mas você vai acabar me partindo ao meio

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a noite se debruça sobre o vinho vermelho-sangue que mancha esse cálice fino, e as minhas unhas compridas batucam no vidro e tintilam até que eu possa jurar que as suas feições são puro desgosto. eu estou sempre sorrindo, mas a minha vontade é de quebrar a garrafa e enfiar os caquinhos na sua cabeça até você ter uma coroa de brilhantes na porra do seu cabelo sujo.

não me importaria de cruzar essa porta e sumir do mapa, me enfiar em um beco e bater a cabeça na parede até entender como alguém pode se destroçar na lembrança de pele com pele. há um corpo estirado na cama, a respiração vermelha e devaneios estúpidos do álcool o tornando mais desgraçado do que lembrava ser. aquele tipo de pessoa que não consegue desgrudar a boca das coisas, e se sente inútil o suficiente pra chorar a tarde inteira enquanto eu o observo com a mesma taça de vinho na mão e lhe ofereço uma vodca barata qualquer e cigarros que vão provavelmente o matar mais rápido.

é uma merda quando eu acabo sozinha com saltos prateados e lábios cor de veneno, ostentando um sorriso que delata que eu não dou a mínima em ensinar uma coisa ou duas para homenzinhos insuficientes que não fazem ideia da metade de sorte que tem por abusarem da minha boa vontade. preciso lidar com esse lustre de facas pendurado no meu pescoço que ameaça despencar e interromper os poucos momentos em que eu controlo alguma coisa na minha vida, agarrando a mandíbula afiada dos desesperados e mordendo a sua boca tão forte que vão desejar enganchar os braços em mim pra nunca mais soltar.

eu sempre vou embora, porque não tenho o direito de ficar. você tem gosto de açúcar cristalizado, suor e sal, e eu corto as suas bochechas só porque não quero ouvir essa voz chamando o meu nome quando tudo que eu posso fazer é arrastar a boca no seu queixo e dizer pra que fique quieto de uma vez, ou eu vou parar. não preciso dizer o quê.

e eu sou alucinada. por esse cheiro. por esse garoto. porra. por tudo sobre ele. consegue escutar o meu coração bater?

me arrependo por acreditar que te prensar num banheiro lotado do shopping e beber do seu fôlego até que você só tenha pulmões pra suspirar o meu nome, iria fazer com que você me amasse. não quero precisar deixar mais explícito que você PRECISA rasgar a minha saia enquanto ainda há tempo e eu não me despedacei e esfarelei nos seus braços. é indecente. e eu não vou fazer nada enquanto não dizer que me ama.

quando o sol nasce, as minhas unhas já pararam de tintilar. o cálice sumiu. agora já estou longe de casa. eu fui embora com a lua, sem roubar um beijo da boca do diabo, mas, estranhamente, a minha língua ainda tem gosto de taeyong.

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EU AINDA NÃO DESPEDACEI ♡ RED VELVET + NCTOnde histórias criam vida. Descubra agora