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Narrator's point of view:

Scarlett puxava seus grandes fios amarelados de forma frenética para cima de sua cabeça, tentando sem sucesso, os prender em um coque, por conta do calor escaldante.

O carro conversível de cor duvidosa, transitava entre a fronteira da cidade Escócia e País de Gales, indo em direção ao norte.

Milles estava a mais de três dias dirigindo, algumas vezes parando em locais baratos na beira da estrada para ter uma parcela de seu sono em dia, mas logo pela manhã, seguia à procura de alguma cidade que aceitasse suas pinturas revolucionárias e modernistas como a própria as descrevia.

Depois de ter assinado um contrato de três páginas sobre seu exílio da Grécia, foi obrigada a ir embora. Gostava da Grécia, de sua arte e principalmente da bebida forte com manteiga, a famosa Rum Toddy.

Passou pelo Canadá, Brasil, Alemanha e China, mas todas elas recusaram estadia por conta da fonte destacada em preto com espaçamento entre as linhas, calculado em 1,5 no seu contrato: “Banida por motivos inapropriados no nosso sistema, incluindo nudez pública e desrespeito ao dono de nossa cidade”.

Pangeia era um pedaço de terra enorme, sem tamanho específico, quase infinita, e nela estavam divididas duzentas cidades, Scarlett já havia passado em mais de vinte, porém, com a recusa constante que estava recebendo, não estava mais em condições de exigir.

O ponteiro que indicava a quantidade de diesel estava vermelho, sinal que o combustível estava acabando. Olhou impaciente para os lados procurando alguma fronteira que não conhecesse para pedir ajuda. Acelerando o carro na velocidade mínima de dez, seguiu pela estrada de terra, olhando repetidamente os portões que delimitavam as cidades.

Corpos que pareciam borrões por conta de seus olhos míopes, ganharam forma, uniformes amarelos e coturnos escuros adentraram seu campo de visão, Scarlett abriu seu melhor sorriso, afinal, soldados campistas de uniforme claro, significavam cidade nova.

Apertou o freio, mesmo que o automóvel estivesse quase sem movimento, o parou. Tirou a chave da ignição, saiu do carro e encostou no capô do automóvel, como em algum filme de ação que tinha visto.

— Olá, garotos — puxou seus óculos para baixo, os parando no meio do nariz, deu uma boa olhada nos rapazes a sua frente, calculou mentalmente serem mais de quarenta.

— Qual é o seu nome senhora? — Scarlett virou o rosto em direção a voz grave, fez uma leitura pelo corpo do homem, abriu um sorriso malicioso e tornou a fechar seus olhos minimamente para enxergar seu nome que estava costurado em sua farda.

— É seu dia de sorte, soldado Ryan! Estou mostrando minhas artes pelo mundo, sabia que elas foram elogiadas por Da Vinci? Vamos lá, me ajude a pega-las no carro e mostrar a seu dono, chegou a vez dá… — Olhou para o letreiro em cima do portão, buscando o nome da cidade — Da cidade brilhante conhecer a verdadeira arte!

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