segundos, mas logo voltei minha concentração para o closet. Anos deconvivência com tia Alice não me deixavam vestir qualquer coisa. Peguei uma saiaplissada de cintura alta de tecido leve, branco e brilhante e uma blusa verde-água.Calcei meus saltos novos, prateados. Prendi um cordão cujo pingente era um loboentalhado por Jacob em volta do pescoço e encaixei meus brincos de sempre, discretos.Saí do quarto e ele já estava sentado em frente à porta, vestindo uma roupa maisformal, me esperando.- Gostou? – Eu girei o corpo levemente.- Linda. – Ele se aproximou de mim. – Como sempre. Feliz aniversário.Revirei os olhos e o beijei. Em determinado momento, depois de um tempo, abrios olhos levemente para apreciar a beleza de seu rosto, mas minha visão periféricacapturou algo diferente na sala.- O que é aquele envelope? – Eu me soltei de seus braços, movida pelacuriosidade, e fui até a mesa onde havia deixado as flores."Bom dia, princesa. Tivemos que sair, mas é claro que não nos esquecemos devocê. Não vamos ligar porque preferimos te dar parabéns pessoalmente. Jake vai teocupar durante o dia, mas à noite nós precisamos de você na casa grande. Ele já sabedisso também. Amamos muito você, não se esqueça. Beijos, mamãe e papai."- Sua mãe não avisou que eles tinham deixado um bilhete. Eu teria te falado.- Então eles não saíram sem dizer nada! – Eu comemorei. – Achei issoextremamente estranho.- Vamos, então? – Ele me deu um selinho e estendeu sua mão para que eu apegasse. Guiada por ele, fomos até a garagem. – Não vou deixar você correr usandoessa roupa. Quer dirigir?- É óbvio. – Eu sorri, pegando as chaves que já estavam na mão dele. Nós nosacomodamos no Porsche e logo estávamos estacionando na garagem da casa grande.A primeira coisa que me chamou atenção foi a total falta de decoração ou vida em todoo espaço. Com certeza não havia ninguém ali.Mas havia um bilhete colado na porta."Achou mesmo que eu iria fazer a festa no mesmo lugar de sempre logo hoje,no aniversário mais importante da sua vida? Por favor, diga que não, ou eu ficareimuito ofendida. De qualquer jeito, Jake vai ter que te vendar agora, não brigue comele, você sabe que ele não tinha como discutir comigo. Amo você, tia Alice."Virei para trás e Jake segurava um lenço de pura seda que combinava com aminha roupa. Aparentemente, Alice tinha tido uma ideia um pouco trapaceira do queeu vestiria. O surpreendente é que eu nem me lembrava de ter decidido o que vestiria,mas talvez meus devaneios noturnos tenham dado uma pista a ela.- Desculpe. – Ele beijou meu lábio levemente antes de amarrar a venda. Euestava completamente cega, apesar de minha visão maravilhosa. Franzi os lábios e sentique ele me levantava do chão. – Vamos chegar rápido, prometo.Ele tomou muito cuidado para que eu não ficasse desconfortável ou numaposição ruim, o que era difícil, pois eu estava de saia. Depois de mais ou menos vinteminutos de caminhada relativamente lenta, comecei a ouvir alguns sons. Logo emseguida, ele me pôs no chão com cuidado.- Pode tirar a venda agora, Jacob. – A voz de sino de Alice instruiu, erapidamente as mãos habilidosas de meu namorado estavam desatando o nó queprendia o pano à minha cabeça.Alice tinha, mais uma vez, conseguido se superar. Ela tinha, de alguma forma,construído uma casa. Sei disso porque conhecia muito bem toda a floresta, e aquelesalão de festas não existia ali antes. Móveis de madeira branca enfeitavam o lugar,cheios de porta-retratos com fotos de meu crescimento acelerado. As luzes refletiam emum pequeno lago com uma ponte e um chafariz. Mesas estavam cobertas por toalhas domelhor pano com tons de branco e verde parecidos com o da minha roupa. Bannerscom fotos minhas decoravam as paredes. Meu queixo caiu.- Feliz aniversário. – Minha família ecoou. Cada uma das vozes preenchendo oque formava o som perfeito. Braços começaram a me envolver, embalados pelaspalavras mais lindas, e só então eu percebi que estava chorando. Todos me conheciambem o suficiente para saber que as lágrimas eram resultado da mais pura alegria.- Muito, muito, muito obrigada! – Eu limpei meus olhos. – Vocês se superaramdessa vez.- Hoje a noite é sua, mas é um pouco nossa também. – A Alice se aproximou demim mais uma vez. – Amanhã você vai ter uma festa com todo o pessoal da escola. Seuavô Charlie vinha hoje, mas ele acabou ficando preso em Forks por causa de umaemergência no trabalho. Os Quileutes vêm para a festa de amanhã também.Pulei nos braços dela, sem palavras.- Hora dos presentes. – Tia Rose sorriu.Uma avalanche de embrulhos me atingiu. Vovó Esme e vovô Carlisle mepresentearam com uma tela enorme para pintura e um kit de tintas com as mais rarastonalidades. Rose e Emm compraram um violão para mim, sabendo da minha vontaderecente de aprender a tocar esse instrumento. Ele parecia feito sob medida para seencaixar aos meus braços, e só quando percebi o meu nome gravado no braço dele quepercebi que realmente era esse o caso. Alice e Jasper surgiram com um vale para passarum fim de semana num hotel fazenda que também era Spa. Jasper disse que euadoraria montar os cavalos, e Alice insistiu que a massagem de lá me faria bem. Eu ri.- Nosso presente não está completamente aqui. – Minha mãe me abraçou.- Porque é uma coisa que a gente sabe que você queria há um tempo. – Meu paicontinuou, se juntando a nós.- Duas coisas, na verdade. – Mamãe sorriu. – Uma delas nós conseguimostrazer.Papai tirou do bolso uma caixa de joias. Dentro, estava um cordão de ourobranco com pingente de diamante em forma de estrela. Eu me lembrava de ter dito aminha mãe que sonhei com um assim, mas nunca havia visto à venda em lugarnenhum. Envolvi os dois em um abraço.- A outra parte. – Papai sussurrou. – Está na garagem da sua tia Rosalie. Vocêganhou sua Ferrari, Renesmee.Pulei de alegria e comecei a abraçar histericamente todos no recinto. Quandocheguei nos braços de Jake, comecei a dar pulinhos de animação.- Você ouviu? – Eu comecei a tagarelar. – Vamos andar com a Ferrari, Jake! Elaalcança velocidades absurdas!- E eu tomei a liberdade de mexer em algumas coisas... – tia Rose sorriu. Eusabia que aquilo significava que eu teria ainda mais emoção em minhas corridas.- Cinto de segurança, Renesmee. – Minha mãe parecia implorar. – Não vamosnegar a você o prazer da velocidade, porque eu sei que você herdou isso do seu pai. Masvocê vai estar o mais segura possível.- É claro que vai. – Jacob encarou minha mãe, sorrindo. – Ela não vai corrersozinha. E nenhum de nós vai deixar que ela encoste o pé no acelerador antes decolocar o cinto. – Ele mexeu em uma mecha do meu cabelo. – Acho que é a minha vez.– Suspirou. – Não chega nem perto de tudo isso, mas espero que você goste.Ele se ajoelhou aos meus pés e eu não conseguia acreditar no que estavaacontecendo. Tirou do bolso uma caixa de joias, menor do que a que meu pai tinha meentregado, e abriu-a. Dentro, repousava o mais perfeito anel que eu já tinha visto. Erasimples, mas extremamente de bom gosto. Combinava, ao mesmo tempo, com o gostode Jake e com o meu. Arfei.- Não pense que vocês vão se casar agora. – Meu pai falou, calmamente.- É óbvio que pedi aos seus pais autorização para fazer isso. – Ele tirou o anel dacaixa. – E é óbvio que eles acharam que era loucura, a princípio. Mas quando euexpliquei, eles concordaram. – Ele beijou minha mão. – Eu quero ficar com você prasempre, Ness. Não importa como, quero estar ao seu lado. Então essa é a nossa aliançade noivado. Ficaremos noivos por alguns séculos, segundo os seus pais. – Nós doisreviramos os olhos ao mesmo tempo. – Mas para mim não importa. Renesmee CarlieCullen. – Ele pausou. – Você me daria a honra de ser minha para sempre?- Eu já sou. – Eu sussurrei, tentando conter as lágrimas. – Mas sim, é claro quesim.Ele encaixou o anel em meu dedo e se levantou, me beijando. Palmas soaram aonosso redor. Eu sabia que tudo estava mais do que perfeito.- Feliz aniversário. – Ele sussurrou no meio do nosso beijo.E eu não conseguia pensar em um aniversário mais feliz.

O aniversário de sete anos da NessieOnde histórias criam vida. Descubra agora