Ondas e quedas

Uma alma sentia, frio.

Sentia, dor e medo.

Ouvia, ruídos de vozes e gritos de desaprovação.

Via coisas dando errado, e trazia a existência catastrofes dentro de seu subconsciente.
Todos os dias lutava, e rangia de agonia contra toda a maré de desespero e incertezas que iriam uma hora ou outra afoga-la.
Nao havia decisão, caminho, ou qualquer solução, na verdade não havia nada coeso em seu existir. Nao tinha como fugir, e sua história breve teria um fim.
Em seu olhar os rostos ja não tinham mais brilho, e as alegrias humanas ja não podiam mais habitar essa alma.
De tudo que havia de bom no mundo, nada podia mais fazer uma faísca de qualquer sentimento bom surgir dentro dessa alma.
Mas firme ela continuava, pronta para desabar todos os dias, não sabia mais como fazer para continuar lutando, o sentido de qualquer coisa, até mesmo do nascer do sol sequer existia mais, e não lhe servia para nada!

Ela achou a solução ideal por acaso.

A dor, o medo, o frio e as vozes eram tantos que por segundos a alma enlouqueceu, e conseguiu por muito breve momento aquietar toda a bagunça, e libertar-se de todo o medo para então ferir-se, com a ponta de algo frio e firme.
Ela sentia que toda a escuridão interior fugia, e que o externo e desconhecido à puxava para algo lindo e leve; sombrio porém atrativo aos ouvidos e agradável aos sentidos.
Lembrou-se então da esperança que seus conhecidos diziam que chegaria, e do consolo, que, com tanta força afirmavam que funcionaria. Lembrou-se também de todo amor que ela esperou e se cansou; percebeu então que estava melhor agora, longe da existência, longe da dor, longe de qualquer coisa!
Agora ela não choraria nunca mais, pois ela desistiu da luta e da agonia e seguiria agora para um desconhecido que talvez nem fosse capaz de encontrar. Ela estava agora além do que se pode explicar, além do que se pode sentir, ver ou ouvir, agora ela encontrara seu fim, cairá em direção ao infinito da paz que há no vazio da escuridão.