O Começo...

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Eu tentei começar um diário há alguns dias atrás, mas ele não passou de 01 único dia. Talvez porque eu tenha feito uma promessa nele, que eu não possa cumprir. Eu prometi não falar mais com ele. Eu prometi sumir. Prometi que iria me desintoxicar, como um adicto de uma droga qualquer. Prometi. E falhei no segundo dia. E hoje me despedi dele. E não sei, mas sinto que dessa vez eu não conseguirei voltar. Então eu voltei ao diário.

Quem é ele? Ah, meus amigos. Ele é o cara que bagunçou minha vida.

Em novembro de 2017, eu volto de uma viagem longa. Mais de 20 dias afastada da minha casa, do meu marido e do meu escritório de trabalho. Voltei feliz e puta da vida ao mesmo tempo! Feliz por estar de volta e matar saudade, mas puta da vida porque a viagem de trabalho foi um verdadeiro desastre. Uma merda mesmo. Por isso, quando cheguei no escritório, eu estava irritada. Largada, descabelada e sem vontade de estar ali. Mas foi nesse dia mundo virou de cabeça para baixo. Lá estava ele. O cara novo. Lindo. Fiquei enfeitiçada por exatos 30 segundos naquele momento. Sim, não foi amor à primeira vista. Nem à segunda. Foi amor à terceira conversa. E quarta. E quando dei por mim, estava sorrindo pelos cantos. Sorrindo para o espelho. Sorrindo para o céu.

Por fim, este garoto explodiu meu mundo. Explodiu meu mundo em cores entre verde, azul e cinza, numa imensa tempestade. Em cheiros. Em sons. O sentimento que se construiu dentro de mim me deixava tão boba, que ralei meu carro. Com 05 amigos dentro. E eu dirijo bem demais, meus amigos. Mas errei o pé da embreagem. Boba. Tão boba que ia dormir todas as noites, contando as horas pra manhã seguinte, para vê-lo. Tanto amor que transbordou. E meu ex-marido notou. E eu me divorciei.

Tudo isso já tem mais de dois anos. E ele permanece casado. Ah, não contei que ele também era casado? Sim, ele ERA e ele É casado. Paula. Sinto um misto de sentimentos quando falo o nome dela. Raiva, pena, mágoa, compaixão. Tudo junto.

Eu não quero escrever toda essa história. Tudo o que aconteceu, afinal isso é um diário. E hoje eu estou aqui porque eu disse adeus a ele. Vou explicar o porque para vocês e a mim mesma.

No último sábado, Paula, sim, ela, resolveu escrever para mim. É a segunda vez na realidade. Veio em meu instagram e escreveu várias coisas. Horríveis. Não consigo distinguir exatamente qual parte de tudo aquilo é verdade, e qual parte são apenas palavras de uma mulher magoada, ferida e despeitada. O que sei, é que no meio de toda aquela balbúrdia, haviam palavras que era reais. Reais, pois faziam parte de diálogos meus e dele. Reais, porque eu sabia que ela tinha razão. Reais, por ferirem exatamente onde deveriam ferir.

Sabem o que eu fiz? Agradeci. Agradeci a Meu Pai Oxalá, e todos os orixás, e toda a espiritualidade. Eu vinha há tempos pedindo tanto por um sinal. Por uma orientação. Por um caminho. E ela explodiu daquele jeito. Eu orei por aquilo.

Em meio a todo aquele veneno destilado, eu vi que eu não sou nada para ele. E precisava partir daquela história. Ele vinha me dizendo que me amava, e que só não estava separado dela no papel, mas não estavam mais juntos. Ali, em meio às palavras dela, eu vi que não era bem assim. Ainda estão juntos. Com problemas, mas juntos. E eu era a intrusa. Vocês sabem como machuca tentar caber num espaço que não lhe cabe? Imaginem usar um sapato um número menor por horas. É essa a dor.

Pela primeira vez eu escrevi para ela. Eu lhe disse que ela tinha razão. E dei adeus a ele. E prometi não falar mais.

Eu cumpri? Óbvio que de início não. Hoje ele falou comigo. Disse que eu estava fazendo papel de vítima e injustiçada. Quando nos falamos por telefone, eu disse que estava indo embora porque ele está com ela e ele sempre esteve, e nunca a irá deixar. Sabem o que ele me disse? Nada. Em retorno, eu recebi um silêncio. Um silêncio cheio de raiva. Eu podia sentir a raiva só por sua respiração do outro lado.

Eu vou ser sincera com vocês. Eu não sei o que estou sentindo agora. Em momentos, parece que estou oca e não sinto nada. Em outros, me sinto como se estivesse quebrando. Eu fico repensando o que eu posso ter feito de errado... Sinto-me perdida também. E sozinha. E com muito medo de nunca mais vê-lo. Ou ouvi-lo. Ou senti-lo. Porque eu sei que isso é o certo. Erramos por mais de dois anos. Não é certo ficar perto dele, ele estando com ela. Não importa se ela é boa ou ruim. Não faz diferença. É errado.

Minhas orações de sábado para cá mudaram. Eu peço coragem para não ir até ele, e não responder quando ele vier. Essa noite essa oração será assim novamente. Peço também coragem para realizar meus planos e esquecer dele. E eu tenho tantos planos!

A vida sempre me bateu forte. Muito forte. E em meio a tanta dor, eu enxerguei algo que me desse coragem e esperança em continuar sendo feliz da melhor forma que pudesse. E é esse meu foco novamente. Eu não terei ao meu lado o homem da minha vida. Ele é fraco demais para isso. Mas eu terei uma vida feliz mesmo assim.

Que eu tenha força para amanhã, quando eu voltar aqui, eu poder dizer a vocês que eu consegui. Que eu não voltei para ele. E que estou um dia mais perto de esquecê-lo. 

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